Evangelho (Jo 15, 26 - 16, 4a)
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos:
«Quando vier o Paráclito, que Eu vos enviarei de junto do Pai, o Espírito da verdade, que procede do Pai, Ele dará testemunho de Mim. E vós também dareis testemunho, porque estais comigo desde o princípio. Disse-vos estas palavras para não sucumbirdes. Hão de expulsar-vos das sinagogas; e mais ainda, aproxima-se a hora em que todo aquele que vos matar julgará que presta culto a Deus. Procederão assim por não terem conhecido o Pai, nem Me terem conhecido a Mim. Mas Eu disse-vos isto, para que, ao chegar a hora, vos lembreis de que vo-lo tinha dito».
Comentário
No Evangelho que a Igreja nos propõe considerar hoje, o Senhor fala aos seus discípulos com realismo das dificuldades que terão de enfrentar pelo facto de serem suas testemunhas e de anunciarem a sua palavra.
Como escreveu S. Josemaria, «o ensinamento cristão sobre a dor não é um programa de consolos fáceis. É, em primeiro lugar, uma doutrina de aceitação desse padecimento, que é de facto inseparável de qualquer vida humana»[1].
No mundo em que nos tocou viver – que não difere muito do que conheceram os primeiros discípulos do Senhor – às vezes pode ser complicado levar uma vida coerente com a nossa identidade de filhos de Deus que procuram pôr Cristo no cume de todas as atividades humanas.
Nalgumas ocasiões, podemos inclusivamente sentir temor perante as consequências das nossas decisões para viver a nossa fé: «os medos são uma força incontrolada no nosso interior. (…) Geram tensão e angústia, tiram-nos muita liberdade, fecham-nos na timidez e no retraimento ou, pelo contrário, fazem-nos situar na defensiva e reagir com agressividade»[2].
Mas o Senhor, diante do medo que nos segura, oferece-nos algo que o supera de longe: o Consolador, o Espírito Santo, aquele que dá testemunho de Deus em todos os momentos, porque Ele mesmo é Deus.
Recorramos frequentemente ao Espírito Santo para nos ajudar a superar esses medos e a enfrentar cada dia com a esperança dos filhos de Deus.
[1] S. Josemaria, Cristo que passa, n. 186.
[2] Jutta Burgraff, A liberdade vivida com a força da fé, cap. VII, 3.2