Evangelho (Jo 1, 47-51)
Naquele tempo, Jesus viu Natanael, que vinha ao seu encontro, e disse:
«Eis um verdadeiro israelita, em quem não há fingimento».
Perguntou-lhe Natanael:
«De onde me conheces?».
Jesus respondeu-lhe:
«Antes que Filipe te chamasse, Eu vi-te quando estavas debaixo da figueira».
Disse-lhe Natanael:
«Mestre, Tu és o Filho de Deus, Tu és o Rei de Israel!».
Jesus respondeu:
«Porque te disse: ‘Eu vi-te debaixo da figueira’, acreditas. Verás coisas maiores do que estas».
E acrescentou:
«Em verdade, em verdade vos digo: vereis o Céu aberto e os Anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do homem».
Comentário
Na passagem do Evangelho que a Igreja propõe para a festa dos Arcanjos Rafael, Miguel e Gabriel lemos o encontro de Jesus com Natanael, que S. João coloca no início do seu Evangelho.
São os primeiros momentos da missão de Jesus, que pouco a pouco se torna conhecida, e Ele aproveita a pergunta de Natanael – que se surpreende de que Jesus o conheça – para lhe dizer: «Em verdade, em verdade vos digo: vereis o Céu aberto e os Anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do homem».
Jesus continua a mostrar que Ele é o Messias e descreve a missão dos anjos, que fazem parte da história da salvação para levar a cabo missões concretas dadas por Deus.
Desde o início da fundação da Obra em 1928, dia dos Anjos da Guarda, S. Josemaria sentiu que precisava de muita ajuda do céu para realizar a missão que Deus lhe tinha confiado: transmitir a mensagem de que é possível ser santo através do trabalho e da vida quotidiana. Parte desta ajuda veio dos Arcanjos Miguel, Gabriel e Rafael. Aconteceu de forma providencial: em outubro de 1932, quando fazia um retiro em Segóvia, perto do túmulo de S. João da Cruz. Foi lá, orando, que Deus lhe fez ver que tinha de colocar a sua tarefa apostólica sob a proteção dos três Arcanjos.
O Senhor vinha ao encontro de S. Josemaria e mostrava-lhe o caminho. Que deve ter sentido naquele momento de encontro intensíssimo com a vontade de Deus?
Deve ter sentido uma forte emoção ao ouvir as palavras do Senhor: «Eis um verdadeiro israelita, em quem não há fingimento».
Por um lado, Natanael deve ter ficado surpreendido. Por outro lado, este encontro fala-nos do tipo de pessoas que Jesus quer ter perto de Si. Pessoas conscientes dos seus pecados, mas sinceras. Isto foi o que Jesus disse noutra ocasião: «Que o teu sim seja sim, e o teu não, não. O que vai além disto vem do Maligno» (Mt 5, 37).
Natanel fica tão surpreendido que pergunta: «De onde me conheces?».
E Jesus diz-lhe: «Antes que Filipe te chamasse, Eu vi-te quando estavas debaixo da figueira».
Podemos pensar que debaixo da figueira, Natanael, um verdadeiro israelita, deve ter estado a pensar no seu projeto futuro, o que fazer com a sua vida, o que Deus queria dele, etc. Talvez estivesse a meditar pedindo a luz do Espírito Santo e as inspirações do seu Anjo da Guarda, que o ajudaria a mergulhar mais profundamente nestes pensamentos para responder generosamente a Deus.
O que nos leva a pensar nisso é a resposta de Natanael a Jesus: «Mestre, Tu és o Filho de Deus, Tu és o Rei de Israel!».
E Jesus diz-lhe: «Verás coisas maiores do que estas».
Isto é o que acontece às pessoas que sabem depositar a sua confiança no Senhor: elas veem coisas maiores. Porque Deus nunca se deixa vencer em generosidade. Uma das coisas que veem frequentemente é a paz que têm na sua vida.
Contamos com a ajuda dos Arcanjos, cuja festa celebramos hoje, e com a ajuda dos Anjos da Guarda, que sabem muito sobre a tarefa de acender corações frios e de ajudar a tomar decisões generosas perante Deus e os outros.