Obrigado, Júlia!

Apresentamos uma breve nota biográfica de Júlia Garcia Simon, uma forma de agradecimento a Deus pela vida de uma das primeiras pessoas que começou o Opus Dei em Portugal, com quem tanto aprendemos.

Júlia Garcia Simon nasceu em Ampudia del Campo, Palencia (Espanha) a 26 de novembro de 1921. Filha de pai farmacêutico, licenciou-se e iniciou o doutoramento em Farmácia na Universidade de Madrid o que na época era bastante invulgar para uma mulher. 

Enquanto estudante universitária fez um retiro da Ação Católica orientado por S. Josemaria e depois, através da amizade com Guadalupe Ortiz de Landázuri (química, beatificada em 2019), pediu a admissão no Opus Dei como numerária no dia 15 de outubro de 1947, dia de Santa Teresa de Ávila, a quem tinha muita devoção. Em dezembro de 1951 foi uma das três primeiras mulheres do Opus Dei que vieram para Portugal a pedido de S. Josemaria. Aos trinta anos, era mais velha em idade e na Obra do que a Ester Teijeira e a Maria Sofia Pacheco.

Em dezembro de 1951 Júlia foi uma das três primeiras mulheres do Opus Dei que vieram para Portugal a pedido de S. Josemaria

Apesar de poder continuar o doutoramento em Lisboa, a Júlia dispôs-se a trabalhar no que era mais necessário para sustentar as atividades apostólicas que se iriam desenvolver: meter mãos à obra para proporcionar um ambiente de família aos primeiros centros, residências, casas de retiro, isto é, com a ajuda de outras pessoas cozinhar, limpar, decorar, e prestar um sem número de pequenos serviços em tudo semelhante ao papel de uma mãe de família. 

Contribuiu pessoal e diretamente para que em Portugal se vivesse desde o princípio o “ambiente de família” que caracteriza o Opus Dei. Era alegre, generosa e forte perante as dificuldades que supõe a tarefa de atender a família com poucos meios e pouca experiência… Começou quase todas as casas onde se realizavam atividades de formação, algumas delas em locais onde não havia centros, como Montemor-o-Novo (Casa da Vila) ou Cascais (Casa do Mar). 

No trabalho de cozinhar, preparar os quartos e a sala de jantar, colocar umas flores, as raparigas ou senhoras que colaboravam com a Júlia, aprendiam a trabalhar pensando nas pessoas, dando importância às tarefas que podiam passar mais ocultas, como limpar o pó por baixo das camas e das mesas, cuidar a apresentação das travessas que preparavam para as refeições, tirar uma nódoa de um fato, etc. 

Nas horas de trabalho o ambiente era exigente, mas alegre

Nas horas de trabalho o ambiente era exigente, mas alegre, e esse pequeno “ambiente de família” que a Júlia irradiava à sua volta, estendia-se aos residentes e destes por sua vez às pessoas que começavam a vincular-se ao Opus Dei. Assim, esse trabalho aparentemente humilde, feito com muito sentido profissional e amor a Deus era já em si um apostolado, mais concretamente em palavras de S. Josemaria o “apostolado dos apostolados”.

A Júlia era extremamente disponível e estava onde fosse preciso: viveu em várias cidades e em vários centros. Quando ficou com mais idade e já não podia ter um trabalho tão intenso, acompanhava doentes, fazia voluntariado e na década dos seus 80 anos ofereceu-se para atender a portaria do Clube Rampa no Porto, pois assim ia convivendo com as jovens associadas, mães e avós, algumas das quais eram suas amigas desde novas.

Júlia era extremamente disponível e estava onde fosse preciso: viveu em várias cidades e em vários centros

Passou os seus últimos anos acamada, e faleceu a umas semanas de completar os 100 anos, no dia 5 de novembro de 2021 em Lisboa.