Evangelho (Mt 11, 25-30)

Naquele tempo, Jesus exclamou:

«Eu Te bendigo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas verdades aos sábios e inteligentes e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, Eu Te bendigo, porque assim foi do teu agrado. Tudo Me foi dado por meu Pai. Ninguém conhece o Filho senão o Pai e ninguém conhece o Pai senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar. Vinde a Mim, todos os que andais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de Mim, que sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e a minha carga é leve».

Comentário

A passagem do Evangelho escolhida pela Igreja para a memória litúrgica de Sta. Catarina de Sena é uma das poucas conversas em voz alta entre Jesus e o seu pai Deus relatadas nos Evangelhos.

O Senhor alegra-se pela maneira divina de se revelar aos homens, sobretudo pelos destinatários dessa revelação. As coisas de Deus não são para os que se julgam sábios e prudentes, mas para os mais pequenos. E ser pequeno não tem que ver tanto com a idade, mas com o coração. É por isso que se pode aprender a ser pequeno, e Jesus oferece uma pista para chegar a essa condição: «aprendei de Mim, que sou manso e humilde de coração» A humildade do coração de Cristo é a chave que abre o tesouro da revelação. A sua mansidão é a verdadeira sabedoria.

Sta. Catarina, como muitos santos, tinha entendido isto. Ela, uma mulher quase analfabeta que aprendeu a ler sozinha, chegou a ser conselheira de príncipes e papas e é hoje Doutora da Igreja. A sua vida profundamente mística foi compatível com um empenho concreto nas vicissitudes da sua época, inclusivamente na política.

Da mesma forma, nós, somente escutando a voz de Deus e deixando-nos transformar pelo Espírito Santo, podemos ter impacto na sociedade.

«Se tens desejos de ser grande – recomendou S. Josemaria –, faz-te pequeno. Para ser pequeno, é preciso crer como creem as crianças, amar como amam as crianças, abandonar-se como se abandonam as crianças..., rezar como rezam as crianças»^[1].

Se o Senhor se alegrou pela revelação do seu Pai aos mais pequenos, alegrar-se-á ainda mais se houver muitos que se fazem pequenos, que creem, rezam e se abandonam como filhos pequenos diante do seu Pai Deus.

[1] S. Josemaria, Prólogo de Santo Rosário.