Evangelho da segunda-feira: a revolução da ternura

Comentário ao Evangelho de segunda-feira da V semana do Tempo Comum. «Quando saíram do barco, as pessoas reconheceram logo Jesus». A chegada de Jesus a Genesaré significou uma verdadeira revolução, não apenas pelas curas, mas também pelo seu carinho e pelo seu olhar dirigido a cada um.

Evangelho (Mc 6, 53-56)

Naquele tempo, Jesus e os seus discípulos fizeram a travessia do lago e vieram para terra em Genesaré, onde aportaram. Quando saíram do barco, as pessoas reconheceram logo Jesus; então percorreram toda aquela região e começaram a trazer os doentes nos catres, para onde ouviam dizer que Ele estava. Nas aldeias, cidades ou casais onde Jesus entrasse, colocavam os enfermos nas praças públicas e pediam que os deixasse tocar-Lhe ao menos na orla do manto. E todos os que O tocavam ficavam curados.


Comentário

A chegada de uma personagem importante geralmente produz uma pequena revolução nos lugares que visita, especialmente se esses lugares não estão acostumados a viver grandes acontecimentos. Essas pequenas povoações costumam viver na normalidade da rotina, na cadência repetitiva de uma vida marcada pela rotina diária de fazer sempre a mesma coisa, de ver continuamente as mesmas pessoas.

Por essa razão, a chegada de Jesus a Genesaré foi precisamente isso: uma revolução. Desde que foi reconhecido, a notícia espalhou-se de boca em boca com a velocidade de quem não quer perder a grande oportunidade da sua vida. Assim, as praças das aldeias e cidades ficaram cheias de doentes. O som das macas a bater no chão tornou-se o som por excelência daquela parte da Galileia.

O Papa Francisco gosta de falar da revolução da ternura que a Encarnação do Filho de Deus trouxe[1]. É fácil imaginar que seria precisamente isso, a ternura, o que se refletiria no olhar de Jesus ao curar cada doente, enquanto, como fez em outras circunstâncias semelhantes, produzia neles a verdadeira revolução: a de perdoar os seus pecados (cf. Mc 2, 5).

Mas essa revolução requer um passo prévio: quando saíram do barco, reconheceram-n'O imediatamente. Apenas os que são capazes de O reconhecer podem ser curados por Cristo. Talvez, como os santos souberam fazer, possamos começar por reconhecer Jesus na carne dos nossos irmãos doentes, sabendo olhar com ternura todas as feridas da sua alma e do seu corpo.


[1] cf. Francisco, Evangelii Gaudium, n. 88

Luis Miguel Bravo Álvarez // Photo: Caleb Jones - Unsplash