Viciada no Instagram: cá estou a “começar e recomeçar”

Jacinta, da Nigéria, descreve a sua luta para superar o vício do Instagram, e como a mensagem de S. Josemaria a ajudou.

Todos conhecemos a sensação de chegar tarde a uma aula, especialmente quando o atraso poderia ter sido evitado. Bem, lá estava eu novamente, a correr para a minha secção porque estava atrasada, pela enésima vez.

Sou estudante de hotelaria e, como parte da minha formação, faço estágio no departamento de produção de alimentos. A diretora do departamento estava intrigada com os meus repetidos atrasos e chamou-me para conversar e tentar descobrir por que chegava atrasada tantas vezes. Respondi vagamente dizendo: “Estava a usar o telemóvel”.

Há muito tempo que estava a lutar contra a dependência do Instagram e isso tinha afetado muitas áreas da minha vida. Sempre senti necessidade de estar atualizada e, para isso, passava horas online navegando até ao fim do feed do Instagram, o que prejudicava o meu trabalho, os estudos, o meu sono e até mesmo as minhas relações, especialmente a minha relação com Deus. Não podia realmente concentrar-me nas coisas que eram importantes, sentia constantemente que estava a perder algo e estava pronta para mergulhar novamente no telemóvel logo que fosse possível.

Vi o prejuízo que isso me estava a causar, mas, como acontece com todos os vícios, parecia impossível sair dele. Tinha apagado a aplicação do Instagram nove vezes, porém, como podem calcular, não poderia tê-lo feito nove vezes se não o tivesse reinstalado de todas essas vezes. Cada vez que o reinstalava dizia a mim mesma que seria disciplinada, mas esta disciplina durava menos de 48 horas e voltava mais uma vez ao vício.

Durante a minha conversa com a chefe do departamento, fiquei tão envergonhada que não consegui dizer-lhe o que estava a fazer com o telemóvel, qual era a razão de meu atraso. No entanto, ela corrigiu-me de maneira tão simpática, que resolvi melhorar e fazer delete à aplicação para sempre. Essa resolução não durou muito, até comecei a falar com um padre sobre a luta que estava a enfrentar e instalei um bloqueador de aplicações que me permitia deixar de ter várias aplicações no meu telefone. Comecei com muito entusiasmo, com a intenção de bloquear o Instagram e reduzir o tempo que passava nele, mas isso também não durou muito.

«Dizes-me, contrito: "Quanta miséria vejo em mim! Encontro-me, tal é a minha torpeza e tal o conjunto das minhas concupiscências, como se nunca tivesse feito nada para me aproximar de Deus. Começar, começar: oh, Senhor, sempre nos começos! Procurarei, no entanto, avançar com toda a minha alma em cada jornada”».

Esta citação de um livro de S. Josemaria, intitulado Forja, descreve exatamente como me sentia num certo dia, depois de passar longas horas no Instagram. Porém, comecei a lutar novamente, e desta vez tentei uma coisa diferente: dei o meu telefone a uma amiga, que o guardou até ao dia seguinte. Embora tenha sentido falta do aparelho, isso permitiu-me ter uma certa qualidade de sono e recolher-me para a Missa do dia seguinte. Isto ajudou-me muito, mas passado algum tempo, comecei a arranjar desculpas e deixei de dar o telemóvel à minha amiga. Noutro dos seus livros, Caminho, S. Josemaria escreveu sobre um amigo que lhe contou desolado sobre a sua incapacidade de se vencer. O Pe. Escrivá respondeu: «E respondo-te: mas já tentaste, porventura, empregar os meios adequados?» Isso tocou-me, e eu sabia honestamente que o meio adequado, nessa altura da minha vida, era ficar completamente longe do Instagram por tanto tempo quanto fosse preciso.

Então, pela décima vez, apaguei o Instagram do meu telemóvel. Nos primeiros dias senti que algo me estava a faltar, mas mantive a luta e resisti e após certo tempo comecei a sentir muita paz. Agora tenho tempo para fazer muitas outras coisas e consigo rezar melhor, com muito mais calma. Isto não quer dizer que não fosse tentada a reinstalar a aplicação, mas como S. Josemaria disse: «aqui estou a começar e a recomeçar novamente!».

Jacinta Okeke