"Os homens e as mulheres mais felizes do mundo são os cristãos leais"

"O Senhor — porque foi Ele quem vos escolheu — imprimirá em vós um novo selo, o caráter diaconal, com a missão de servir a Igreja e todas as almas", disse o Prelado do Opus Dei aos 27 novos diáconos. Homilia da ordenação diaconal.

D. Javier Echevarría, Prelado do Opus Dei.

HOMILIA NA ORDENAÇÃO DIACONAL DE FIÉIS DA PRELATURA

D. Javier Echevarría, Prelado do Opus Dei

Roma, Basílica de Santo Eugénio, 31-X-2015

Meus queridíssimos filhos que ides receber o diaconado.

Queridos irmãos e irmãs

1. Com sincera e profunda alegria, vamos celebrar uma "festa da Igreja" como é a ordenação diaconal de vinte e sete fiéis da Prelatura do Opus Dei. O facto de coincidir com a solenidade de Todos os Santos, que nos enche de júbilo, ajuda-nos a considerar que todos estamos chamados à santidade. A liturgia convida-nos a olhar, a pensar no Paraíso, a nossa morada definitiva, onde poderemos unir-nos à multidão dos santos, para cantar e gozar da contemplação da Santíssima Trindade. Nossa Senhora, nossa Mãe, que não se afasta do seu glorioso Filho, ocupa-se a ajudar-nos na nossa luta quotidiana por servir melhor a Deus.

Depois está essa imensa multidão que São João menciona com palavras comovedoras: uma grande multidão que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas, de pé diante do trono e diante do Cordeiro, vestidos com vestes brancas, e com palmas nas suas mãos, que clamavam em alta voz: «A salvação pertence ao nosso Deus, que está sentado sobre o trono, e ao Cordeiro! (Ap 7, 9-10).

Consideremos, além disso, que muitas pessoas que conhecemos, que já deixaram este mundo na graça de Deus, nos ajudam a agradecer ao Senhor a magnífica chamada a gozar d’Ele para sempre. São aqueles que lavaram as suas túnicas e as branquearam no sangue do Cordeiro (Ap 7, 14). Por essa razão levam nas mãos ramos de palma, símbolo da vitória. Vivamos com a esperança de que o Senhor nos espera e nos ama com a sua providência infinita enquanto aqui em baixo caminhamos, para nos unirmos ao seu Amor por toda a eternidade.

O próprio Senhor, no Evangelho da Missa de hoje, mostra-nos o percurso do cristão com as suas exigências: as bem-aventuranças, tesouros que cada um deve levar à prática de acordo com a chamada recebida d’Ele. Representam um programa muito atrativo que se refere a todos os batizados, precisamente por serem cristãos.

Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o reino dos céus. Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados (...). Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia. Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus (Mt 5, 3-8). Não pensemos que se requer um esforço excessivo ou um triste caminhar. Ainda que seja verdade que o empenho pela santidade supera as nossas capacidades naturais, também é verdade que a graça divina nos dá a possibilidade, a força para seguir em frente. Basta recorrer às fontes da vida sobrenatural: a participação na Santa Missa com o alimento da Eucaristia, a Confissão sacramental, a oração.

Sem qualquer dúvida, os homens e as mulheres mais felizes do mundo, que desejam alcançar a alegria de estar sempre com Deus, foram e continuam a ser os cristãos leais a Jesus Cristo.

2. Desejo dirigir-me agora aos novos diáconos. Como os Apóstolos elegeram sete homens para os tornar colaboradores do seu ministério[1], também agora, mediante a imposição das mãos do Bispo e a invocação do Paráclito, o Senhor — porque foi Ele que vos elegeu — imprimirá em vós um novo selo, o caráter diaconal, com a missão de servir a Igreja e todas as almas, à semelhança do próprio Cristo, que, sendo Senhor de todos, se fez voluntariamente servidor de todos (cfr. Jo 13, 13-17). Vós, que dentro em pouco sereis ordenados diáconos, e que depois vos convertereis em sacerdotes, sois consagrados para servir. Não para mandar, não para brilhar — escreveu São Josemaría —mas para entregar-se, num silêncio incessante e divino, ao serviço de todas as almas[2].

O sacramento da Ordem confia àqueles que o recebem, de diversos modos, a responsabilidade de serem «os guardiões e testemunhas autorizados do depósito da verdade entregue à Igreja, como são também os ministros da caridade; estes dois aspetos vão juntos. Devem sempre ter consciência de que estes dois serviços são inseparáveis, pois na realidade é um só: verdade e caridade, reveladas e dadas pelo Senhor Jesus. Nesse sentido, o seu serviço é, antes de mais nada, um serviço de amor; a caridade que devem viver e promover é inseparável da verdade que guardam e transmitem. A verdade e o amor são duas facetas do mesmo dom, que vem de Deus e, graças ao ministério apostólico, é guardado na Igreja e chega-nos até hoje»[3]. Pensai na grandeza das palavras de Cristo, que tanto agradavam a São Josemaría: Euge serve bone et fidelis (Mt 25, 23); muito bem, servo bom e fiel. Aí se revela a complacência com que o próprio Deus nos olha, todos os dias, momento após momento.

Já perto do início do Ano da misericórdia, gostaria de vos recordar este aspeto, a vós e a todos os presentes. «A Misericórdia é o segundo nome do Amor»[4], quer dizer, o modo como se manifestou visivelmente, em Jesus Cristo, o rosto misericordioso de Deus Pai; porque não há prova de maior amor do que dar a vida pelos irmãos. E isto foi o que fez Nosso Senhor no lenho da Cruz, e nós temos que seguir as suas pegadas.

Dentro de poucos meses sereis consagrados sacerdotes do Novo Testamento. Então sereis ministros da misericórdia divina, fortalecendo as almas com a Eucaristia e os demais sacramentos — de modo especial com a administração do sacramento da Penitência — robustecendo-as com a pregação da palavra divina, trabalhando com os mesmos sentimentos de Jesus que, mesmo sendo de natureza divina, não desdenhou descer ao nosso nível, para ser o servidor de todos (cfr. Fil 2, 5-8). Mas já a partir de agora procurai cumprir os vossos deveres com abundância de misericórdia. Tratando com delicadeza sobrenatural e humana as pessoas que encontreis no vosso caminho, olhai para a humanidade como uma herança que o Senhor deposita nas vossas mãos.

O convite ao serviço, válido para todos os cristãos, significa, «em grande parte, cuidar da fragilidade (...). São os rostos sofredores, desprotegidos e angustiados que Jesus propõe que se olhem e convida concretamente a amar. Amor que se plasma em ações e decisões»[5].

Todos somos convidados a examinar como servir melhor o nosso próximo, sobretudo aqueles que estão mais perto de nós, com ações concretas, sempre, e de modo especial no próximo Ano da misericórdia.

3. Acompanho com todo o coração as famílias e os amigos dos novos diáconos. A todos recordo o dever de rezar por estes nossos irmãos e por todos os ministros da Igreja; sobretudo pelo Santo Padre Francisco. Peçamos também que haja muitas ordenações sacerdotais na Igreja. Agradeço ao Cardeal Vallini, Vigário do Papa para a diocese de Roma, que me comunicou que reza por vós e expressa a sua gratidão pela vossa decisão de seguir Cristo tão de perto.

Antes de terminar, recomendo-vos que continueis a ter muito presentes as necessidades das famílias. Poucos dias após a conclusão do Sínodo, a nossa oração há-de ser mais constante, mais confiada, mais perseverante, para que as conclusões desta assembleia sirvam de guia para uma fidelidade maior ao desígnio divino de salvação, que passa através dessa instituição fundada por Deus na criação.

Escutemos as sugestões do Papa, aproximando-nos mais bem preparados dos sacramentos da Penitência e da Eucaristia. Que todos nós, como Nossa Senhora, ao receber Jesus saibamos levá-lo connosco e o façamos conhecer àquelas pessoas com quem convivemos.

Seja louvado Nosso Senhor Jesus Cristo.


[1] Cfr, Oração da ordenação diaconal.

[2] São Josemaría, Homilia Sacerdote para a eternidade, 13-IV-1973.

[3] Bento XVI, Discurso na audiência geral, 5-IV-2006.

[4] Papa Francisco, Alocução no Angelus, 6-IX-2015.

[5] Papa Francisco, Homilia, 20-IX-2015.

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Indicam-se os candidatos e os respetivos países de origem

Alfredo Rodríguez Sedano (Espanha)

José María Pérez-Seoane Mazzuchelli (Espanha)

Vincenzo Arborea (Itália)

Fernando Hernansanz Serrano (Espanha)

Odon Swamotz Wazaka (Congo)

Carlos Iza García (Rússia)

Luis Cruz Ortiz de Landázuri (Espanha)

Alejandro Muñoz Vizcaíno (Espanha)

Mario Medina Rodríguez (Espanha)

Michael Nievales Quilantang (Filipinas)

José Omar Espíritu Castro (México)

Manuel Valdés Mas (Espanha)

Julio Agustín Sánchez León (Costa Rica)

Francisco Javier Córcoles García (Espanha)

Agustín Pablo González Alonso (Espanha)

Juan Cruz Bustillo (Argentina)

Manuel Valentini Colomer (Chile)

Albert Penella Mas (Espanha)

Javier Aranguren Sánchez-Ostiz (Espanha)

Guillermo Arregui Cussi (México)

John Paul Mitchell (Estados Unidos)

Kalle Oskari Juurikkala (Finlândia)

Gonzalo de la Morena Barrio (Espanha)

Marcelo José Monteiro (Brasil)

Martin Abonyo Onyango (Quénia)

Michael Joseph Fagan (Estados Unidos)

José Antonio Cordero Becker (Chile)