O Evangelho na vida de cada dia: a grande mensagem de Escrivá.

«Acho que é um dos grandes desafios a todos os cristãos de hoje.» Existe «um conceito errado de santidade, como se fossem só chamados à santidade as freiras, os padres, os bispos e o Papa. Não é verdade! Todos têm o dever de ser santos». D. José Saraiva Martins em entrevista à RR (8.10.2002)

Esta manhã, em Roma, o cardeal José Saraiva Martins presidiu a uma missa de acção de graças pela canonização de Josemaría Escrivá, onde estiveram, aliás, muitos dos portugueses que foram de propósito a esta cerimónia, em Roma, no domingo passado.

Em entrevista à “Renascença” o Cardeal português, que preside à Congregação para as Causas dos Santos, e pelas mãos de quem também passou este processo de canonização do fundador do Opus Dei, explica essa proposta de santidade que o santo Josemaría Escrivá faz ao mais comum dos homens.

– Eu acho que é um dos grandes desafios a todos os cristãos de hoje: viver o Evangelho na vida ordinária de cada dia. Esta é a grande mensagem de Josemaría Escrivá. Muitas vezes tem-se um conceito errado de santidade, como se fossem só chamados à santidade as freiras, os padres, os bispos e o Papa. Não é verdade! É falso! Todos têm o dever de ser santos.

RR – Esta personalidade, Josemaría Escrivá, suscitou, ou tem suscitado, muitas críticas e há pessoas mesmo que acusam o Opus Dei de ser muito selectivo, ou muito secreto. Que comentários é que tem a fazer sobre isto?

– Ao meu ver muitas críticas que têm sido feitas ao Opus Dei denunciam uma grande ignorância da Obra fundada por Josemaría Escrivá. Eu acho que é injusto criticar uma obra quando não se conhece. A Obra está muito perto também da gente simples, dos pobres. Não está só com os ricos, nem muito menos; está também com os pobres. De resto, o Evangelho é muito claro: Jesus não se preocupou só dos pobres, mas preocupou-se também dos outros, que não são tão pobres. Foi a comer com Zaqueu, que não era nada pobre. E é para ensinar que a Igreja tem de ter em conta não só os pobres mas também aqueles que não se podem chamar pobres. Tem de ter em conta todos os cristãos, todos os baptizados.

O Cardeal D. José Saraiva Martins, em entrevista à jornalista Aura Miguel.

Rádio Renascença // 8-10-2002