Na paróquia de Telheiras, um ano depois

O Cardeal Patriarca de Lisboa confiou ao Opus Dei o cuidado pastoral da paróquia de Nossa Senhora da Porta do Céu (paróquia de Telheiras).O Pe. Rui Rosas da Silva, padre do Opus Dei, tomou posse como pároco no dia 5 de Setembro de 2004, faz agora um ano.

«Ser pároco é uma nova maneira de servir a Igreja e isso deixa-me muito satisfeito. Oxalá possam dizer o mesmo os fiéis que o Senhor me confiou»

A paróquia de Nossa Senhora da Porta do Céu foi criada em Abril de 2004. Abrange as zonas de Telheiras, Alto da Faia, Parque dos Príncipes, e uma população que ronda as 20.000 pessoas, que até à criação da paróquia pertenciam à paróquia de S. João Baptista do Lumiar.

Na cerimónia de tomada de posse do novo pároco, D. Manuel Clemente, bispo auxiliar de Lisboa, afirmou que era uma necessidade pastoral criar uma nova comunidade paroquial numa zona da cidade de Lisboa de população crescente e com características próprias.

Ao fim de um ano

Fazendo um balanço, diz o novo pároco que «felizmente já funcionam os instrumentos pastorais básicos para iniciar uma paróquia: a catequese, o agrupamento de escuteiros (continuando uma boa e longa tradição na vida da Igreja), o conselho económico».

Mas foi também preciso dedicar-se às obras de reconstrução da igreja: «um mês depois da tomada de posse uma peritagem da EPUL aconselhou o encerramento do templo por razões de segurança... Parecia um empecilho – e de certa maneira foi – mas também foi isso que me permitiu sentir um forte espírito de entreajuda de muitas pessoas e instituições para garantir o funcionamento da comunidade paroquial» – reconhece o Pe. Rui. As Irmãs Hospitaleiras da Clínica de S. José, o Biblioteca Municipal Prof. Orlando Ribeiro, o Colégio Planalto, são algumas das instituições a que a paróquia está agradecida.

A igreja ainda em obras de restauro.

No futuro, além da conclusão das obras da igreja e da consolidação das actividades pastorais, um dos seus projectos é a assistência aos paroquianos mais desfavorecidos. Em Telheiras também «há problemas complexos de pobreza, às vezes escondida, outras vezes ligados a situações de miséria moral e psicológica, outras ainda às vicissitudes da vida, que nem sempre são fáceis. Como pároco, não pode deixar de me afectar que, na minha paróquia, haja gente que passa fome.»

Pároco aos 60 anos

O Pe. Rui é licenciado em Filosofia. Durante os estudos universitários conheceu o Opus Dei, a que pertence há mais de 40 anos. Foi director de residências universitárias, professor de Filosofia no ensino público e, de 1978 até 1990, director do Colégio Planalto. Doutorou-se em Filosofia na Universidade Pontifícia da Santa Cruz (então, Ateneu Pontifício da Santa Cruz) e recebeu a ordenação sacerdotal em 13 de Junho de 1993.

Terreno para a futura igreja.

«Confesso que nunca na vida pensei ser pároco ». Como padre do Opus Dei dedicou-se à atenção pastoral sobretudo dos leigos, homens e mulheres, que beneficiam da acção evangelizadora da prelatura para os ajudar a viver a santificação no exercício do trabalho profissional. Contudo, «quando me propuseram ser pároco, pensei que era uma maneira nova de servir a Igreja, e é isso que me deixa satisfeito».

A Igreja de Nossa Senhora da Porta do Céu

Na tomada de posse do novo pároco, o Senhor D. Manuel Clemente salientou que a Igreja de Nossa Senhora da Porta do Céu é conventual, e foi fundada na primeira metade do século XVII por um Príncipe cristão do Ceilão, D. João de Cândia. Esse facto está vivo na memória dessas terras da Ásia, tanto que, numa sua recente passagem por Roma, um bispo do Sir Lanka lhe referiu essa realidade.

Imagem de N. Sra. da Porta do Céu

Esse D. João de Cândia, destronado por um familiar dos seus domínios, pediu protecção ao rei de Portugal – então Filipe I –, que o acolheu em Lisboa, dando-lhe uma espécie de dote, com o qual construiu o convento e a igreja anexa. O convento destinava-se a receber religiosos idosos para aí descansarem ou passarem os últimos dias, a fim de serem acolhidos por Nossa Senhora da Porta do Céu.

Decorrido mais de um século sobre a morte do fundador, o edifício ruiu com o terramoto de 1755. Sendo escrivão da irmandade da igreja, Sebastião José de Carvalho e Melo, futuro Marquês de Pombal, reconstruiu o templo, de acordo com a traça própria da sua época.

Com as lutas liberais, Saldanha expulsa os frades em 1833, aí instala tropas, que delapidaram os bens do convento. Nessa mesma data é extinto, ficando o pároco do Lumiar obrigado a garantir a Missa dominical na Igreja para a população local. Em 1910, a igreja é encerrada e transformada em oficina de serralharia.

A sua restituição ao culto surge várias décadas mais tarde, que fica a cargo, primeiro, dos Franciscanos da Luz, depois de um padre jesuíta e, por fim, até à criação da paróquia, pelos padres marianos.

Mais informação: www.portadoceu.org