As alegrias da família

Nem sempre é simples e fácil ter uma família numerosa... Este testemunho mostra-nos que, a troco de alguns esforços, as crianças são fonte de paz e de alegria. O espírito do Opus Dei ajudou a consegui-lo.

Pode-nos apresentar a sua família em poucas palavras?

Temos uma alegre equipa de 7 filhos com idades entre 20  e 1 ano, estando representados todos os estilos, do artista ao intelectual, do discreto ao exuberante, mas o traço comum de todos os nossos filhos é a alegria profunda que os anima e o desejo de fazer bem o seu trabalho. Denis é engenheiro e Florence, jurista de formação, dedicou-se à área associativa.

Sendo ambos do Opus Dei há bastantes anos, como é que isso se reflecte na vossa vida de família e no ambiente que aí reina?

Ao ler a vida de São Josemaria, muito rapidamente ficámos impressionados com a figura dos seus pais e com a vida familiar que o fundador teve. Estamos convencidos de que esta vida de família teve grande importância na sua formação e que o Opus Dei muito deve aos pais do fundador. Naturalmente eles tornaram-se-nos «familiares», nós como que os adoptámos como avós.

A elegância humana no quotidiano, o desvelo posto na formação espiritual dos filhos, o espírito de pobreza que consistia em viver sobriamente, o cumprimento de cada actividade com o maior empenho, são também traços da vida de São Josemaria recebidos dos seus pais, que influenciaram a nossa visão da vida de família e que nos esforçamos por transmitir aos nossos filhos.

São Josemaria dizia que os pais deviam tornar-se nos amigos dos seus filhos. Nós adoptámos esta ideia procurando conhecê-los bem, dedicando-lhes muito tempo, favorecendo os momentos de intimidade e abrindo a porta aos seus amigos. Conhecendo os seus amigos saberemos muito sobre os nossos filhos. 

 

Quais os contributos específicos do espírito do Opus Dei na vossa tarefa educativa e no vosso papel de pais?

Há dois traços do espírito do Opus Dei que são como que uns focos de luz que iluminam a nossa tarefa educativa e o nosso papel de pais.

Em primeiro lugar a alegria própria dos filhos de Deus. Nós dizemos aos nossos filhos – porque procuramos vivê-lo nós próprios – que nada, nem os problemas de saúde, nem as dificuldades financeiras, nem as incompreensões, nem as pequenas contrariedades quotidianas, nos devem fazer perder a alegria e de facto reina em nossa casa um optimismo que permite que nos entusiasmemos em vez de desanimar. Isso não impede, também, que em nossa casa os risos e as lágrimas alternem muitas vezes como em qualquer família.

Em segundo lugar no Opus Dei aprendemos que as virtudes sobrenaturais se apoiam nas virtudes humanas. Por consequência, enquanto pais procuramos favorecer o mais possível as virtudes humanas em cada um dos nossos filhos.

Na prática, tivemos a sorte de ter todas as faixas etárias e todos os tipos de temperamentos, os nossos filhos aprendem assim a respeitar-se respeitando o ritmo de cada um, a viver a delicadeza ao ajudarem-se, às vezes, nos seus trabalhos escolares, ou fazendo pequenos encargos dos irmãos (os mais novos gostam muito de fazer o encargo de algum mais velho absorvido pelo seu trabalho).

Para além da vossa família dinamizam um ciclo de formação para outros pais. Porque escolheram esta actividade?  

Optámos por esta actividade porque aprendemos sempre muito com o intercâmbio com outras famílias; somos todos confrontados com os mesmos problemas educativos e é interessante ver as soluções geniais que alguns pais encontram!

Por outro lado, a vida quotidiana é tão intensa que é um bom meio para o casal dispor de tempo para regularmente se aperceber do ponto de vista do outro sobre um ou outro dos filhos; o nosso único objectivo é sempre o de ajudar os nossos filhos a desenvolver harmoniosamente a sua personalidade.

Que mensagem gostariam de transmitir?

Bom, que nós pais, sejamos, muito serenos, que não nos inquietemos inutilmente perante as dificuldades quotidianas, que nos centremos na nossa relação com Deus que dá toda a dimensão às relações familiares e que nos ajuda a ver tudo na perspectiva correcta.

Um zero em ditado no 6º ano, uma reprovação no 2º, um braço partido, um quarto desordenado, uma disputa entre irmão e irmã…, tudo isso não deve ser, provavelmente, motivo para fazermos um grande drama, trata-se simplesmente de aproveitar essas ocasiões para crescer com o filho envolvido.