A partir do momento da ordenação, “senti” a oração de toda a Igreja

José Maria Azevedo Moreira foi ordenado sacerdote do Opus Dei no passado dia 8 de Maio. No próximo domingo, dia 13 de Junho, celebrará a sua Missa Nova em Famalicão (Igreja Matriz às 12h). Apresentamos uma entrevista ao novo sacerdote.

José Maria Moreira na cerimónia da sua ordenação sacerdotal.

Como é que tomou a decisão de ordenar-se sacerdote aos 34 anos?

Eu diria antes que respondi a uma chamada que Deus me fez com esta idade. Uma chamada que se concretizou quando D. Javier Echevarría, o Bispo prelado do Opus Dei me propôs que pensasse nesta possibilidade, coisa que fiz com calma.

E os anos anteriores à ordenação?

Não são, de nenhuma maneira, tempo perdido... Considero como parte integrante da minha vocação os meus estudos de engenharia química, os anos que dediquei a dar aulas no ensino profissional, etc. São coisas que aprecio muito. Além disso, sei que Deus quis que procurasse a santidade no meio desses trabalhos: é algo muito próprio do espírito do Opus Dei.

Em todo o caso, esse tipo de decisões não é muito frequente...

De acordo. Mas ao fim e ao cabo, isto é normal na vida de qualquer cristão. Para Deus, nós não temos um prazo de validade: Ele conta connosco ao longo de toda a vida. Quer dizer, sempre estamos a tempo de escutar a voz de Deus, no momento em que Ele nos fala. Normalmente, isto acontece muitas vezes nas pequenas coisas do dia-a-dia. Noutras ocasiões, o que Deus nos diz pode parecer que é mais complicado de levar a cabo. Mas nos dois casos, quando O escutamos, sempre ficamos a ganhar.

O que nos diz do facto de ter sido ordenado durante o Ano Sacerdotal?

Para mim teve um significado muito especial.

Foi com enorme alegria que soube da decisão do Papa Bento XVI de dedicar um ano ao sacerdócio. E posso dizer-lhe que a partir do momento da ordenação sacerdotal “senti” a oração de toda a Igreja pelos sacerdotes. Além disso, tive a sorte de poder realizar a tese de doutoramento sobre um tema que vem a propósito: a identidade do sacerdote nos ensinamentos de Montini-Paulo VI.

Como poderia resumir, então, o que é ser sacerdote?

Pode-se sintetizar em duas palavras: consagração e missão. O sacerdote é chamado por Deus para receber uma identificação sacramental com Cristo e participar da única missão de Cristo, ao serviço da Igreja e de todas as almas. E isto dá-se de uma forma plena na celebração da Santa Missa.

Não lhe parece que os escândalos protagonizados por alguns sacerdotes podem desanimar as futuras vocações sacerdotais?

Se olhamos para trás, vemos que houve outros momentos em que o sacerdócio católico foi muito atacado; mesmo assim, actualmente o número de ordenações sacerdotais quase duplicou em comparação com os difíceis anos 70. É verdade que a conduta de um reduzidíssimo número de sacerdotes não foi própria de quem deveria ser um ministro de Cristo. No entanto, mais que desanimar, isso deve ajudar o sacerdote a entender que não é um “super-homem”... e que deve esforçar-se continuamente por crescer na intimidade com Cristo ao longo de toda a vida. Por isso, é muito significativa a consagração dos sacerdotes ao Imaculado Coração de Maria, que o Papa fez na recente visita a Fátima.

Como classifica esta visita do Papa a Portugal?

Fantástica. Vivi 2 anos em Roma e participei em algumas audiências com o Papa, além de procurar ler os seus escritos. Por isso, não entendia alguns comentários negativos que lia na imprensa relativamente a Bento XVI. Agora, com esta viagem, acho que os portugueses puderam conhecer melhor o Papa. Realmente, foi ver para crer. Espero que agora as pessoas continuem a rezar pelo Papa e a interessar-se por aquilo que nos diz.

José Maria Azevedo Moreira celebra a sua missa nova no próximo domingo, 13 de Junho, às 12h na Igreja Matriz de Vila Nova de Famalicão.