Contemplação dos mistérios gozosos do Terço

Contemplar os mistérios gozosos com o livro "Santo Rosário". Numa manhã de dezembro de 1931, depois de celebrar a missa, S. Josemaria escreveu de uma tirada este pequeno livro. Depositava nessas páginas o seu modo de meditar os mistérios da vida de Jesus e de Maria e de recitar o terço com amor e piedade. Foi traduzido para vinte e três línguas e conta com mais de cem edições.

Textos de S. Josemaria sobre os mistérios gozosos do livro "Santo Rosário"


O livro "Santo Rosário" de S. Josemaria

Numa manhã de dezembro de 1931, depois de celebrar a Missa, S. Josemaria escreveu de uma tirada este pequeno livro. Depositava nessas páginas o seu modo de meditar os mistérios da vida de Jesus e de Maria e de recitar o terço com amor e piedade. Foi traduzido para vinte e três línguas e conta com mais de cem edições: números que falam por si do impacto espiritual das suas páginas em milhões de pessoas de todo o mundo: números que falam por si do impacto espiritual das suas páginas em milhões de pessoas de todo o mundo.


1.º Mistério: A Anunciação do Anjo à Virgem Nossa Senhora

O anjo respondeu-lhe: «O Espírito Santo descerá sobre ti e o poder do Deus altíssimo te envolverá com a sua sombra. Por isso, o que vai nascer é santo e será chamado Filho de Deus.

Evangelho de S. Lucas

Maria perguntou então ao anjo: «Como será isso, se eu não conheço homem?» O anjo respondeu-lhe: «O Espírito Santo virá sobre ti e a força do Altíssimo estenderá sobre ti a sua sombra. Por isso, aquele que vai nascer é Santo e será chamado Filho de Deus.

(Lc 1, 34-35)

* * *

Não esqueças, meu amigo, que somos crianças. A Senhora do doce nome, Maria, está recolhida em oração.

Tu és, naquela casa, o que quiseres ser: um amigo, um criado, um curioso, um vizinho... – Eu, por agora, não me atrevo a ser nada. Escondo-me atrás de ti e, pasmado, contemplo a cena:

O Arcanjo comunica a sua mensagem... – Quomodo fiet istud, quoniam virum non cognosco? – Como se fará isso, se não conheço varão? (Lc 1, 34).

A voz da nossa Mãe traz à minha memória, por contraste, todas as impurezas dos homens..., as minhas também.

E como odeio, então, essas baixas misérias da terra!... Que propósitos!

Fiat mihi secundum verbum tuum.

– Faça-se em mim segundo a tua palavra (Lc 1, 38). Ao encanto destas palavras virginais, o Verbo se fez carne.

Vai terminar a primeira dezena... Ainda tenho tempo para dizer ao meu Deus, antes de qualquer mortal: Jesus, amo-Te.


2.º Mistério: A Visitação de Nossa Senhora à sua prima Santa Isabel

Por aqueles dias, Maria apressou-se a ir a uma povoação nas montanhas da Judeia. Entrou em casa de Zacarias e cumprimentou Isabel.

Evangelho de S. Lucas

Por aqueles dias, Maria pôs-se a caminho e dirigiu-se à pressa para a montanha, a uma cidade da Judeia. Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel. Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, o menino saltou-lhe de alegria no seio e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. Então, erguendo a voz, exclamou: «Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. E donde me é dado que venha ter comigo a mãe do meu Senhor? Pois, logo que chegou aos meus ouvidos a tua saudação, o menino saltou de alegria no meu seio. Feliz de ti que acreditaste, porque se vai cumprir tudo o que te foi dito da parte do Senhor.

(Lc 1, 39-45)

* * *

Agora, menino amigo, espero que já saibas desembaraçar-te. Acompanha, alegremente, José e Santa Maria... e ficarás a par das tradições da Casa de David.

Ouvirás falar de Isabel e de Zacarias, enternecer-te-ás com o amor puríssimo de José e baterá com mais força o teu coração, cada vez que pronunciarem o nome do Menino que há de nascer em Belém...

Caminhamos, apressadamente, em direção às montanhas, até uma aldeia da tribo de Judá (Lc 1, 39).

Chegamos. – É a casa onde vai nascer João Batista. – Isabel aclama, agradecida, a Mãe do Redentor: Bendita és tu, entre todas as mulheres, e bendito é o fruto do teu ventre! – A que devo eu tamanho bem, que venha visitar-me a Mãe do meu Senhor? (Lc 1, 42 e 43).

O Batista, ainda por nascer, estremece... (Lc 1, 41)... A humildade de Maria verte-se no Magnificat... E tu e eu, que somos - que éramos - uns soberbos, prometemos ser humildes.


3.º Mistério: O Nascimento do Filho de Deus em Belém

Enquanto estavam em Belém, chegou o momento de Maria dar à luz. Nasceu-lhe então o menino, que era o seu primeiro filho. Envolveu-o em panos e deitou-o numa manjedoura.

Evangelho de S. Lucas

Por aqueles dias, saiu um édito da parte de César Augusto para ser recenseada toda a terra. Este recenseamento foi o primeiro que se fez, sendo Quirino governador da Síria.

Todos iam recensear-se, cada qual à sua própria cidade. Também José, deixando a cidade de Nazaré, na Galileia, subiu até à Judeia, à cidade de David, chamada Belém, por ser da casa e linhagem de David, a fim de se recensear com Maria, sua esposa, que se encontrava grávida.

E, quando eles ali se encontravam, completaram-se os dias de ela dar à luz e teve o seu filho primogénito, que envolveu em panos e recostou numa manjedoura, por não haver lugar para eles na hospedaria.

(Lc 2, 1-7)

* * *

Foi promulgado um édito de César Augusto, que manda recensear toda a gente. Para isso, cada qual tem de ir à terra dos seus antepassados. – Como José é da casa e da família de David, vai com a Virgem Maria, de Nazaré até à cidade chamada Belém, na Judeia (Lc 2, 1-5).

E, em Belém, nasce o nosso Deus: Jesus Cristo! Não há lugar na pousada: num estábulo. – E Sua Mãe envolve-O em paninhos e reclina-O no presépio (Lc 11, 7). Frio. – Pobreza. – Sou um escravozito de José. - Que bom é José! Trata-me como um pai a seu filho. – Até me perdoa, se estreito o Menino entre os meus braços e fico, horas e horas, a dizer-Lhe coisas doces e ardentes!...

E beijo-O – beija-O tu – e embalo-O e canto para Ele e chamo-Lhe Rei, Amor, meu Deus, meu Único, meu Tudo!... Que lindo é o Menino... e que curta a dezena!


4.º Mistério: A Apresentação de Jesus no Templo

Chegado o tempo da cerimónia da sua purificação, conforme a Lei de Moisés, levaram o menino ao templo de Jerusalém para o apresentarem ao Senhor.

Evangelho de S. Lucas

Quando se cumpriu o tempo da sua purificação, segundo a Lei de Moisés, levaram-no a Jerusalém para o apresentarem ao Senhor, conforme está escrito na Lei do Senhor: «Todo o primogénito varão será consagrado ao Senhor» e para oferecerem em sacrifício, como se diz na Lei do Senhor, duas rolas ou duas pombas.

(Lc 2, 22-24)

* * *

Segundo a Lei de Moisés, uma vez decorrido o tempo da purificação da Mãe, é preciso ir com o Menino a Jerusalém, para O apresentar ao Senhor (Lc 2, 22).

E desta vez, meu amigo, hás de ser tu a levar a gaiola das rolas. – Estás a ver? Ela – a Imaculada! – submete-se à Lei como se estivesse imunda.

Aprenderás com este exemplo, menino tonto, a cumprir a Santa Lei de Deus, apesar de todos os sacrifícios pessoais?

Purificação! Sim, tu e eu, é que precisamos de purificação! Expiação e, além da expiação, o Amor. – Um amor que seja cautério: que abrase a imundície da nossa alma, e fogo que incendeie, com chamas divinas, a miséria do nosso coração.

Um homem justo e temente a Deus, que, movido pelo Espírito Santo, veio ao templo – tinha-lhe sido revelado que não havia de morrer, antes de ver Cristo – toma o Messias nos braços e diz-Lhe: Agora, Senhor, agora sim; podes levar deste mundo, em paz, o Teu servo, conforme a tua promessa... porque os meus olhos viram o Salvador (Lc 2, 25-30).


5.º Mistério: O Menino Deus perdido e achado no Templo

Passados os dias da festa, José e Maria voltaram para casa, mas Jesus ficou em Jerusalém sem os pais darem por isso. Julgavam que ele vinha com algum grupo pelo caminho. Ao fim de um dia de viagem, começaram a procurá-lo entre os parentes e os amigos, mas não o encontraram.

Evangelho de S. Lucas

Os pais de Jesus iam todos os anos a Jerusalém, pela festa da Páscoa. Quando Ele chegou aos doze anos, subiram até lá, segundo o costume da festa. Terminados esses dias, regressaram a casa e o menino ficou em Jerusalém, sem que os pais o soubessem. Pensando que Ele se encontrava na caravana, fizeram um dia de viagem e começaram a procurá-lo entre os parentes e conhecidos. Não o tendo encontrado, voltaram a Jerusalém, à sua procura.

Três dias depois, encontraram-no no templo, sentado entre os doutores, a ouvi-los e a fazer-lhes perguntas. Todos quantos o ouviam, estavam estupefactos com a sua inteligência e as suas respostas.

Ao vê-lo, ficaram assombrados e sua mãe disse-lhe: «Filho, porque nos fizeste isto? Olha que teu pai e eu andávamos aflitos à tua procura!» Ele respondeu-lhes: «Porque me procuráveis? Não sabíeis que devia estar em casa de meu Pai?»

Mas eles não compreenderam as palavras que lhes disse.

(Lc 2, 41-50)

* * *

Onde está Jesus? – Senhora: o Menino!... Onde está?
Maria chora. – Bem corremos, tu e eu, de grupo em grupo, de caravana em caravana; não O viram. - José, depois de fazer esforços inúteis para não chorar, chora também... E tu... E eu.

Eu, como sou um criadito rústico, choro até mais não poder e clamo ao céu e à terra..., por todas as vezes que O perdi por minha culpa e não clamei.

Jesus! Que eu nunca mais Te perca... E então, a desgraça e a dor unem-nos, como nos uniu o pecado, e saem de todo o nosso ser gemidos de profunda contrição e frases ardentes, que a pena não pode, não deve registar.

E, ao consolar-nos com a alegria de encontrar Jesus - três dias de ausência! – disputando com os Mestres de Israel (Lc 2, 46), ficará bem gravada, na tua alma e na minha, a obrigação de deixarmos os de nossa casa, para servir o Pai Celestial.