Pessoas comuns

"Como posso saber se estou a viver fielmente os ensinamentos do Opus Dei?" foi uma pergunta feita a S. Josemaria numa tertúlia. Sem hesitar, ele respondeu "Se a tua mulher é feliz."

Copiando Scott Hahn, foi o momento em que “captei” o Opus Dei: estava a ver um vídeo do seu fundador, S. Josemaria Escrivá, durante uma sessão de perguntas e respostas ante uma grande audiência. Um jovem profissional levantou-se e perguntou a S. Josemaria, "pode-me dizer se há algum sinal que me mostre se estou a viver fielmente e bem os ensinamentos do Opus Dei?" Quem tenha visto o vídeo, ou quem tenha estado lá presente, nunca esquecerá como S. Josemaria sem hesitar, sem a mínima pausa, deu esta resposta: "se a tua mulher é feliz."

Este momento descreve perfeitamente o que frequentemente é difícil de transmitir em palavras quando se fala com alguém que ainda não “captou” o Opus Dei: que simplesmente fazendo as ações diárias normais da vida, se são feitas por amor a Deus e realmente a todas as pessoas, se pode chegar à santidade. Sem necessidade de martírio, milagres ou de outros modos dramáticos; canalizadores, médicos, engenheiros, políticos ou donas de casa podem ser santos realizando os seus trabalhos habituais o melhor que consigam. Como S. Josemaria escreveu: “Esse trabalho – humilde, monótono, pequeno – é oração traduzida em obras” (Caminho, n. 825).

Um jovem profissional levantou-se e perguntou a S. Josemaria, "pode-me dizer se há algum sinal que me mostre se estou a viver fielmente os ensinamentos do Opus Dei?" S. Josemaria sem hesitar deu esta resposta: "se a tua mulher é feliz."

Isto leva-nos a viver o presente com alegria (e de forma contemplativa). Ou, como S. Josemaria insistia, o amor verdadeiro não consiste em “doces palavras, mas em obras”. Assim, a santidade alcança-se “cumprindo os pequenos deveres de cada momento”: para o estudante é estar concentrado nas aulas, para o motorista é estar atento e ser cuidadoso na estrada, para o encarregado de limpeza é assegurar que todos os cantos ficaram limpos, para o professor é fazer o plano de cada aula, para o pai é pôr de lado o trabalho e dar-se completamente à família à hora de jantar. Esta "chamada universal à santidade” que o Opus Dei promove não se limita aos católicos; mesmo os não cristãos podem ser uma parte do Opus Dei.

Isto é uma afirmação radical, espantosamente moderna ainda hoje. Mas é um ensinamento que é “tão velho como o Evangelho e, no entanto, sempre novo." Não é necessário ser padre ou freira para ser santo. Qualquer um, sem ostentação ou grandes manifestações de piedade, apenas vivendo a sua vida diária, tão bem quanto seja capaz, pode alcançar a santidade.

Infelizmente, há necessidade de corrigir a não merecida má reputação que os media deram ao Opus Dei, que está a celebrar este ano diversos aniversários. O mais estranho é que a maioria das pessoas que acha o Opus Dei (literalmente, “trabalho de Deus”) sinistro, provavelmente nunca conheceu um membro do Opus Dei ou nunca soube que o colega de escritório ou o vizinho sorridente e disponível é, de facto, membro. Sinceramente, as pessoas mais alegres que encontrei, conheci ou com quem travei amizade, são do Opus Dei. E há uma profunda e, no entanto, simples razão para a sua alegria, que tem muito pouco a ver com relações públicas ou preocupação pela imagem pessoal.

A principal "arma" do Opus Dei, novamente tão velha como o Evangelho e, no entanto, sempre nova, é a "filiação divina." É um termo teológico técnico que, essencialmente, diz “nós somos filhos de Deus”. Obviamente que isto não é exclusivo do Opus Dei, pois sempre foi um ensinamento central da Igreja Católica. No entanto, o Opus Dei deu um ênfase especial a isto: que Deus é o nosso Pai amoroso, sempre presente, constantemente a velar pelo nosso bem estar. Muitas vezes não compreendemos o que Ele quer, pois qual é a criança que pode compreender tudo? Mas Ele está aí para nós. E é por isso que os fiéis do Opus Dei estão sempre alegres (e calmos), porque, tendo Deus como pai, qual a necessidade de nos preocuparmos? Sucesso? Fracasso? O problema não é nosso. Façamos apenas o nosso melhor, e tenhamos a confiança que tudo se há de realizar do modo que o nosso Pai Deus quer, que é sempre para bem.

Scott and Kimberly Hahn

Para terminar, viro-me para a experiência de um escritor muito melhor do que eu: o popular autor e escritor apologético Scott Hahn. No percurso para se tornar católico (na altura era protestante) teve algumas dificuldades com a sua mulher (também protestante), que não estava propriamente encantada com os seus planos de conversão. Scott fez o que qualquer intelectual faria: bombardeou a sua mulher Kimberley com todos os argumentos teológicos e com todos os escritos de que se lembrou para a convencer de que o catolicismo era o caminho correto.

Infelizmente, isso apenas serviu para irritar a Kimberley, que se começou a afastar ainda mais.

Desesperado, recorreu a dois amigos para o ajudarem, um leigo e um sacerdote, que por acaso eram ambos membros do Opus Dei. O conselho que lhe deram surpreendeu-o: “desliga a teologia e liga o romance”.

Scott Hahn seguiu o conselho e em vez de tentar elaborar excelentes argumentos, esforçou-se por se tornar “melhor marido, melhor pai, melhor filho.”

Com isso, e com o acordo afetuoso de Kimberley, tornou-se católico. E o mesmo fez ela pouco tempo depois.

É isto! Muito normal. Tão Opus Dei.

Jemy Gatdula // BusinessWorld Philippines