Pregunta: D. Javier Echevarría, como vive o prelado do Opus Dei a notícia da próxima beatificação de D. Álvaro del Portillo?

D. Javier Echevarría: Como compreenderá, com uma profunda alegria e dando graças a Deus, e ao Papa Francisco, de quem vem a decisão de proceder à beatificação deste bispo, que tanto amou e serviu a Igreja santa. Aqueles que o conheceram ou viram os filmes que existem sobre as suas catequeses costumam comentar que D. Álvaro infundia paz e arrastava para Deus. Neste momento, peço-lhe que nos consiga de Deus essa paz do coração tão sua e que a celebração seja motivo para que muitas pessoas se aproximem mais do Senhor.

Inicialmente comentava-se que a beatificação seria em Roma, porque razão afinal, se escolheu Madrid?

Há uns meses, ao ser conhecida a noticia da futura beatificação, estudaram-se diversas opções, dando preferência a lugares centrais de Roma diferentes da Praça de São Pedro, que – por disposição do anterior Pontífice – se reserva para as canonizações, a que preside o Santo Padre. No entanto, à medida que aumentava a previsão do número de participantes, viu-se que era difícil organizar, essa cerimónia na Cidade Eterna, como todos teríamos desejado, apesar da generosa disponibilidade das autoridades do Vicariato de Roma e da Câmara Municipal.

De onde partiu essa ideia?

A Congregação para as Causas dos Santos entendeu muito conveniente outra hipótese que, como prelado do Opus Dei, eu tinha sugerido: celebrá-la em Madrid, cidade natal do novo beato, também porque o ano da beatificação coincidirá com o centenário do seu nascimento. A notícia foi hoje pública porque a Santa Sé acaba de comunicar que o Santo Padre acolheu essa sugestão e estabeleceu que a beatificação seja em Madrid a 27 de Setembro. Esta opção facilitará também a participação de numerosos madrilenos, que desejavam assistir à beatificação mas que – no contexto da crise económica atual – teriam tido dificuldades para custear uma viagem a Itália.

Madrid é a cidade em que D. Álvaro conheceu S. Josemaria, entrou para o Opus Dei e recebeu a ordenação sacerdotal. Será, para muitíssimas pessoas de vários países, uma oportunidade de visitar os lugares relacionados com o nascimento do Opus Dei, fundado em 2 de outubro de 1928 por S. Josemaria, em Madrid. Além disso, os numerosos fiéis e amigos da prelatura que vivem em Madrid poderão colaborar gostosamente no acolhimento dos participantes de outras procedências. Ainda que alguns meios de comunicação tenham divulgado esta notícia, devo precisar que só agora se teve conhecimento da aprovação recebida da Santa Sé.

E as pessoas que vivem em Roma ou em Itália?

Por assim dizer, Roma é a cidade de D. Álvaro; aí viveu a maior parte da sua vida (de 1946 a 1994) e lá exerceu o seu trabalho como pastor da Prelatura do Opus Dei.

De facto, está a estudar-se com as autoridades competentes para que, durante os dias posteriores à beatificação, o corpo de D. Álvaro – que repousa na cripta da Igreja prelatícia de Santa Maria da Paz, em Roma – seja trasladado temporariamente para a Basílica de Santo Eugénio, para que aqueles que o desejem, é de prever que será um número consistente, possam rezar diante dos restos mortais do novo beato. Também se está a organizar que na quarta-feira seguinte à beatificação, muitos fiéis tenham oportunidade de participar na audiência das quartas-feiras do Papa Francisco, para manifestar deste modo a sua união ao Romano Pontífice e a sua gratidão filial pela beatificação.

Qual é o significado da coleta que anunciaram a favor de várias iniciativas sociais em África?

No preciso momento de receber a notícia da futura beatificação, veio-me à cabeça o desejo de que também fosse uma ocasião para ajudar pessoas necessitadas. Em concreto, pedir a cada participante um pequeno sacrifício, para oferecer um donativo a favor de quatro projetos de serviços sociais no continente africano, surgidos por inspiração e impulso direto de D. Álvaro. Solicitou-se a Harambee – uma ONG que nasceu precisamente por ocasião da canonização de S. Josemaria – que coordenasse esse esforço. Tenho a certeza de que, do Céu, D. Álvaro olhará com alegria com este “presente”, que procura o arranque ou a consolidação de instituições africanas de formação humana e de erradicação da pobreza.