O que é o Advento?

O Advento é o tempo litúrgico que precede o Natal. Neste artigo explica-se detalhadamente o significado destas quatro semanas, em que a Igreja se prepara para celebrar o nascimento de Cristo.

O Advento é o tempo litúrgico que precede o Natal. Neste artigo explica-se detalhadamente o significado destas quatro semanas, em que a Igreja se prepara para celebrar o nascimento de Cristo.
Uma explicação sobre a origem, o significado e os costumes do Advento

Sumário

1. Em que momento do ano é vivido?

2. Que caracteriza este tempo litúrgico?

3. Qual é o papel de Santa Maria no Advento?

4. Como se reflete o Tempo de Advento na Santa Missa?

5. Como nasceu este tempo litúrgico?

6. Diferentes costumes do Advento.


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«O Advento é o tempo que nos é concedido para acolher o Senhor que vem ao nosso encontro, também para verificar o nosso desejo de Deus, para olhar em frente e para nos prepararmos para o regresso de Cristo. Ele voltará para nós na festa do Natal, quando fizermos memória da sua vinda histórica na humildade da condição humana; mas vem dentro de nós cada vez que estamos dispostos a recebê-lo, e virá de novo no fim dos tempos para “julgar os vivos e os mortos”» (Papa Francisco, Angelus 03/12/2017).


1. Em que momento do ano é vivido?

O Tempo de Advento caracteriza-se por inaugurar o ano litúrgico, «nele a Igreja marca o curso do tempo com a celebração dos principais acontecimentos da vida de Jesus e da história da salvação» (Papa Francisco, Angelus 29/11/2020). Tem uma duração de quatro semanas, desde as primeiras vésperas do domingo mais próximo do dia 30 de novembro até às primeiras vésperas de 25 de dezembro. Este período abrange os quatro domingos anteriores ao Natal. «Durante estas quatro semanas, somos chamados a abandonar um modo de vida resignado e rotineiro, e sair alimentando esperanças, alimentando sonhos para um novo futuro» (Papa Francisco Angelus, 02/12/2018).

O período está dividido em duas partes destacando cada uma delas uma importante verdade de fé. A primeira decorre até 16 de dezembro e centra-se na evocação da segunda vinda do Messias. A segunda parte, de 17 a 24 de dezembro, procura preparar o Natal mais de perto. Desta forma, a Igreja ajuda os seus fiéis a recordar e a refletir sobre «O que veio a primeira vez, na humildade da natureza humana, realizar o eterno desígnio do vosso amor e abrir-nos o caminho da salvação, de novo há de vir, no esplendor da sua glória, para nos dar em plenitude os bens prometidos que, entretanto, vigilantes na fé, ousamos esperar» (Missal Romano, Prefácio I do Advento).

Textos de S. Josemaria para meditar

Começa o ano litúrgico e o introito da Missa propõe-nos uma consideração intimamente relacionada com o princípio da nossa vida cristã: a vocação que recebemos. Vias tuas, Domine, demonstra mihi et semitas tuas edoce me, mostra-me Senhor os teus caminhos e ensina-me as tuas veredas. Pedimos ao Senhor que no guie, que nos deixe ver os seus passos, para que possamos aspirar à plenitude dos seus mandamentos que é a caridade.

(Cristo que passa, n. 1)

Chegamos. – É a casa onde vai nascer João Batista. – Isabel aclama, agradecida, a Mãe do Redentor: Bendita és tu, entre todas as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre! – A que devo eu tamanho bem, que venha visitar-me a Mãe do meu Senhor? (Lc 1, 42 e 43).

O Batista, ainda por nascer, estremece... (Lc 1, 41) A humildade de Maria verte-se no Magnificat... – E tu e eu, que somos – que éramos – uns soberbos, prometemos ser humildes.

(Santo Rosário, n. 2)


2. Que caracteriza este tempo litúrgico?

O Tempo de Advento é considerado um "tempo forte" no ano litúrgico porque nos ajuda a preparar-nos para receber o Senhor no Natal, leva-nos a aumentar a esperança na segunda vinda de Cristo e recorda-nos a sua presença contínua na Eucaristia. «A Igreja concretiza esta expetativa do Messias: ao participar na longa preparação da primeira vinda do Salvador, os fiéis renovam o seu ardente anseio pela sua segunda Vinda (cf. Ap 22, 17). Ao celebrar a natividade e o martírio do Precursor, a Igreja une-se ao seu desejo: “É necessário que ele cresça e que eu diminua” (Jo 3, 30)» (Catecismo da Igreja Católica, n. 524). É um convite à conversão e à esperança.

A preparação que a Igreja nos propõe durante o Advento concretiza-se num percurso de conversão pessoal. A Liturgia apresenta-nos este caminho através da figura de João Batista. Pela mão do Precursor, iniciamos uma viagem de afastamento do pecado e da mundanidade, «esta conversão implica dor pelos pecados cometidos, o desejo de se libertar deles, o propósito de os excluir para sempre da própria vida» (Papa Francisco, Angelus, 06/12/2020). Só assim poderemos avançar para a busca de Deus e do seu reino, para a amizade e comunhão com Deus, que é o verdadeiro fim da conversão de cada um.

La Sagrada familia con San Juan Niño – Bartolomé Esteban Murillo
A Sagrada família com S. João Menino – Bartolomé Esteban Murillo

Por outro lado, trata-se de um momento de espera confiante no Messias. Esta esperança fundamenta-se no facto de que «o Senhor vem sempre, está sempre ao nosso lado. Às vezes não se manifesta, mas vem sempre. Veio num momento histórico específico e fez-se homem para assumir sobre si os nossos pecados – a festividade do Natal comemora esta primeira vinda de Jesus no momento histórico –; virá no fim dos tempos como juiz universal» (Papa Francisco, Angelus, 29/11/2020).

Ao longo destes dias, a Igreja recorda-nos que Deus está presente na história da humanidade e continua atuando até a conduzir à plenitude em Cristo. É o que pedimos e o que a liturgia nos recorda. «Aproveite-nos, ó Deus, a participação nos vossos mistérios. Fazei que eles nos ajudem a amar desde agora o que é do céu e, caminhando entre as coisas que passam, abraçar as que não passam» (Missal Romano, I Domingo do Advento, Oração depois da Comunhão).

Textos de S. Josemaria para meditar

Enamora-te da Santíssima Humanidade de Jesus Cristo.

– Não te dá alegria que Ele tenha querido ser como nós? Agradece a Jesus este cúmulo de bondade!

(Forja, n. 547)

A virtude da esperança – a certeza de que Deus nos governa com a sua omnipotência providente, proporcionando-nos os meios necessários – fala-nos da contínua bondade do Senhor para com os homens, para contigo, para comigo, sempre disposto a ouvir-nos, porque nunca se cansa de nos escutar. Interessam-lhe as tuas alegrias, os teus êxitos, o teu amor e também as tuas dificuldades, a tua dor, os teus fracassos. Por isso, não esperes n’Ele somente quando tiveres consciência das tua debilidade; dirige-te ao teu Pai do Céu nas circunstâncias favoráveis e nas adversas, acolhendo-te à sua proteção misericordiosa. E a certeza da nossa nulidade pessoal – não é necessária grande humildade para reconhecer que somos uma autêntica multidão de zeros – transformar-se-á numa fortaleza irresistível, porque à esquerda do nosso eu estará Cristo, o que dá um número incomensurável! “O Senhor é a minha luz e salvação: de quem terei medo?”.

Habituemo-nos a ver Deus por detrás de tudo, a saber que Ele nos aguarda sempre, que nos contempla e pede justamente que O sigamos com lealdade, sem abandonarmos o lugar que nos compete neste mundo. Temos que caminhar com afetuosa vigilância, com a sincera preocupação de lutar para não perder a sua divina companhia.

(Amigos de Deus, n. 218)

Jesus Nosso Senhor amou tanto os homens, que encarnou, tomou a nossa natureza e viveu em contacto diário com pobres e ricos, com justos e pecadores, com novos e velhos, com gentios e judeus.

Dialogou constantemente com todos: com os que gostavam dele e com os que só procuravam a maneira de retorcer as suas palavras, para o condenar.

– Procura comportar-te como Nosso Senhor.

(Forja, n. 558)


3. Qual o papel de Santa Maria no Advento?

Ao longo do ano, a Liturgia recorda-nos a intercessão de Santa Maria a favor de todos os fiéis e o tempo de Advento não é exceção. A Santíssima Virgem «brilha no nosso caminho como sinal de consolação e de firme esperança» (Missal Romano, Prefácio III da Virgem Maria) para fazer do Advento uma verdadeira preparação para receber o Menino Jesus.

Não é por acaso que a comemoração da Imaculada Conceição, celebrada a 8 de dezembro, é durante a segunda semana do Advento. Esta festa recorda-nos que a Santíssima Virgem é uma imagem do que somos chamados a ser: «santos e imaculados» (Ef 1, 4). Concebida sem pecado original, Maria reflete a beleza de uma vida em graça, de união com Deus, livre do pecado. Essa beleza é um atrativo que nos move a levar uma vida limpa, desprendida do pecado e aberta à graça. Como disse o Papa Francisco, «o que foi para Maria no início, será para nós no fim» (Papa Francisco, Angelus, 08/12/2020). Deste modo, a Virgem ajuda os seus filhos na Igreja a percorrer o caminho de conversão a que o Advento os convida.

Por outro lado, Nossa Senhora é também um exemplo de esperança: uma confiança perseverante em Deus que é derramada no serviço aos outros. Ao anúncio do Anjo, Maria responde ‘fiat!’, «faça-se em mim segundo a tua palavra» (Lc 1, 38), aceitando com abandono a vontade de Deus: ser a mãe do Messias para a redenção de todos os homens. Logo a seguir, partiu para ajudar a sua parente Isabel nas dificuldades do seu sexto mês de gravidez (cf. Lc 1,39). Depois, pouco tempo antes de dar à luz o Menino, tem que se mudar de Nazaré para Belém, e pode-se deduzir que tinha preparado tudo o que era necessário para quando chegasse o momento (cf. Lc 2, 1-7).

A Visitação - Mosteiro das Irmãs Beneditinas da Adoração Perpétua

Estas são apenas algumas cenas que esboçam a esperança de Santa Maria e que o Advento nos convida a imitar: uma esperança disponível. «Então, estamos nesse “sagrado intercâmbio” entre Deus e o homem, entre o homem e o homem, quando tudo pertence a todos na “comunhão dos santos”. Este Evangelho leva-nos a entrar na porta do fiat: é o seu convite, é a mão da graça que o Senhor nos estende nesta hora de Advento» (Joseph Ratzinger, La bendición de la Navidad. Herder. 2007). A devoção à Santíssima Virgem ajuda-nos, portanto, a manter uma esperança ativa, para dizer com ela “fiat!”.

Textos de S. Josemaria para meditar

Porque Maria é Mãe, a sua devoção ensina-nos a ser filhos – a amar deveras, sem medida; a ser simples, sem as complicações que nascem do egoísmo de pensarmos só em nós; a estar alegres, sabendo que nada pode destruir a nossa esperança. O princípio do caminho que leva à loucura do amor de Deus é um amor confiado a Maria Santíssima. Assim o escrevi há muitos anos, no prólogo a uns comentários ao “Santo Rosário”, e desde então voltei a comprovar muitas vezes a verdade dessas palavras. Não vou fazer aqui muitas considerações para comentar essa ideia: prefiro convidar-vos a fazerdes vós a experiência, a descobri-lo por vós mesmos, conversando amorosamente com Maria, abrindo-lhe o vosso coração, confiando-lhe as vossas alegrias e as vossas penas, pedindo-lhe que vos ajude a conhecer e a seguir Jesus.

(Cristo que passa, n. 143)

De uma maneira espontânea, natural, surge em nós o desejo de conviver com a Mãe de Deus, que é também nossa mãe. De conviver com Ela como se convive com uma pessoa viva, porque a morte não triunfou sobre Ela, mas está em corpo e alma junto de Deus Pai, junto a seu Filho, junto ao Espírito Santo.

A fé católica soube reconhecer em Maria um sinal privilegiado do amor de Deus. Deus chama-nos, já agora, seus amigos; a sua graça atua em nós, regenera-nos do pecado, dá-nos forças para que, entre as fraquezas próprias de quem é pó e miséria, possamos refletir de algum modo o rosto de Cristo. Não somos apenas náufragos que Deus prometeu salvar; essa salvação já atua em nós. A nossa relação com Deus não é a de um cego que anseia pela luz mas que geme entre as angústias da obscuridade; é a de um filho que se sabe amado por seu Pai.

Dessa cordialidade, dessa confiança, dessa segurança, nos fala Maria. Por isso o seu nome vai tão direito aos nossos corações. A relação de cada um de nós com a nossa própria mãe pode servir-nos de modelo e de pauta para a nossa intimidade com a Senhora do Doce Nome, Maria.

(Cristo que passa, n. 142)


4. Como se reflete o Tempo de Advento na Santa Missa?

Este tempo de preparação para a vinda do Messias renasce na Liturgia da Santa Missa, uma vez que «a liturgia nos leva a celebrar o Natal de Jesus, porque nos recorda que Ele vem todos os dias às nossas vidas e voltará glorioso no final dos tempos» (Papa Francisco, Angelus, 01/12/2019). As leituras do Advento estão orientadas a testemunhar os momentos da história da salvação em que o Senhor reacende a esperança daqueles que acreditam na sua vinda e os convida à vigilância e à penitência. Assim, a Liturgia sublinha estas ideias através dos vários textos dos profetas, dos apóstolos e do próprio ensinamento de Jesus nos Evangelhos. «A meditação atenta dos textos da liturgia do Advento ajuda-nos a preparar-nos, para que a sua presença não passe despercebida» (“Tempo de Advento: Preparar para a vinda do Senhor”).

Considerando as passagens do Evangelho selecionadas para este tempo (cf. Lecionário das leituras da Missa, n. 93), no primeiro domingo reflete-se sobre a vinda do Senhor no fim dos tempos, a segunda vinda do Messias. Na leitura do Evangelho encontramos o trecho em que Jesus nos convida a estar vigilantes, a estar sempre despertos, porque não sabemos quando o Senhor virá (cf. Mc 13, 33-37, Mt 24, 37-44; Lc 21, 25-36). O segundo e terceiro domingos apresentam João Batista, que anuncia a chegada do Messias e a necessidade de conversão (cf. Mc 1, 1-8; Mt 3, 1-12; Lc 3, 1-18; Jo 1, 19-28) para o receber. Por isso, a Igreja convida os fiéis a pedir perdão pelos seus pecados e a viver a esperança de se saber acompanhados por Jesus Cristo.

Por outro lado, o quarto domingo concentra-se na preparação mais direta da primeira vinda do Senhor. A Liturgia propõe as leituras do Evangelho que relatam os acontecimentos mais próximos do Natal. Entre eles, o alegre anúncio do nascimento de Jesus feito pelo Anjo a Santa Maria e a S. José (cf. Mt 1, 18-24; Lc 1, 26-38). Deste modo, a Igreja anima os fiéis à alegria do encontro com o Menino Jesus. «É precisamente este encontro entre Deus e os seus filhos, graças a Jesus, que dá vida à nossa religião e constitui a sua singular beleza» (Papa Francisco, Admirável sinal).

Textos de S. Josemaria para meditar

Chegou o Advento. Que bom tempo para renovar o desejo, o anseio, o desejo sincero pela vinda de Cristo! Pela sua vinda quotidiana à tua alma na Eucaristia! – «Ecce veniet!» – está a chegar! – anima-nos a Igreja.

(Forja, n. 548)

Se lerdes as Sagradas Escrituras, descobrireis constantemente a presença da misericórdia de Deus: enche a terra, estende-se a todos os seus filhos, super omnem carnem; rodeia-nos,antecede-nos, multiplica-se para nos ajudar, e foi continuamente confirmada. Ao ocupar-se de nós como Pai amoroso, Deus tem-nos presentes na sua misericórdia: É uma misericórdia suave, bela como a nuvem que se desfaz em chuva.

Jesus Cristo resume e compendia toda a história da misericórdia divina: Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia. E noutra ocasião: Sede misericordiosos, como o vosso Pai celestial é misericordioso.

(Cristo que passa, n. 7)


5. Como nasceu este tempo litúrgico? Qual a sua origem?

A partir do século IV, a Igreja começou a viver o Advento como tempo diferente do resto do ano litúrgico. Começou na Hispânia e na Gália como uma preparação ascética e penitencial para as festividades do Natal.

No concílio de Saragoça, em 380, foi estabelecido que, de 17 de dezembro a 6 de janeiro, os fiéis deveriam assistir às celebrações diárias da Igreja. A tónica comum desta época era a ascese, a oração e as reuniões frequentes. Estas práticas foram sendo alteradas nas diferentes igrejas da Gália, Milão, Hispânia e Inglaterra até que no século VI foi introduzido, na liturgia romana, um período de Advento com seis semanas, mais tarde reduzido a quatro semanas pelo Papa S. Gregório Magno.

Com o tempo, o Advento romano foi adquirindo um maior significado e para além da preparação para o nascimento do Senhor, é também tempo de gozosa esperança do seu regresso no fim dos tempos (cf. J. A. Abad Ibañez, La celebración del Misterio Cristiano. Eunsa, 1996).

Textos de S. Josemaria para meditar

Temos de deitar fora todas as preocupações que nos afastem d'Ele; e assim terás Cristo na tua inteligência, Cristo nos teus lábios, Cristo no teu coração, Cristo nas tuas obras. Toda a vida– o coração e as obras, a inteligência e as palavras – cheia de Deus.

Olhai e levantai as vossas cabeças porque está próxima a vossa redenção, lemos no Evangelho. O tempo do Advento é o tempo da esperança. Todo o panorama da nossa vocação cristã, a unidade de vida que tem como nervo a presença de Deus, Nosso Pai, pode e deve ser uma realidade diária.

(Cristo que passa, n. 11).


6. Diferentes costumes do Advento

Em cada cultura, a piedade popular manifestou-se de várias formas. Com o início do Advento, os fiéis vivem vários costumes que os ajudam a preparar-se para meditar sobre os mistérios deste tempo litúrgico.

Um costume muito generalizado é a coroa do Advento. São ramos de pinheiro entrelaçados em forma de coroa com quatro velas, três roxas e uma cor-de-rosa, que são acesas cada domingo do Advento. As roxas representam o espírito de penitência, de conversão e de vigilância que se propõe neste tempo litúrgico, como preparação para a vinda de Cristo. A cor-de-rosa é reservada para o terceiro Domingo do Advento e representa a alegria pela proximidade do nascimento do Senhor. Nas igrejas, a coroa é acesa durante a celebração da Santa Missa. Nas casas, são acesas estando a família reunida, para rezar ou entoar cânticos do Advento.

Outra forma de preparar o nascimento do Senhor é fazer o presépio. As famílias cristãs conservam a tradição de representar com figuras, nas suas casas, o mistério da Natividade de Jesus. «De facto, o Presépio é como um Evangelho vivo que surge das páginas da Sagrada Escritura. Ao mesmo tempo que contemplamos a representação do Natal, somos convidados a colocar-nos espiritualmente a caminho, atraídos pela humildade d’Aquele que Se fez homem a fim de Se encontrar com todo o homem» (Papa Francisco, Admirável Sinal). As famílias reúnem-se para rezar e cantar canções de Natal junto do Presépio que se torna cenário para outros atos de piedade.

Outras tradições preparam os últimos dias do Advento com várias novenas, como as posadas no México, as missas aguinaldo em Porto Rico e nas Filipinas, a novena ao Menino Deus no Equador e na Colômbia e tantas outras manifestações de diferentes culturas. O que não falta no pensamento dos fiéis é o desejo de se preparar muito bem para receber o Menino Jesus.

Textos de S. Josemaria para meditar

Que segurança deve produzir-nos a compaixão do Senhor! Se ele clamar por mim, ouvi-lo-ei, porque sou misericordioso. É um convite, uma promessa que não deixará de cumprir. Aproximemo-nos, pois, confiadamente do trono da graça a fim de alcançar misericórdia e o auxílio da graça, no tempo oportuno. Os inimigos da nossa santificação nada poderão, porque essa misericórdia de Deus nos defende. E se cairmos por nossa culpa e da nossa fraqueza, o Senhor socorre-nos e levanta-nos. Tinhas aprendido a afastar a negligência, a afastar de ti a arrogância, a adquirir piedade, a não ser prisioneiro das questões mundanas, a não preferir o caduco ao eterno. Mas, como a debilidade humana não pode manter o passo decidido num mundo resvaladiço, o bom médico indicou-te também os remédios contra a desorientação e o juiz misericordioso não te negou a esperança do perdão.

(Cristo que passa, n. 7)

E, em Belém, nasce o nosso Deus: Jesus Cristo! Não há lugar na pousada: num estábulo. – E a Sua Mãe envolve-O em paninhos e reclina-O no presépio (Lc 11, 7). Frio. – Pobreza. – Sou um escravozito de José. – Que bom é José! –Trata-me como um pai a seu filho. – Até me perdoa, se estreito o Menino entre os meus braços e fico, horas e horas, a dizer-Lhe coisas doces e ardentes!...E beijo-O – beija-O tu – e embalo-O e canto para Ele e chamo-Lhe Rei, Amor, meu Deus, meu único, meu Tudo!... Que lindo é o Menino... e que curta a dezena!

(Santo Rosário, n. 3).

* * *

Em conclusão, o Advento é um tempo de preparação e um impulso para o encontro com Cristo. «O nosso caminho para Belém tem de ser uma busca de Jesus em todas as dimensões da nossa vida diária. Mas para isso devemos “endireitar os seus caminhos”. O que significa “endireitar os seus caminhos”? Significa retirar os obstáculos à vinda do Senhor a nós, às nossas almas, à nossa vida».

(Mons. Fernando Ocáriz, Meditação 07/12/2020).