«No primeiro dia já estávamos na água a ajudar os refugiados»

Òscar Camps explicou na IX Jornada de Caminhos de Liberdade o trabalho de salvamento de refugiados que a Proactiva Open Arms realiza no Mediterrâneo.

Foi numa mesa redonda sobre as perseguições e a liberdade, organizada pela Associació d’Amics del Camí de Pallerols de Rialb a Andorra no CaixaForum de Barcelona, por ocasião do 80º aniversário da Passagem dos Pirineus que S. Josemaria realizou para chegar a Andorra.

Uma centena de pessoas assistiram, no sábado, dia 21 de outubro de 2017 à IX Jornada de Caminhos de Liberdade, organizada pela Associació d’Amics del Camí de Pallerols de Rialb a Andorra, em que se debateram experiências recentes de perseguições e liberdades e se inseriu também, nesse contexto, o caminho que levou a cabo S. Josemaría, de Barcelona a Andorra, no outono de 1937.

Mortes a 600 km

Em 2015 um grupo de socorristas viram umas fotos de refugiados e decidiram partir para o Mar Egeu. «O mais incrível é que não havia lá ninguém a trabalhar. No primeiro dia já estávamos na água a ajudar. O diretor da ONG Proactiva Open Arms, Óscar Camps, denunciou que se estão a deixar morrer milhares de pessoas «a 600 km daqui», no Mediterrâneo, que «é a fronteira mais mortífera e militarizada do mundo».

Diz que os refugiados vêem «que os nossos cães comem mais e melhor do que os seus filhos». «Onde está a União Europeia?», perguntou. Nos dois anos a sua ONG salvou a vida a 55.000 pessoas. «O que podiam fazer 28 governos com os orçamentos que têm? Acabar depressa, não?». «Fecharemos quando a União Europeia fizer algo», assegurou.

Escândalo no Líbano

No Líbano, com uma extensão semelhante à da área metropolitana de Barcelona, há 4 milhões de habitantes e 1,2 milhões de refugiados sírios. Grande conhecedor do Médio Oriente, o correspondente de “La Vanguardia” em Beirute, Tomás Alcoverro, lamentou «que isto não provoque um escândalo internacional», e atribuiu-o a que «não se percebe o que está a suceder».

Quanto aos cristãos desses países, Alcoverro explicou que estão magoados e que percebem uma certa indiferença dos cristãos do Ocidente. Não entendem por que motivo não os ajudam para não terem que sair dos seus países. «Desconcerta-os que não vibremos por eles. (...) Mas de momento os cristãos emigram, e muito raramente penso que possam regressar», expôs.

Refugiados de 1937

A jornada coincidiu com o 80º aniversário da passagem de S. Josemaría por Barcelona, no outono de 1937, procurando o seu caminho de liberdade para Andorra. O doutor em história da UB, Federico Vázquez Osuna, contextualizou a situação daquele momento e deteve-se no juiz Pascual Galbe, que foi um bom amigo de S. Josemaría.

O doutor em filosofia e jornalista Jordi Miralbell centrou-se na permanência de S. Josemaría em Barcelona. Mostrou várias imagens inéditas de bilhetes de comboio, menus de restaurantes, cartas, desenhos e notas breves que os refugiados levaram nas mochilas, apesar das dificuldades do caminho que os conduziu a Andorra.