Meditação do Prelado (6 de abril): o Mandamento Novo

Segundo áudio do Prelado do Opus Dei sobre a Paixão do Senhor. O tema central é "o Novo Mandamento do Senhor", que podemos viver "nas nossas casas, todos os dias, em muitos pequenos actos de amor".

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Na Última Ceia, Jesus deu-nos o Mandamento novo: "Que vos ameis uns aos outros como Eu vos amei" (Jo 15, 12). E para que isto ficasse bem gravado na memória dos Seus discípulos e na de cada um de nós, lavou os pés aos Apóstolos.

S. João, na sua primeira Epístola, escreve: “Nisto conhecemos o amor: em que Ele deu a vida por nós. Por isso, também nós devemos dar a vida pelos nossos irmãos” (1Jo 3, 16).

Hoje vemos de uma maneira especial como tantas pessoas estão a dar a sua vida pelos outros.

Há muitas maneiras de dar a vida. Os pais de família, com os seus esforços por cuidar de cada um dos seus filhos; os profissionais que trabalham com espírito de serviço, procurando melhorar o ambiente à sua volta, sem se deixarem levar pela ânsia de ganância. Dão a vida os sacerdotes que atendem com abnegação todos os homens e mulheres que a eles recorrem para se encontrarem com Cristo.

Hoje vemos de uma maneira especial como tantas pessoas estão a dar a sua vida pelos outros. Começando pelos profissionais de saúde que arriscam as suas vidas por tantas pessoas que sofrem a pandemia. Carregam o sofrimento de cada doente e o dos seus familiares, que em muitos casos não os podem acompanhar. Não se limitam a cumprir o seu dever, têm consciência de que muitos se sustêm graças ao seu trabalho generoso. O mesmo se pode dizer de muitas outras pessoas que, com a sua tarefa tão necessária e que talvez passe despercebida, colaboram para que o mundo não pare: profissionais da distribuição, operadores de caixas de supermercado, farmacêuticos, polícias...

Hoje vemos de uma maneira especial como tantas pessoas estão a dar a sua vida pelos outros

Aqueles que têm contacto mais direto com a dor: médicos, enfermeiros, pessoal de saúde de todos os tipos e, naturalmente, os sacerdotes... tornam, de diversas formas, presente a companhia de Cristo àqueles que sofrem a doença, ou o medo, ou estão sós. Vamos rezar por todos eles, também para que, quando estiverem cansados ou se sintam superados pela situação, se lembrem de que Jesus os conforta.

Todos podemos colaborar de uma maneira ou de outra, às vezes também com pequenos gestos, como seja escrever mensagens a doentes, ou amigos, ou conhecidos que possam estar mais sozinhos. Todos nós podemos ter iniciativa e criatividade para ajudar, nos modos em que as autoridades o permitam, os idosos e pessoas mais vulneráveis.

Mas vivemos o Mandamento novo do Senhor nas nossas casas, em cada dia, com muitos pequenos atos de amor, que trazem paz e alegria às nossas famílias e às pessoas que nos rodeiam. S. Josemaria dá-nos este conselho: "Mais do que em ‘dar’, a caridade está em ‘compreender’.

Outras formas de tornar esse mandato vivo e de o fazer vida da nossa vida são: o perdão, o desculpar, o interesse sincero pelos outros, os pormenores de serviço na vida quotidiana, a paciência na família, que agora significa para muitos viver com serenidade o confinamento em casa...

Hoje é muito claro que o trabalho é, antes de mais, um serviço, e que a caridade pode dar-lhe o seu sentido mais pleno. Uma sociedade mantém-se em pé se houver quem contribua com os seus talentos, o seu esforço, o seu trabalho para o benefício dos outros, mesmo que isso exija sacrifício.

Durante a Última Ceia, Jesus também pediu ao Pai pela unidade de todos os que seriam Seus discípulos ao longo dos séculos. "Que todos sejam um: como Tu, ó Pai, estás em Mim e Eu em Ti, que também eles sejam um em Nós, para que o mundo acredite que Tu Me enviaste” (Jo 17, 21).

"Ut omnes unum sint", que todos sejam um. Não se trata apenas da unidade de uma organização humanamente bem estruturada, mas da unidade que dá o Amor com maiúscula: “Como Tu, Pai, em Mim e Eu em Ti”. Neste sentido, os primeiros cristãos são um exemplo claro, como diz o relato nos Atos dos Apóstolos: "A multidão dos crentes tinha um só coração e uma só alma" (At 4, 32).

Por ser uma consequência do amor, a unidade que Jesus nos pede não é uniformidade, mas comunhão. Trata-se da unidade na diversidade, manifestada na alegria de conviver com as diferenças, de aprender a enriquecer-se com os outros, de fomentar à nossa volta um ambiente de afeto, sem pôr condições, amando os outros como são.

Jesus salientou que esta unidade é condição de fecundidade na transmissão do Evangelho, no apostolado: "Para que o mundo acredite". Unidade que não origina um grupo fechado, mas que nos abre para oferecer a nossa amizade a todas as pessoas, nesta magnífica missão evangelizadora. A vocação do cristão, plenamente vivida, aproximará de Jesus os nossos amigos, os nossos colegas, quer já se encontrem, ou ainda não, próximos do Senhor.

"Como Tu, Pai, estás em Mim e Eu em Ti " (Jo 17, 21). Que o Senhor nos conceda o dom da unidade e nos ajude a torná-lo vida, em obras de serviço de uns pelos outros.


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