João Paulo II: a Igreja continua a rezar pela paz

O Papa reuniu-se no dia 21 de Dezembro na Sala Clementina com a Cúria Romana por motivo dos cumprimentos de Natal. Apresentamos um artigo do Vatican Information Service (VIS) que resume as palavras de João Paulo II nesse encontro tradicional.

João Paulo II começou por dizer que este Natal era para ele "especialmente significativo porque se insere no 25º ano do meu pontificado. Precisamente por isso faço-vos participantes do meu agradecimento ao Senhor - disse - pelos dons que me concedeu neste longo período de tempo ao serviço da Igreja universal".

"O nosso encontro - continuou - decorre num clima particular porque se celebra no Ano do Rosário. (...) A carta apostólica Rosario Virginis Mariae sublinhou o valor antropológico desta oração que, ajudando-nos a contemplar Cristo, leva-nos a olhar o ser humano e a história à luz do seu Evangelho".

O Santo Padre afirmou que não se pode esquecer que o rosto de Cristo "continua a apresentar um traço doloroso, de verdadeira paixão, pelos conflitos que ensanguentam tantas regiões do mundo, e por aqueles que ameaçam manifestar-se com renovada violência. A situação na Terra Santa continua a ser simbólica, como as guerras 'esquecidas', que não são menos devastadoras. O terrorismo continua ceifando vítimas e cavando mais fossos. Face a este horizonte banhado de sangue, a Igreja não cessa de fazer ouvir a sua voz, e sobretudo, continua a elevar a sua oração".

O Papa referiu-se posteriormente à beleza da criação, na qual se adverte "um raio do esplendor" do rosto de Cristo", mas também "a devastação que a negligência humana é capaz de causar no ambiente. (...) Por isso - acrescentou -, estou contente por ter podido testemunhar também este ano em diversas ocasiões o compromisso da Igreja no âmbito ecológico".

No que respeita às relações com os Estados, "recordei a todos - disse João Paulo II - a urgência de colocar no centro da política, nacional e internacional, a dignidade da pessoa humana e o serviço ao bem comum".

Depois de recordar a celebração da Jornada Mundial da Juventude, celebrada em Julho em Toronto (Canadá), o Santo Padre destacou "a presença tão numerosa de jovens", sem esquecer tantos outros "seduzidos por outras mensagens o desorientados por milhares de propostas diferentes . Os jovens têm o dever de evangelizar os seus coetâneos".

Depois o Papa recordou os progressos efectuados no caminho ecuménico, apesar de alguns "motivos de amargura". "Mas - prosseguiu - temos que fixar-nos mais nas luzes que nas sombras". E citou, além da declaração conjunta com o patriarca Bartolomeu I, a visita a Roma da Delegação da Igreja Ortodoxa da Grécia com uma mensagem do arcebispo de Atenas e de toda a Grécia, Sua Beatitude Christodoulos, o encontro com o patriarca ortodoxo romeno Teoctist com quem, no passado mês de Outubro assinou uma declaração comum.

"Quando chegaremos à comunhão plena com os irmãos ortodoxos?", perguntou. "A resposta permanece no mistério da Divina Providência, mas a confiança em Deus não nos dispensa do compromisso pessoal. Por isso é necessário intensificar acima de tudo o ecumenismo da oração e da santidade".

À santidade, "cume - destacou João Paulo II -, da paisagem eclesial", estiveram dedicados os últimos parágrafos do discurso do Pontífice, que deu graças a Deus pelas beatificações e canonizações deste ano: as de Pedro de São José Betancur, de Juan Diego e dos mártires de Oaxaca durante a sua viagem apostólica à Cidade de Guatemala e Cidade do México, e em Roma as do Padre Pio de Pietrelcina e de São Josemaría Escrivá de Balaguer, que suscitaram "um eco particular na opinião pública". "No sinal da santidade - concluiu - desenvolveu-se também a minha viagem apostólica à Polónia, para a dedicação do santuário da Divina Misericórdia em Cracóvia-Lagiewniki. Nessa ocasião recordei de novo ao nosso mundo, que se sente tentado pelo desânimo face a tantos problemas por resolver e às incógnitas ameaçadoras do futuro, que Deus é 'rico em misericórdia'. Para quem confia n'Ele nada está perdido definitivamente; tudo se pode reconstruir".

CIDADE DO VATICANO, 21 DEZ 2002 (VIS)