Investigadoras africanas recebem a Bolsa Guadalupe

Primeiro grupo de cientistas africanas inicia os seus trabalhos de investigação com Bolsas Guadalupe Harambee. O projeto nasceu em maio de 2019, no contexto da beatificação da cientista espanhola Guadalupe Ortiz de Landázuri.

Na sequência da abertura do primeiro concurso para Bolsas de Estudo Guadalupe, seis cientistas africanas iniciarão os seus trabalhos de investigação em centros internacionais de referência. Este projeto foi lançado por Harambee em maio de 2019, por ocasião da beatificação da cientista espanhola Guadalupe Ortiz de Landázuri.

Durante dez anos, Harambee concederá bolsas de estudo a cientistas consagradas e a jovens investigadoras em início de carreira da África subsariana, dando-lhes a possibilidade de colaborarem eficazmente no desenvolvimento dos seus países.

As primeiras bolseiras são:

Coumba Niang, física senegalesa, investigadora de pós-doutoramento com especialização em Meteorologia, funcionária do Laboratório de Física Atmosférica e Oceânica do Senegal, já iniciou o seu período de trabalho no ICMAT (Instituto de Ciências Matemáticas) do Conselho Superior de InvestigaçõesCientíficas de Madrid.

A investigação de Coumba Niang destina-se a prever a variabilidade dos ventos de monção, especialmente no Sahel, um fenómeno com repercussões na população local, nomeadamente nos transportes, na agricultura e na pecuária, bem como nos recursos hídricos e alimentares. Para tal, aplica um método desenvolvido pelos especialistas do Instituto de Ciências Matemáticas que lhe permitirá compreender melhor o movimento da monção na sua relação com as trocas de massas de ar em toda a África Ocidental.

Chiaka Anumudu, microbiologista nigeriana, é investigadora em Parasitologia no Departamento de Zoologia da Universidade de Ibadan, no estado de Oyo, na Nigéria. Licenciou-se em Microbiologia na Universidade do Benim, em 1990. Entre 1993 e 1999, fez o doutoramento em Parasitologia Celular na Universidade de Ibadan, onde leciona e continua a investigar, integrada na equipa do Professor Mark Nwafwu. Em 2008/09, trabalhou com Lava Kumar, especialista em parasitologia molecular. Em janeiro de 2020, passará seis meses no Laboratório da Faculdade de Farmácia da Universidade de Valência, em Burjasot, Espanha.

Lucía Katungwa, professora queniana de Química e Biologia, ganhou uma bolsa da Comissão Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (NACOSTI) do seu país para fazer o mestrado em Química Ambiental, que concluiu com uma tese sobre a síntese de um novo biossensor estruturado com polianilina e elétrodos de carbono modificado (CME) para análise e caracterização do bisfenol A.

Está a fazer o doutoramento na área da nanotecnologia, concretamente na produção de um biossensor nanoestruturado para a deteção precoce do cancro do pulmão com métodos eletroquímicos. Graças à Bolsa Guadalupe Harambee, passará um ano no Centro de Investigação da Faculdade de Ciências Aplicadas da Universidade Politécnica da península do Cabo, na África do Sul.

Celine Tendobi, médica congolesa. Concluiu o ensino secundário com distinção, o que lhe permitiu ingressar, em 2001, na Faculdade de Medicina da Universidade de Kinshasa, onde se licenciou e fez o internato. Posteriormente, fez o doutoramento com uma tese sobre o cancro cervical.

Em 2013, recebeu o Prémio Harambee Espanha para a Promoção e a Igualdade da Mulher Africana. Graças ao projeto Bolsas Guadalupe, vai poder prosseguir a sua investigação sobre o cancro cervical no Departamento de Obstetrícia e Ginecologia da Clínica da Universidade de Navarra, em Madrid, em janeiro de 2020.

Veronica Dalene Kembabazi, do Uganda, é recém-licenciada em Medicina pela Universidade de Kampala. Candidatou-se a uma bolsa de mestrado da Universidade de San Jorge de Saragoça mas, verificando que as aulas eram dadas em espanhol, língua que não domina, optou por um mestrado em Saúde Pública de características semelhantes na Universidade de Makerere. A Comissão Científica das Bolsas de Estudo Guadalupe aceitou a troca e Veronica Kembabazi está atualmente a cursar o referido mestrado em Kampala.

Ijeoma Uzoma é hematologista no Laboratório de Ciências da Faculdade de Ciências da Saúde e Tecnologia do Campus Enugu da Universidade de Nsukka, na Nigéria.

É membro do Conselho Nacional de Ciências Médicas da Nigéria, da Sociedade Africana de Genética Humana e da Fundação Internacional de Leucemia Crónica. Recebeu inúmeros prémios e distinções; já este ano, recebeu o prémio UICC Technical Fellowship Award. Em março de 2020, irá desenvolver um projeto de investigação na UIC (Universidade Internacional da Catalunha), em Espanha.