Entre o Direito e o Fado

Diogo Gonçalves, 27 anos, docente universitário e aluno de mestrado, é supranumerário do Opus Dei.

Quando é que pediu a admissão?

Sou da Obra desde Dezembro de 1998, quando ainda era caloiro na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Já era católico, a minha família também e sempre fui praticante... Mas aos 18 anos, quando se percebe melhor que temos a vida nas mãos e que gostamos de lhe dar um sentido unificador, achei melhor consolidar-me no espírito cristão de santificação do trabalho através da adesão ao Opus Dei.

Bem sei que a formação cristã do Opus Dei é aberta a todos e não exige que se pertença. Porque isso já tem a ver com aquilo a que na Igreja sempre se chamou “vocação”, um certo apelo interior que Deus faz, não como privilégio ou prémio, mas como missão e responsabilidade.

Esse apelo não incluía o celibato?

No meu caso, o caminho de encontro com Deus passa pela constituição de uma família, Casei há cerca de dois anos com a Joana. A Maria do Carmo nasceu há 8 meses.

Não é novidade que são muitas as situações da vida familiar que pedem de nós “um pouco mais”. Por vezes é custoso fazer o jantar naquele dia em que não me apetecia, para que a Joana descanse, levantar-me eu algumas noites quando a Carminho decide acordar mais cedo, mudar-lhe a fralda, e mil e uma coisas.

Chegar com tempo a casa para apoiar no que for preciso é outro esforço que vale a pena. O “negócio” fundamental é a minha família, que está primeiro que a realização profissional. Além disso, quero que a Joana tenha tempo e espaço para desenvolver a sua carreira de arquitecta. E isso passa também pelo tempo que lhe proporciono.

No Opus Dei tanto o marido como a mulher podem desenvolver os seus projectos profissionais de igual modo?

Com certeza! Basta reparar na quantidade de mulheres que exercem a sua profissão no dia a dia com tanto melhor ou igual desempenho que os homens que são seus colegas. Sei lá, há médicas, empregadas domésticas, juízas, professoras, artistas, economistas, jornalistas, etc, etc, etc.

A que se dedica profissionalmente?

Sou docente da Faculdade de Direito de Lisboa e estou a realizar o mestrado em ciências jurídicas, nomeadamente em Direito das Sociedades Comerciais. Interesso-me pelas áreas do Direito da Família, dos Direitos de Personalidade e da Bioética, onde a dignidade da pessoa humana e o bem da família se jogam de forma determinante. E assim também uno o interesse pela família – célula primeira e fundamental da toda a sociedade – com a investigação na área da nossa especialização.

É verdade que canta fado?

Só como hóbi.... Além disso ando a reparar que a minha filha parece ser a única que sinceramente me gosta de ouvir... pelo menos não chora!

Enquanto estudante integrei o Grupo de Fados, ia, com grupos de amigos, a tascas de fado vadio em Alfama ou no Bairro Alto onde cantávamos todos. Antes, no secundário cantei e participei em grupos de teatro. Agora só canto para os amigos, em festas ou tertúlias.