Desenvolver a capacidade de rapazes através da ciência

O recém-concluído Science Challenge, organizado pelo Helmbridge Study Centre, em Lagos, testou, durante cinco semanas, alunos participantes de Física, Química, Biologia, Matemática e Cultura Geral.

Durante 37 anos, o Helmbridge Study Centre, em Lagos, um projeto da Educational Cooperation Society, uma organização não governamental confiada ao Opus Dei (uma Prelatura Pessoal da Igreja Católica), tem transmitido conhecimento a rapazes de escolas secundárias públicas e privadas através dos seus desafios científicos, que recentemente produziram uma equipa de vencedores.

Nunca será demais referir a importância da ciência para a vida quotidiana, como mostra anualmente o Helmbridge Study Centre, um projeto da Educational Cooperation Society (ECS), organização não governamental confiada ao Opus Dei (uma Prelatura Pessoal da Igreja Católica).

Desde 1982, tem apoiadoalunos do ensino secundário, principalmenterapazes, para que tenham boas bases na área da ciência e desenvolvam os seus hábitos de estudo, bem como suas carreiras.

O Science Challenge, que durou cinco semanas, testou estudantes participantes de Física, Química, Biologia, Matemática e Cultura Geral.

Para cada escola participante havia equipas de estudantes com oito membros, quatro do equivalente ao nosso 10º ano e quatro do 11º ano, acompanhados por um delegado e um pequeno grupo de apoiantes.

Na edição de 2019, participaram 20 escolas públicas e privadas de Lagos e o St. Michael Anglican College, em Coker, foi o vencedor pela primeira vez em nove anos de participação no concurso. A equipa recebeu um troféu, um cheque de 150 000 nairas* e um certificado para cada membro.

Government College, em Surulere eSoliel High School, em Gbaja, Surulere, ficaram em segundo e terceiro lugares e ganharam troféus, um cheque de 100 000 nairas e 50 000 nairas respetivamente, e certificados para cada um dos membros.

O diretor do centro, Chris Itua, que aconselhou os alunos a estudarem bastante, serem determinados e focados nos seus objetivos, lamentou que as empresas preferissem patrocinar entretenimento e reality shows, em vez de assuntos que melhorariam a educação e o conhecimento.

Segundo ele, “é lamentável que as organizações não queiram patrocinar acontecimentos que promovam a educação, mas sim os reality shows. Hoje em dia, é mais fácil obter patrocínios para as raparigas do que para os rapazes. Houve até uma organização que nos disse que patrocinaria o evento apenas se fosse só para raparigas.”

Apesar de salientar a importância de cuidar dos rapazes, o diretor refere que a sua formação moral e física no sistema escolar está em falta.

Itua conta que o centro, criado em 1972, tem o objetivo de complementar o trabalho académico, moral e de caráter que os rapazes recebem em casa e na escola, acrescentando que está equipado com instalações que podem ser utilizadas gratuitamente aos fins de semana e feriados.

O encarregado dos testes, Obi Jude Onyekachi, que participou na competição há alguns anos, refere que nunca se exagerará na importância dada à educação, acrescentando que o governo tem sido indiferente em relação a esse tema.

“Um convite para um desafio como este é prestigioso. Se o concorrente ainda não se tinha começado a preparar, é preciso estudar bastante, porque há diferentes escolas e pessoas de origens distintas, é obrigado a estudar”, disse ele, acrescentando que a competição melhora o desempenho em disciplinas científicas e ajuda a manter um nível de seriedade.

"Com a preparação para o concurso, penso que os participantes poderiam fazer com facilidade qualquer exame."

Um gestor de media e consultor, Patrick Oke, mostrou-se preocupado com o facto de que o compromisso, a dedicação, o trabalho árduo e a concentração já não sejam relevantes no sistema escolar, acrescentando que as pessoas só estão interessadas em adquirir certificados e ganhar dinheiro rápido.

“As investigações mostram que 80% dos licenciados nigerianos não são empregáveis porque estão todos só à procura de certificados. O que todos procuram é passar no exame e tudo pode ser feito para conseguir isso.

Já não há pesquisa. Tudo o que entra na pesquisa foi reduzido, as pessoas estão à procura da maneira mais rápida de ganhar dinheiro. Todos deviam procurar aprender e resolver problemas, unir recursos e focarem-se em coisas que capacitem a sociedade. Mas todos querem ir para a escola para ganhar dinheiro.”

Patrick Oke lamentou que os jovens tenham sido pressionados a dedicarem-se a atividades que não trazem benefícios para a sociedade: “os jovens veem futebol o tempo todo e admiram jogadores que ganham muito dinheiro por jogar futebol. Em que é que ver futebol melhora cada um e a sociedade? Eles querem que se tornem músicos, jogadores de futebol, artistas, mas quando se trata de educar pessoas para que tenham competências para melhorar a sociedade, ninguém está interessado.

“É difícil obter patrocínios para programas como este, mas se for uma competição de música ou futebol as empresas nigerianas vão gastar 600 milhões de nairas para patrocinar os clubes de futebol do Arsenal e do Chelsea. Que faz isto aos jovens? São o alvo porque querem colocar ideias nas cabeças deles e estabelecer um plano para eles seguirem, o que não tem nada a ver com desenvolvimento social.

Oke, que era um convidado especial do programa, referiu que os jovens estão interessados em ir à China e à Malásia porque esses países ultrapassaram a Europa em pesquisa e exploração científica, acrescentando que veem a Nigéria como um país que não tem futuro para eles.

O consultor de media, que prometeu aumentar o prémio no ano seguinte para 250 000 nairas, aconselhou os jovens a ter uma mentalidade positiva de reconstrução do país, em vez de se concentrarem no que veem na televisão e nas redes sociais.

"Devem organizar a vossa cabeça, saber que são capazes de fazer qualquer coisa se pensarem de maneira original e saber que podem ser os cientistas de que estamos à procura se forem determinados."

O capitão da escola vencedora, Solomon Oyetunde, que ganhou um prémio de 20 000 nairas como melhor espectador, mostrou-se entusiasmado com o sucesso da sua escola, contando que a sua equipa estava motivada para vencer quando alcançou o terceiro lugar no ano passado.

"É um bom resultado para a minha equipa porque estivemos na escola durante as férias a estudar apenas para ter sucesso na competição."

Os seus professores de ciências, Mathew Ibiwoye e Philip Ajanaku, também expressaram entusiasmo com o sucesso da equipa, dizendo que o fato de a escola ter tido algumas dificuldades nos últimos nove anos os motivou a lutar pelo sucesso.

Acrescentaram que a escola tem um clube especial onde as disciplinas de ciências são ensinadas. “Tivemos que aumentar o número de dias de reunião e escolher os alunos que representariam a escola com base no mérito. Eles finalmente venceram, com trabalho árduo e orações.”

https://www.thisdaylive.com/index.php/2019/06/12/building-boys-capacity-through-science/

artigo de Funmi Ogundare

tradução de Maria Inês Moreira

(N.T. Um euro equivale a 395 nairas nigerianos)