Carta do Prelado para o encerramento do 75º aniversário do Opus Dei em Portugal (áudio)

Mons. Fernando Ocáriz recorda-nos a eficácia do trabalho apostólico que nos leva a estar alegres. Devemos conservar na memória tudo o que Deus faz nas nossas vidas e o facto de pertencer a esta família.

Caro José Rafael:

É para mim uma grande alegria poder estar unido, através destas palavras, à celebração do 75º aniversário do início do trabalho apostólico do Opus Dei em Portugal. Nestes momentos, ao lado de desafios especiais de saúde, sociais e laborais, continuamos a ter um imenso panorama apostólico à nossa frente.

Quando Francisco Martinez chegou a Coimbra em 1946, provavelmente não poderia imaginar as iniciativas que se haveriam de promover ao longo de todo este tempo para servir a Deus e a Igreja em Portugal. Mais uma vez, vemos que se tornou realidade o que S. Josemaria nos dizia: «Não te esqueças: muitas coisas grandes dependem de que tu e eu vivamos como Deus quer». Servir a Deus é uma missão que abraça toda a vida cristã, e que pode iluminar até os momentos mais aparentemente intranscendentes dos nossos dias.

Como nos recorda o Papa Francisco, citando a Evangelii nuntiandi de S. Paulo VI, aos cristãos foi dada a "suave e reconfortante alegria de evangelizar". No Evangelho, vemos os apóstolos com tanto trabalho que "nem sequer tinham tempo para comer", e vemos como manifestam a Jesus a sua alegria pela eficácia da sua atividade. A semente plantada há 75 anos deu fruto abundante, que se insere numa história muito fecunda, a dos cristãos portugueses que difundiram a fé pelos cinco continentes. Também no Opus Dei se semeou em Portugal e a partir de Portugal. Por vezes, pode parecer-nos que a nossa ação apostólica é estéril. No entanto, a fé assegura-nos que Deus torna sempre fecundas as nossas fadigas. E hoje podemos comprovar isso visivelmente.

Nestes meses de pandemia, muitas pessoas estão doentes, uma situação que nos leva a dar o melhor de nós mesmos para cuidar dos outros. S. Josemaria apoiou os alicerces do Opus Dei na oração, também na oração dos pobres e doentes que cuidava nos hospitais de Madrid, nos quais via Jesus. É nesta rocha firme que o trabalho da Obra em Portugal e em todo o mundo continua hoje a apoiar-se.

Este ano de celebração coincide com o Ano da Família convocado pelo Papa. É uma coincidência feliz, pois a Obra é uma família sobrenatural onde procuramos amar e compreender toda a gente. O Papa referiu-se à importância de conservar na memória tudo o que Deus faz nas nossas vidas: hoje, precisamente, fazemos memória destes 75 anos do trabalho do Opus Dei em Portugal, e agradecemos ao Senhor fazer parte desta família.

A presente celebração começou há um ano em Fátima e termina hoje ao lado da Nossa Senhora. O Beato Álvaro del Portillo, durante uma das suas visitas a este santuário, comentou: "Fátima é um tesouro para toda a Igreja. (....) Aqui os corações e as almas se enchem de vitalidade e deleite, aqui toca-se a Igreja, sente-se a presença da Santíssima Virgem Maria". A Mãe de Deus ajuda-nos no esforço por ter um coração como o seu, onde cabem todas as almas. Foi o que aconteceu aos pastorinhos e a tantos peregrinos neste santuário. Não hesitemos em pedir-lhe a Ela que nos torne inteiramente seus, que não vivamos senão para Jesus e para os outros.

A Obra é uma pequena parte da Igreja, e damos graças por este aniversário ter sido vivido em conjunto com toda a Igreja em Portugal, com os seus bispos e comunidades. Unimo-nos às suas intenções diante de Nossa Senhora de Fátima, especialmente na preparação da Jornada Mundial da Juventude em 2023.

Com a minha mais carinhosa bênção para as minhas filhas e os meus filhos de Portugal,

Roma, 5 de fevereiro de 2022