BeDoCare São Paulo: um legado para as futuras generações

Várias apresentações do BeDoCare - evento organizado para preparar o Centenário do Opus Dei - serão transmitidas ao vivo pelo Youtube. Na quinta-feira passada, 10 de outubro, começou o evento «BeDoCare São Paulo», que reúne iniciativas sociais, empresas e universidades para um intercâmbio de experiências e reflexões sobre como melhorar a sociedade.

Se não puder estar presente pessoalmente, não se preocupe, poderá acompanhar o evento ao vivo de qualquer parte do mundo pelo canal do YouTube.

🗓️ Data: 10, 11 e 12 de outubro
📍 Onde assistir: www.youtube.com/@BeDoCare


BE para SER, DO para FAZER, CARE para CUIDAR. Está é a mensagem principal do encontro BeDoCare, um projeto promovido pelo comité para a preparação do centenário do Opus Dei. A primeira edição ocorreu em Roma (de 28 e 30 de setembro de 2022) e haverá um novo evento em São Paulo.

BeDoCare nasceu no marco da preparação para os 100 anos do Opus Dei e do 20º aniversário de Harambee, uma iniciativa promovida no contexto da canonização de São Josemaria Escrivá.

A primeira edição reuniu 150 participantes de 35 países, representando 90 iniciativas que nasceram por inspiração dos ensinamentos do fundador do Opus Dei. Ao longo de três dias, houve intercâmbio de ideias sobre o possível legado social do centenário do Opus Dei, a revitalização de iniciativas sociais e o incentivo à sensibilidade social. Surgiram propostas inovadoras muito variadas. Os participantes concordaram com a conveniência de dar continuidade a este espaço de diálogo.

Dessa forma, BeDoCare surge como um fórum dinâmico e global, unindo profissionalismo e entusiasmo para enfrentar desafios sociais com a convicção de que cada ação conta na construção de um mundo mais solidário e sustentável.

Este ano, BeDoCare convida para um encontro sobre “o legado para as futuras gerações”. O evento terá participantes de vários países da América Latina. Será uma oportunidade de interação, diálogo e aprendizagem compartilhada entre ONGs, empresas e universidades, como fonte de inspiração para chegar a soluções criativas para problemas complexos.

A reflexão sobre o legado para as futuras gerações implica discutir a responsabilidade das empresas, das universidades e das ONGs no que diz respeito ao impacto socioambiental positivo e duradouro que elas podem gerar quando têm um propósito claro voltado para as necessidades e problemas sociais. Juntas, somam esforços na promoção do trabalho digno como condição essencial para o futuro dos jovens e do progresso social.

Veja mais no site: https://bedocare.org/pt-br/ e Instagram: @BeDoCare.


Entrevista a Vitória e Gustavo, que participaram no primeiro evento em Roma, 2022:

VITÓRIA

Vitória, qual o seu papel no evento BeDoCare?

Tive a oportunidade de participar no comité organizador da primeira edição do evento BeDoCare, realizado em Roma em 2022, sendo responsável por todo o processo de gestão e contacto com os participantes. Também desenvolvi parte do conteúdo que serviu como base para as discussões ao longo do evento e do material conclusivo. Embora eu não esteja mais diretamente envolvida nesse papel, continuo a acompanhar a preparação da edição brasileira em outubro de 2024.

Vitória Volpato, Fernanda Lopes e Jaime Cárdenas no evento de Roma

De onde surgiu a ideia de organizar este evento?

Em junho de 2021, o Prelado do Opus Dei convocou todos os membros da Obra e amigos a participar na preparação para o centenário do Opus Dei, que será de outubro de 2028 a fevereiro de 2030. Nessa ocasião comunicava também que tinha criado um comité de preparação para o centenário.

Esse comité propôs como primeira atividade uma reunião com iniciativas sociais nascidas sob o impulso dos ensinamentos de São Josemaria. O objetivo do encontro era contar com a contribuição dos participantes em três aspetos: formas de promover a sensibilidade social, revitalização do propósito das iniciativas sociais inspiradas na mensagem de São Josemaria e possível legado social do centenário do Opus Dei.

Quais foram as principais conquistas da primeira edição?

A conferência “Dilatar o coração”, pronunciada por Mons. Fernando Ocáriz, prelado do Opus Dei, foi inspiradora. Foi voltada especialmente para as pessoas que se dedicam profissionalmente a causas sociais, mas com ideias que podem ajudar qualquer pessoa que queira aprofundar na identidade e na missão do cristão na vida social a partir de quatro dimensões: a espiritual, a profissional, a pessoal e a coletiva.

Além disso, reunir pessoas de diferentes países que trabalham em iniciativas sociais já é em si algo enriquecedor. A criação de redes é muito importante porque permite recarregar as energias ao saber que não se está sozinho, que há muita gente preocupada em fazer o bem.

Por outro lado, apesar da grande variedade de perfis na edição de Roma, muitas vezes os desafios são parecidos: profissionalizar o serviço prestado, conseguir o financiamento necessário para continuar com os projetos, não perder a própria identidade no meio do esforço pela sobrevivência. Por meio do intercâmbio de experiências e de desafios comuns, pode-se chegar a novas soluções e a sinergias.

O prelado também lançou duas mensagens importantes e que, desde então, vemos que vão dando fruto: trabalhar com outros e investir na pesquisa.

A segunda edição do BeDoCare será em outubro de 2024, em São Paulo. Porquê no Brasil?

Em 2022, os participantes sugeriram a organização de encontros BeDoCare regionais, criando um espaço privilegiado para que organizações de uma mesma região, enfrentando desafios semelhantes, pudessem interagir. Nesse contexto, surgiu a proposta de realizar uma edição na América Latina, quando algumas pessoas presentes em Roma começaram a idealizar o evento. Além disso, o 50º aniversário da viagem de São Josemaria a vários países latino-americanos, incluindo o Brasil, reforçou a decisão de seguir adiante com o projeto.

E qual é a proposta desta segunda edição?

BeDoCare Roma nasceu com a intenção de inspirar processos de conscientização e renovação e a edição de São Paulo nasceu em continuidade com o encontro de 2022. No entanto, há algumas diferenças: a edição no Brasil, além de ter o foco na América Latina, apresenta um tema, que é “O legado para as futuras gerações”.

Outra diferença é que em São Paulo esperamos reunir não apenas ONGs, mas também universidades e representantes do setor privado para partilhar perspetivas e possíveis soluções para os desafios sociais. Há um grande potencial de colaboração entre esses setores, porque juntos podem refletir, conversar e inspirar-se para buscar soluções para enfrentar os desafios dos seus respetivos países.

Algumas pessoas pensam que o tema da preocupação social não estava presente nos ensinamentos de São Josemaria, e que só atualmente as pessoas do Opus Dei estão a falar disso. O que diria?

Ao ler os textos de São Josemaria e escutar o que dizia nos seus encontros com pessoas de diversos países, podemos encontrar essa preocupação social.

Há uma citação em Cristo que Passa que tem muita força: «Um homem ou uma sociedade que não reaja diante das tribulações ou das injustiças e se não esforce por as aliviar, não é um homem ou uma sociedade à medida do amor do Coração de Cristo. Os cristãos – conservando sempre a mais ampla liberdade quando se trata de estudar e de pôr em prática as diversas soluções, segundo um pluralismo bem natural – terão de convergir no mesmo anseio de servir a humanidade. Se não, o seu cristianismo não será a Palavra e a Vida de Jesus: será um disfarce, um embuste feito a Deus e aos homens» (n. 167).

É importante destacar que a preocupação social não é exclusiva do Opus Dei, mas algo que cultivamos como cristãos e que compartilhamos com muitas pessoas que, mesmo sem fé, trabalham generosamente em causas sociais. O específico do Opus Dei é a tradução dessa preocupação social na vida ordinária, buscando converter as realidades quotidianas num lugar de encontro com Deus e de serviço aos outros, transformando as estruturas sociais através do trabalho, fomentando a prática das virtudes…

De certa forma, essa preocupação social que todos devemos cultivar está “dentro” do espírito do Opus Dei: cristãos no meio do mundo que procuram santificar-se no trabalho. Estar no meio do mundo compreende reconhecer que somos seres em relação com os demais – «nenhuma vida humana é uma vida isolada, mas entrelaça-se com as outras vidas», dizia São Josemaria – e que estamos chamados a cultivar uma sintonia com o tempo em que vivemos, incluídos os seus desafios. Mons. Fernando Ocáriz recordava que «’amar o mundo apaixonadamente’ implica conhecê-lo, cuidar dele e servi-lo».

Muitas pessoas preocupam-se com as questões sociais e necessidades do seu ambiente. Mas, às vezes, sentem que não podem fazer nada para colaborar. O que diria?

Eu recordaria umas palavras que o prelado do Opus Dei disse aos brasileiros quando esteve em São Paulo: «Não pensem que não podem fazer nada. Às vezes podemos fazer mais do que pensamos».

Acontece que às vezes não fazemos nada porque não somos capazes de “resolver” um problema social, mas será que não podemos ajudar em algo? Se cada pessoa tiver iniciativa e fizer o bem que está ao seu alcance, mesmo que seja pequeno, é possível criar um movimento de solidariedade e atenuar a globalização da indiferença de que o Papa Francisco fala.


GUSTAVO

Gustavo, está a colaborar na organização do BeDoCare São Paulo?

Sim, eu colaborei diretamente na organização do BeDoCare Brasil. Participei na gestão de palestrantes e convidei diversas pessoas de referência no 3º setor para enriquecer o evento. Também ajudei a articular colaboradores essenciais para fortalecer a iniciativa, assegurando que o encontro reflita o compromisso que tenho com a transformação educacional, corporativa e o impacto social positivo no Brasil e na América Latina – uma missão que o CEAP me permite realizar com prestígio e reconhecimento há décadas.

Algumas pessoas questionam como vai funcionar a troca de experiências entre os participantes. Poderia explicar?

A troca de experiências no BeDoCare é estruturada para promover um diálogo enriquecedor entre os participantes. Participei na primeira edição em Roma e presenciei como as sessões de co-criação e mesas redondas incentivam o compartilhamento de ideias entre ONGs, empresas e universidades. Além disso, é muito motivador ver outras organizações a enfrentar desafios semelhantes e perceber que todos estão unidos por uma missão comum: o bem do próximo. Esse ambiente gera ótimas oportunidades de networking e discussões focadas em soluções de impacto social que vão muito além do evento.

O que espera do BeDoCare São Paulo?

Espero contagiar-me com o vigor de pessoas que estão determinadas a revolucionar o mundo. Quero aprender com as experiências de outras instituições que partilham essa mesma visão e, principalmente, iniciar novas parcerias que possam gerar ainda mais impacto social, indo além do que já fazemos. Esses momentos de troca e colaboração são sempre inspiradores e ajudam a expandir nossas possibilidades de transformar a realidade de quem mais precisa.

Veja a live do Gustavo no Instagram