Chamo-me Renato, tenho 32 anos e conheci o Opus Dei há alguns meses através do programa GOS (Gestão de Organizações Sociais) da AESE Business School. Sou gestor de empresas e dedico-me em part-time de forma voluntária a lares de idosos no distrito de Lisboa. Pensei sempre que a minha vida profissional deveria compatibilizar-se com outras iniciativas sociais. A minha mulher trabalha no Lar de São Lourenço da Ericeira e os relatos diários sobre a vida dos idosos e o impacto da pandemia neles sempre me despertaram para fazer algo por eles e alegrar-lhes a vida.
aprendi com S. Josemaria que não me posso negar a fazer o bem que está ao meu alcance através de pequenas coisas
Por outro lado, tenho um trabalho profissional exigente e não tenho muito tempo, nem sei fazer grandes coisas. Também aprendi com S. Josemaria que não me posso negar a fazer o bem que está ao meu alcance através de pequenas coisas. E foi assim que começou uma história muito pequena que envolveu os idosos dos lares de Lar de São Lourenço (Ericeira) e outros em Lisboa: Lar de Santa Teresinha, Lar de Santa Isabel, Lar Princesa Santa Joana e ao Centro de Dia Sagrada Família da Pontinha.
No passado mês de maio alguns dos utentes destes lares gostariam de participar nas tradicionais peregrinações a Fátima para rezar a Nossa Senhora. Devido à pandemia foi impossível, o que os deixou muito tristes. Fátima diz-lhes muito: em cada um dos lares reza-se diariamente o “Terço da Capelinha”.
Contei esta situação na tertúlia de um círculo de cooperadores que assisto na Residência Montes Claros. Entre os presentes surgiu uma ideia. Já que essas pessoas não podem ir a Fátima, porque não vamos nós por eles?
A ideia pareceu-me interessante. Tinha lido recentemente na mensagem do Papa para o dia do idoso um apelo a uma “aliança de vida” entre jovens e idosos, para combater “os laços desfeitos, as solidões, os egoísmos e as forças desagregadoras”.
Tinha lido na mensagem do Papa para o dia do idoso um apelo a uma “aliança de vida” entre jovens e idosos
Pensei nesse momento que os jovens poderiam levar mensagens dos menos jovens. Pensei no número 75 e nos 75 anos do Opus Dei em Portugal. Se calhar haveria 75.000 pessoas que gostavam de o fazer, mas tenho ao meu alcance pedir estas 75 mensagens.
E assim começamos. A proposta foi acolhida em cada um dos lares e animadores com muito entusiasmo. Os utentes tinham poucas linhas para expressarem os seus pedidos a Nossa Senhora. Outros perderam alguma prática na escrita e queriam fazer boa letra porque “estas linhas são para Nossa Senhora de Fátima”.
Outros perderam alguma prática na escrita e queriam fazer boa letra porque “estas linhas são para Nossa Senhora de Fátima”.
Já tínhamos 75 mensagens e era preciso fazê-las chegar ao seu destino. Poderíamos levá-las de carro. Mas um grupo de ciclistas amadores (Tigers Bike Group) que costumam andar de bicicleta nos sábados de manhã fizeram seu o projeto e comprometeram-se a levar estas mensagens. O dia escolhido foi sábado, 31 de julho, um dia especial: dia de S. Inácio de Loyola deste ano inaciano que assinala o 500.º aniversário da sua conversão.
E assim Frederico, Guilherme e Jorge saíram de Lisboa às 6h da manhã. Destino: Fátima e na mochila as 75 intenções de idosos de Lisboa e Ericeira. A viagem fez-se bem com paragens em Vila Franca de Xira, Santarém e Alcanena. A viagem durou 6h25 min. e 142km depois as mensagens estavam entregues. Deixamos as mensagens aos pés de Nossa Senhora e entregamos a caixa no Santuário.
Nesse dia, em cada um dos lares desta iniciativa, rezou-se o terço como todos os dias, mas com algumas intenções especiais: pelo Papa Francisco, pelos Bispos Portugueses, pelas famílias portuguesas no Ano da Família, em ação de graças pela atividade da Companhia de Jesus em Portugal e em agradecimento pelos 75 anos do Opus Dei em Portugal.
Vejo outra vez a Mensagem do Papa para o Dia Mundial dos Avós e Idosos e fez-me pensar: “Perguntemo-nos: ‘Visitei os avós? Os idosos da minha família ou do meu bairro? Prestei-lhes atenção? Dediquei-lhes algum tempo?’”. Olho para trás e vejo que esta iniciativa foi um pequeno grão de areia para consolar tanta gente que sofre. Também agradeço a cadeia de generosidade: os responsáveis e os animadores dos lares e a ajuda dos meus amigos ciclistas. E tenho a certeza que Nossa Senhora, S. Josemaria e S. Inácio não se esquecerá de todos.