Os anos de 2020 e 2021 foram um marco histórico a nível mundial. A Guatemala não foi exceção. A pandemia causada pela Covid-19 causou muitas perdas humanas e económicas, muito sofrimento e incerteza.

As medidas impostas pelo governo do meu país isolaram-nos quase totalmente. No meio deste caos, Nosso Senhor chamou-me da forma mais inesperada.

Embora o meu avô tenha sido o meu primeiro catequista para a primeira comunhão e para o crisma, a minha mãe ensinou-me as primeiras orações vocais e o meu pai a importância de ir à missa, não sentia grande interesse em procurar e conhecer melhor Deus.

A minha juventude foi de pouca perseverança na fé. Mas sabia muito bem que alguma coisa me faltava: além disso, caía facilmente na monotonia e não sabia superar as desilusões. Tinha mudado de curso (comecei por estar em Medicina) e de Faculdade. Não via claramente o que queria para a minha vida nem que rumo tomar. Enfim, sentia-me vazio. E a piorar a situação, não incluía Deus nos meus planos. Ele ocupava um lugar... escondido e sem protagonismo.

Durante a pandemia, a mãe da minha namorada teve um cancro terminal e, infelizmente, faleceu. Nas semanas anteriores, tentei encontrar diferentes maneiras de consolar e apoiar a minha namorada. Pouco depois de saber a notícia, comecei a dar-me mais com Nosso Senhor, retomei a oração com mais frequência e rezava o terço pedindo a Nossa Senhora pela saúde da mãe dela.

Frases de santos para nos animarem

Um dia, que tinha sido um dos mais difíceis para as duas, quis procurar palavras de ânimo e veio-me à ideia procurar citações de santos na Internet. Queria encontrar uma frase que lhes desse força e esperança.

Escrevi no motor de busca do Google, textualmente: "Citações de santos para consolar ". Passado algum tempo encontrei uma que me chamou muito a atenção e enviei-a à minha namorada para a reconfortar.

A frase era: «Lembra-te bem e sempre: mesmo que alguma vez pareça que tudo vem abaixo, nada se desmorona, porque Deus não perde batalhas». E por baixo, o nome do santo: Josemaria Escrivá de Balaguer.

Quando li a frase, percebi que, mais do que para a minha namorada e a mãe, a frase me interpelava a mim. Senti no meu coração uma inquietação que nunca tinha experimentado antes. E comecei a investigar: Quem é este santo? Haverá mais informação sobre as suas obras e a sua mensagem? Lembro-me bem que durante toda a tarde me empenhei em saber mais sobre S. Josemaria. Lendo em diferentes sites na Internet, soube que a sua morte tinha sido relativamente recente, e também que tinha visitado a Guatemala. Quanto mais pesquisava, mais perplexo ficava.

Pensei que, se tinha morrido recentemente, devia haver vídeos dele. Comecei à procura de vídeos no YouTube e encontrei um com o título: Tu podes ser santo. Durante os três minutos do vídeo, fiquei maravilhado: senti uma chamada que me chegava diretamente ao coração, uma coisa que até hoje não consigo explicar.

No vídeo encontrei palavras lindas de S. Josemaria, tais como: «Eu vivo porque estou apaixonado, é claro, senão isto não seria vida»; «Não é verdade que os teus dias sejam sempre iguais: se puseres amor nos teus dias, cada dia se torna diferente»; «Tens obrigação de contribuir para a felicidade de todos, não podemos ser egoístas»; «No imenso panorama do trabalho, Deus está à nossa espera em cada dia»… No meio da suavidade com que as pronunciava, decidi ir a um Centro do Opus Dei. Devo salientar que tudo isto aconteceu no mesmo dia em que enviei a frase à minha namorada.

"Sabia que nada tinha acontecido por acaso".

As palavras "Quero ser santo" tinham-me ficado gravadas. Nunca tinha estado tão convencido de que queria alcançar uma meta. No dia seguinte escrevi a um bom amigo meu, que tinha conhecido quando era estudante de Medicina, pois tinha a ideia de que ele pertencia à Obra. De facto, quando lhe escrevi, respondeu-me que teria todo o gosto em me ajudar.

Deu-me imediatamente um número e uma morada onde podia ir. Liguei também para o Gabinete de Imprensa da Obra na Guatemala, e lá concordaram em dar-me o endereço do Centro que eu poderia visitar.

Nessa mesma semana fui ao Clube Universitário Balanyá com a minha mãe, para conhecer melhor a Obra, e fiquei fascinado. Intuía que era o caminho que Deus queria que eu seguisse para me encontrar com Ele, para me formar como cristão e para O conhecer melhor.

Comecei a assistir a um círculo de S. Rafael, que era aos sábados, por zoom, porque ainda estávamos nos meses mais difíceis da pandemia. Participei nas veladas ao Santíssimo Sacramento às quintas-feiras, com lugares limitados, assisti às recoleções, e comecei a ter direção espiritual e a confessar-me a um sacerdote da Obra.

Tudo isto me alimentava, e fortalecia a minha vida interior. Sentia-me feliz e com muita serenidade. Após nove meses de formação, direção espiritual e muita oração, eu sabia, bem no fundo do meu coração, que não queria perder esta oportunidade de ganhar intimidade com o Senhor, sabia que nada tinha acontecido por acaso. Queria servi-Lo, ser-Lhe útil e não me separar do Seu amor. O vazio e a falta de sentido na minha vida tinham desaparecido.

Compartilhar o que se recebe

Com estas convicções firmes no meu coração, pedi a admissão como supranumerário, em 23 de novembro de 2021, certo de que Deus me tinha conduzido por este caminho dentro da Igreja.

Com o tempo, aprendi que o que se recebe deve ser partilhado. Por isso, juntamente com esta experiência, não hesitei em levar esta alegria aos meus amigos. Por exemplo, falei com um amigo que eu conhecia há anos. A sua situação era difícil, pois vivia em união de facto e não se atrevia a frequentar os cursos de formação cristã.

Finalmente, com a ajuda de Nossa Senhora, convenceu-se, e fomos ao Clube Universitário Balanyá. Nesse mesmo dia, decidiu ir confessar-se e lembro-me que quando saiu, disse-me: «Nunca esperei tal coisa, fui confessar-me e prometi a Deus que me vou casar». Coisa que fez, três meses depois. A minha alegria era incomparável, queria definitivamente isto para todos os meus amigos: a alegria de ser cristão e de seguir o Senhor.

S. Josemaria dizia que quando se saboreia o amor de Deus, se sente o peso das almas. Quem diria que uma pesquisa no Google me levaria a dar sentido a toda a minha vida, e a ajudar os meus amigos a terem o seu encontro com Cristo, como eu o tive, graças à Internet.