Fui para Utrecht para frequentar a Universidade. Queria estudar Medicina. Necessitava de uma residência onde viver e fui parara Hogeland, conhecida pela sua clara inspiração católica. Tinha sido educada na ideia de que a fé católica era uma doutrina errónea, por isso perguntei a mim própria se seria razoável que fosse viver para Hogeland. Coisas da juventude, e escolhi a vantagem da dúvida e passado pouco tempo descobri que as coisas não eram como as tinha imaginado. Encontrei um ambiente de grande liberdade e respeito.
Há um ano e meio uma colega da Universidade converteu-se e isso fez-me pensar, muito. Dava-me conta de acreditávamos no mesmo Deus. Apesar de ter uma forte sensação de unidade com a fé católica, havia dois pontos de desunião: a Eucaristia a o modo de encarar Maria, a Mãe de Deus. Depois de dedicar tempo ao estudo destes e outros temas, decidi fazer a profissão de fé na comunidade protestante à que pertence a minha família, ainda que encontrasse dificuldades nalguns pontos, entre outros no modo como viam a Igreja Católica.
A decisão de não continuar a procurar e deixar tudo nas mãos de Deus não me deu paz. As dúvidas não me largavam e estava intranquila. Na residência de Hogeland há um oratório, onde muitas estudantes vão rezar ou assistem à Missa que um sacerdote do Opus Dei celebra todos os dias.
Recordo que não podia passar junto do oratório sem sentir a necessidade de entrar. É difícil explicar os sentimentos. Na situação em que me encontrava, sabia que se me decidia a entrar no oratório e ajoelhasse ante a Sua Presença no sacrário, não podia continuar a ser protestante. Mas não me comprometia a fazê-lo: não tinha coragem nem a segurança de poder tomar tal decisão. Não queria desobedecer nem à minha comunidade cristã nem à minha família, de modo que decidi deixar passar tempo na esperança de que todos os meus “problemas” desapareceriam.
“Deus não se cansa de esperar”
Depois veio o Natal e a claridade que esperava encontrar neste tempo de felicidade e descanso não se produziu. A leitura de uma passagem do livro “Por fim em Casa”, de Henri Nouwen, voltou a dar-me esperança. Fez-me muito bem ler que Deus nos quer infinitamente, tanto que não deseja de nós um amor obrigado, mas livre. Ele sabe esperar.
Mas o que teve um papel decisivo na minha conversão foi a Eucaristia. Tina inveja das pessoas que iam todos os dias à Missa. Não podia imaginar a minha vida católica sem ir diariamente à Missa. Também foi importante, sem dúvida, encontrar no Papa a figura de um pai, e ver brilhar o rosto de Cristo nos sacerdotes católicos que conheci.
Olhando parar trás, não deixa de me surpreender como Deus actuou comigo. Por um lado, porque a maior parte da fé católica a aprendi bebendo uma chávena de chocolate quente com a minha amiga Agnes. Por outro lado, e reflectindo seriamente, porque comprovei na minha própria pele que Cristo vive. Se escrevo estas coisas é tão só para fazer que participem no meu agradecimento. Como diz um sacerdote que ajudou neste caminho até à fé plena, “não só devo estar agradecida pelo que recebi, mas também pelo que a partir de agora pode significar para os outros, se sou fiel”.
Hogeland é uma residência para universitárias de Utrecht, na qual as actividades de formação espiritual estão entregues à Prelatura do Opus Dei.
Para mais informação: www.instudo.nl/hogeland/index.html