31 de dezembro: rezar o “Te Deum”

Um tradicional exercício de piedade popular no último dia do ano é rezar a oração “Te Deum”, um hino de ação de graças por todos os benefícios recebidos.

Na maioria dos países do Ocidente, neste dia, celebra-se o encerramento do ano civil. O acontecimento leva os fiéis a refletirem sobre o “mistério do tempo”, que corre veloz e inexorável. Isto provoca no nosso espírito duplo sentimento: de arrependimento e de pesar pelas culpas e ocasiões de graça perdidas ao longo do ano que chega ao fim; e de gratidão pelos benefícios recebidos do Senhor.

Esta atitude deu origem ao costume de entoar festivamente o hino do "Te Deum" em ação de graças a Deus pelo ano que se finda.

Veja abaixo o texto do Te Deum em Português ou Latim.

Oferecemos a seguir alguns pontos de meditação sobre este hino que os cristãos rezam desde o século IV:


S. Josemaria

É muito grato a Deus o reconhecimento da sua bondade rezando um "Te Deum" de ação de graças, sempre que há um acontecimento um pouco extraordinário, sem avaliar se é –como o mundo lhe chama– favorável ou adverso: porque vindo das suas mãos de Pai, ainda que o golpe do cinzel fira a carne, é também uma prova de Amor, que tira as nossas arestas para nos aproximarmos da perfeição.

Forja, n. 609


Papa Francisco

A Igreja em muitas ocasiões sente a alegria e o dever de elevar o seu cântico a Deus com estas palavras de louvor, que desde o quarto século acompanham a oração nos momentos importantes do seu peregrinar terreno. É a alegria do agradecimento que quase espontaneamente promana da nossa oração, para reconhecer a presença amorosa de Deus nos acontecimentos da nossa história. Ela tem necessidade de se reforçar com a companhia de todo o povo de Deus, que em uníssono faz sentir o seu cântico de agradecimento. Por isso, no Te Deum pedimos a ajuda aos Anjos, aos Profetas e a toda a criação para louvar ao Senhor. Com este hino percorremos de novo a história da salvação na qual, por um misterioso desígnio de Deus, encontram lugar e síntese também as várias vicissitudes da nossa vida deste ano que está a findar.

31/12/2015


Bento XVI

O Te Deum que elevamos ao Senhor esta tarde, no final de um ano solar, é um hino de ação de graças que inicia com o louvor –“Nós vos louvamos, ó Deus, nós vos proclamamos Senhor”– termina com uma profissão de fé – “Vós sois a nossa esperança, não seremos eternamente confusos”. Qualquer que tenha sido o andamento do ano, fácil ou difícil, estéril ou rico de frutos, nós damos graças a Deus. Com efeito, no Te Deum está contida uma sabedoria profunda, aquela sabedoria que nos leva a dizer que, apesar de tudo, existe o bem no mundo, e este bem está destinado a vencer graças a Deus, o Deus de Jesus Cristo encarnado, morto e ressuscitado.

Sem dúvida, às vezes é difícil compreender esta realidade profunda, uma vez que o mal faz mais ruído do que o bem; um homicídio atroz, violências difundidas e graves injustiças fazem notícia; ao contrário, os gestos de amor e de serviço, o cansaço quotidiano suportado com fidelidade e paciência permanecem muitas vezes na sombra, não sobressaem. Também por este motivo, não podemos deter-nos apenas nas notícias, se quisermos compreender o mundo e a vida; devemos ser capazes de parar no silêncio, na meditação, na reflexão calma e prolongada; devemos saber parar para pensar. Deste modo, a nossa alma pode encontrar a cura para as inevitáveis feridas da vida diária, pode penetrar profundamente nos acontecimentos que se verificam na nossa vida e no mundo, e chegar àquela sabedoria que permite avaliar as coisas com um novo olhar. Sobretudo no recolhimento da consciência, onde Deus nos fala, aprendemos a considerar verdadeiramente as nossas próprias ações e também o mal presente em nós e ao nosso redor, para empreender um caminho de conversão que nos torne mais sábios e melhores, mais capazes de gerar solidariedade e comunhão, de vencer o mal com o bem.

31/12/2012


S. João Paulo II

Te Deum laudamus! Sim, louvamos-te, ó Pai, Senhor do céu e da terra. Agradecemos-te porque enviaste o teu Filho, que se fez um pequeno Menino, para dar plenitude ao tempo. Isto foi do teu agrado (cf. Mt 11, 25-26). Nele, teu Filho unigênito, Tu abriste para a humanidade o caminho da salvação eterna.

Elevamos a ti a nossa solene ação de graças pelos inúmeros benefícios que concedeste ao longo deste ano. Louvamos-te e damos-te graças, juntamente com Maria, "que ofereceu ao mundo o Autor da Vida" (Antíf. lit.).

31/12/2003


Te Deum em Português

Nós vos louvamos, ó Deus, nós Vos bendizemos, Senhor.

Toda a terra Vos adora, Pai eterno e omnipotente.

Os Anjos, os Céus e todas as Potestades, os Querubins e os Serafins Vos aclamam sem cessar:

Santo, Santo, Santo, Senhor Deus do Universo.

O céu e a terra proclamam a Vossa glória.

O coro glorioso dos Apóstolos, a falange venerável dos Profetas, o exército resplandecente dos Mártires cantam os vossos louvores.

A Santa Igreja anuncia por toda a terra a glória do Vosso nome:

Deus de infinita majestade, Pai, Filho e Espírito Santo.

Senhor Jesus Cristo, Rei da glória, Filho do Eterno Pai.

Para salvar o homem, tomastes a condição humana no seio da Virgem Maria.

Vós despedaçastes as cadeias da morte e abristes as portas do céu.

Vós estais sentado à direita de Deus, na glória do Pai.

E de novo haveis de vir para julgar os vivos e os mortos.

Todos se ajoelham no seguinte versículo:

Socorrei os vossos servos, Senhor, que remistes com Vosso Sangue precioso.

E recebei-os na luz da glória, na assembleia dos Vossos Santos.

Salvai o Vosso povo, Senhor, e abençoai a Vossa herança.

Sede o seu pastor e guia através dos tempos e conduzi-os às fontes da vida eterna.

Nós Vos bendiremos todos os dias da nossa vida e louvaremos para sempre o Vosso nome.

Dignai-Vos, Senhor, neste dia, livrar-nos do pecado.

Tende piedade de nós, Senhor, tende piedade de nós.

Desça sobre nós a Vossa misericórdia, porque em vós esperamos.

Em Vós espero, meu Deus, não serei confundido eternamente.

V/ . Bendigamos o Pai e o Filho, com o Espírito Santo.

R/. Louvemo-Lo e exaltemo-Lo por todos os séculos dos séculos.

V/ . Senhor, escutai a minha oração.

R/. E o meu clamor chegue até Vós.

Os sacerdotes acrescentam:

V/ . O Senhor esteja convosco.

R/. Ele está no meio de nós.

OREMOS

Ó Deus, cuja misericórdia é infinita e inesgotável a bondade,

damos graças à Vossa divina Majestade, pelos bens que recebemos, implorando sempre a Vossa clemência, para que, não abandonando aqueles a quem concedeis o que Vos pedem, os disponhais a receber as recompensas eternas. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

R/. Amém.


Te Deum em Latim

Te Deum laudámus: te Dóminum confitémur.
Te æternum Patrem omnis terra venerátur.
Tibi omnes Angeli, tibi cæli et univérsæ potestátes;
Tibi Chérubim et Séraphim incessábili voce proclámant:
Sanctus, Sanctus, Sanctus Dóminus Deus Sábaoth.
Pleni sunt cæli et terra maiestátis glóriæ tuæ.
Te gloriósus Apostolórum chorus, Te Prophetárum laudábilis númerus, Te Mártyrum candidátus laudat exércitus.
Te per orbem terrárum sancta confitétur Ecclésia.
Patrem imménsæ maiestátis; Venerándum tuum verum et únicum Fílium; Sanctum quoque Paráclitum Spíritum.
Tu, Rex glóriæ, Christe, Tu Patris sempiternus es Fílius.
Tu, ad liberándum susceptúrus hóminem, non horruíste Vírginis úterum.
Tu, devícto mortis acúleo, aperuísti credéntibus regna cælórum.
Tu ad déxteram Dei sedes in glória Pátris.
Iudex créderis esse ventúrus.
[genuflexit]
Te ergo quaésumus tuis fámulis súbveni, quos pretioso sánguine redemísti.
Ætérna fac cum Sanctis tuis in glória numerári.
Salvum fac pópulum tuum, Dómine, et bénedic hæreditáti tuæ.
Et rege eos, et extólle illos usque in ætérnum.
Per síngulos dies benedícimos te. Et laudámus nomem tuum in saéculum, et in saéculum saéculi.
Dignare, Dómine, die isto sine peccáto nos custodire.
Miseréri nostri, Dómine, miserére nostri.
Fiat misericórdia tua, Dómine, super nos, quæmadmodum sperávimus in te.
In te, Dómine, sperávi: non confúndar in ætérnum.

V/. Benedicámus Patrem, et Filium, cum Sancto Spíritu.
R/. Laudémus, et superexaltémus eum in sæcula.

V/. Benedíctus es, Dómine, in firmaménto cæli.
R/. Et laudábilis, et gloriósus, et superexaltátus in sæcula.

V/. Dómine, exáudi oratiónem meam.
R/. Et clamor meus ad te véniat.

Orémus:

Deus, cuius misericórdiæ non est númerus, et boni- tátis infinítus est thesáurus; piíssimæ Maiestáti tuæ pro collá- tis donis grátias ágimus, tuam semper cleméntiam exorántes; ut, qui peténtibus postuláta concédis, eósdem non déserens, ad præmia futúra dispónas. Per Christum Dóminum nostrum. Amen.


Ver também:

A gratidão que nos leva a lutar
Quais são os verdadeiros motivos que dinamizam um cristão? Que procuramos quando dizemos que queremos ser melhores? A luta deve centrar-se em Deus, não em nós, sugere este texto.

«Dá-Lhe graças por tudo, porque tudo é bom»

Agradecer, diante do que é bom e diante do que é mau, é saber-se sempre querido por Deus: obrigado por estares aqui ao meu lado.

"Se formos portadores de gratidão, o mundo também se tornará melhor".
A mensagem do Papa Francisco no último Angelus de 2020.