O que são os dez mandamentos? Quais são?

O que são os dez mandamentos ou Decálogo? Todos os cristãos devem viver os mandamentos? Onde fala Jesus deles nos Evangelhos?

1. No Evangelho onde é que Jesus fala dos Mandamentos?

Jesus Cristo refere-se aos 10 mandamentos quando um jovem lhe pergunta como alcançar a vida eterna: "Mestre, que devo fazer de bom para ter a vida eterna?" Ao jovem que lhe faz esta pergunta, Jesus responde primeiro invo­cando a necessidade de reconhecer a Deus como "o único bom", com o bem por excelência e como a fonte de todo bem. Depois, Jesus diz: "Se queres entrar para a Vida, guarda os mandamen­tos". E cita ao seu interlocutor os preceitos que se referem ao amor do próximo: "Não matarás, não adulterarás, não roubarás, não levantarás falso testemunho, honra pai e mãe". Finalmente, Jesus resume estes mandamentos de maneira positiva: "Amarás o teu próximo como a ti mesmo" (Mt 19,16-19).(Catecismo da Igreja Católica, 2052).

Contemplar o mistério

O Senhor convida-nos, incita-nos - porque nos ama entranhadamente! - a escolher o bem.

(Amigos de Deus, 24)

2. A que mandamentos se refere Jesus? Onde estão reunidos?

A palavra "Decálogo" significa literalmente "dez palavras (Ex 34,28; Dt 4,13; 10,4). Deus revelou essas "dez palavras" a seu povo no monte sagrado. Ele as escreveu "com seu dedo”, à diferença de outros preceitos escritos por Moisés. São palavras de Deus de modo eminente. Foram transmitidas no livro do Êxodo e no do Deuteronômio (cf. Ex 20, 1-17 e 34, 28: Dt 5, 6-22 e 4, 13, 10, 49). Desde o Antigo Testamento, os livros sagrados se referem às "dez palavras". Mas é em Jesus Crista na nova aliança, que será revelado seu sentido pleno. (Catecismo da Igreja Católica, 2056).

Contemplar o mistério

Vias tuas,Domine,demonstra mihi,et semitas tuas edoce me : mostra-me, Senhor, os teus caminhos e indica-me as tuas veredas. Pedimos ao Senhor que nos guie, que nos deixe ver seus passos, para que possamos caminhar para a plenitude dos seus mandamentos, que é a caridade. (É Cristo que passa, 1)

José era efetivamente um homem comum, em quem Deus confiou para realizar coisas grandes. Soube viver - tal e como o Senhor queria - todos e cada um dos acontecimentos que compuseram a sua vida. Por isso, a Santa Escritura louva José afirmando dele que era justo. E, na língua hebraica, justo quer dizer piedoso, servidor irrepreensível de Deus, cumpridor da vontade divina ; outras vezes, significa bom e caridoso para com o próximo. Numa palavra, justo é aquele que ama a Deus e demonstra esse amor cumprindo os mandamentos divinos e orientando toda a vida para o serviço de seus irmãos, os homens. (É Cristo que passa, 40).

3. Quais são os Dez Mandamentos?

A divisão e a numeração dos mandamentos têm variado no decorrer da história. O presente catecismo segue a divisão dos mardamentos estabelecida por Sto. Agostinho e que se tornou tradicio­nal na Igreja católica. É também a das confissões luteranas. Os padres gregos fizeram uma divisão um tanto diferente, que se encontra nas Igrejas ortodoxas e nas comunidades reformadas. (Catecismo da Igreja Católica, 2066)

Contemplar o mistério

A vida de Cristo é a nossa vida, conforme Jesus prometera aos seus Apóstolos na Última Ceia: Todo aquele que me ama observa os meus mandamentos, e meu Pai o amará, e viremos a ele, e nele faremos a nossa morada.O cristão deve, pois, viver segundo a vida de Cristo, tornando próprios os sentimentos de Cristo, de tal maneira que possa exclamar com São Paulo: Non vivo ego, vivit vero in me Christus , não sou eu que vivo; é Cristo que vive em mim. (É Cristo que passa, 103)

Com o agradecimento de quem percebe a felicidade a que foi chamado, aprendemos que todas as criaturas foram tiradas do nada por Deus e para Deus: tanto as racionais, os homens, ainda que com tanta frequência percam a razão; como as irracionais, as que calcorreiam sobre a superfície da terra, ou habitam as entranhas do mundo, ou cruzam o azul do céu, algumas delas até fitarem o sol. Mas, no meio desta maravilhosa variedade, apenas nós, os homens - não falo aqui dos anjos - nos unimos ao Criador mediante o exercício da nossa liberdade: podemos prestar ou negar ao Senhor a glória que lhe é devida como Autor de tudo o que existe.

Essa possibilidade compõe o claro-escuro da liberdade humana. O Senhor convida-nos, incita-nos - porque nos ama entranhadamente! - a escolher o bem: Considera que pus hoje diante de ti a vida e o bem, e de outra parte a morte e o mal, para que ames o Senhor teu Deus, e andes pelos seus caminhos, e guardes os seus mandamentos, decretos e preceitos, e assim vivas .Escolhe a vida para que vivas.
Queres fazer o favor de pensar - eu também faço o meu exame - se manténs imutável e firme a tua opção pela Vida? Se, ao ouvires essa voz de Deus, amabilíssima, que te estimula à santidade, respondes livremente que sim? (Amigos de Deus, 24)

4. Que importância têm os mandamentos na vida cristã?

Fiel à Escritura e de acordo com o exemplo de Jesus, a Tradição da Igreja reconheceu ao Decálogo uma importância e um significado primordiais.

Desde Sto. Agostinho, os "dez mandamentos" têm um lugar preponderante na catequese dos futuros batizados e dos fiéis. No século XV, adotou-se o costume de exprimir os preceitos do Decálogo em fórmulas rimadas, fáceis de memorizar, e positivas, que ainda estão em uso hoje. Os catecismos da Igreja com frequência têm exposto a moral cristã seguindo a ordem dos "dez mandamentos". (Catecismo da Igreja Católica, 2064-2065)

Contemplar o mistério

Se soubermos contemplar o mistério de Cristo, se nos esforçarmos por vê-lo com os olhos limpos, perceberemos que é possível, mesmo agora, aproximar-se intimamente de Jesus, em corpo e alma. Cristo marcou-nos claramente o caminho: pelo Pão e pela Palavra; alimentando-nos com a Eucaristia e conhecendo e praticando o que nos veio ensinar, ao mesmo tempo que conversamos com Ele na oração. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele. Aquele que retém os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama. E aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu o amarei e me manifestarei a ele.

Não são simples promessas. São o âmago, a realidade de uma vida autêntica: a vida da graça, que nos impele a entrar numa relação pessoal e direta com Deus. Se observardes os meus preceitos, permanecereis no meu amor, assim como eu observei os preceitos de meu Pai e permaneço no seu amor. (É Cristo que passa, 118)

5. Os cristãos devem viver os 10 mandamentos?

Os Dez Mandamentos enunciam, em seu conteúdo fundamental, obrigações graves. Todavia, a obediência a esses preceitos im­plica também obrigações cuja matéria é, em si mesma, leve. (Catecismo da Igreja Católica, 2081)

O que Deus manda, torna-o possível por sua graça. (Catecismo da Igreja Católica, 2082)

Contemplar o mistério

Que importância tem tropeçar, se na dor da queda encontramos a energia que nos reergue e nos impele a prosseguir com alento renovado? Não nos esqueçamos de que santo não é o que não cai, mas o que se levanta sempre, com humildade e com santa teimosia. Se no livro dos Provérbios se comenta que o justo cai sete vezes por dia, tu e eu - pobres criaturas - não devemos admirar-nos nem desanimar com as nossas misérias pessoais, com os nossos tropeços, porque continuaremos avante se procurarmos a fortaleza nAquele que nos prometeu: Vinde a mim todos os que andais fatigados com trabalhos e cargas, e eu vos aliviarei. Obrigado, Senhor, quia tu es, Deus, fortitudo mea, porque foste sempre Tu, e só Tu, meu Deus, a minha fortaleza, o meu refúgio e o meu apoio. (Amigos de Deus, 131)
Na tua alma, parece que ouves materialmente: “Esse preconceito religioso!...” - E depois, a defesa eloqüente de todas as misérias da nossa pobre carne decaída: “os seus direitos!” Quando isto te acontecer, diz ao inimigo que há lei natural e lei de Deus, e Deus! - E também inferno. (Caminho, 141)

6. Qual é o Mandamento mais importante?

Quando lhe é feita a pergunta: "Qual é o maior mandamento da lei?" (Mt 22,36), Jesus responde: "Amarás ao Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Este é o maior e o primeiro mandamento. O segundo é semelhante a esse: amarás o teu próximo como a ti mesmo. Desses dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas" (Mt 22, 37-40; cf. Dt 6, 5; Lv 19, 18). O Decálogo deve ser interpretado à luz desse duplo e único mandamento da caridade, plenitude da lei. (Catecismo da Igreja Católica, 2055).

Deus amou primeiro. O amor do Deus único é lembrado na primeira das "dez palavras". Em seguida, os mandamento. explicitam a resposta de amor que o homem é chamado a da a seu Deus. (Catecismo da Igreja Católica, 2083)

Contemplar o mistério

Não somos nós que construímos a caridade; ela nos invade com a graça de Deus, porque foi Ele que nos amou primeiro. Convém que nos impregnemos bem desta verdade belíssima: Se podemos amar a Deus, é porque por Deus fomos amados. Tu e eu estamos em condições de esbanjar carinho a mãos cheias entre os que nos rodeiam, porque nascemos para a fé pelo Amor do Pai. Pedi ousadamente ao Senhor este tesouro, esta virtude sobrenatural da caridade, para levá-la à prática até o seu último detalhe.

Com frequência nós, os cristãos, não soubemos corresponder a esse dom; às vezes o rebaixamos, como se não passasse de uma esmola sem alma, fria; ou o reduzimos a atitudes de beneficência mais ou menos formalista. Exprimia bem esta aberração a resignada queixa de uma doente: Aqui tratam-me com caridade, mas minha mãe cuidava de mim com carinho. O amor que nasce do coração de Cristo não pode dar lugar a esse gênero de distinções.

Para que esta verdade se gravasse de uma forma plástica na vossa cabeça, preguei em milhares de ocasiões que nós não possuímos um coração para amar a Deus e outro para querer bem às criaturas: este nosso pobre coração, de carne, ama com um carinho humano que, se estiver unido ao amor de Cristo, é também sobrenatural. Esta e não outra é a caridade que devemos cultivar na alma, a que nos levará a descobrir nos outros a imagem de Nosso Senhor. (Amigos de Deus, 229)

Mas vejamos bem: Deus não nos declara que, em lugar do coração, nos dará uma vontade de puro espírito. Não. Dá-nos um coração, e um coração de carne, como o de Cristo. Eu não disponho de um coração para amar a Deus, e de outro para amar as pessoas da terra. Com o mesmo coração com que amei os meus pais e estimo os meus amigos, com esse mesmo coração amo a Cristo, e o Pai, e o Espírito Santo, e Santa Maria. Não me cansarei de repeti-lo: temos que ser muito humanos; porque, de outro modo, também não poderemos ser divinos.O amor humano, o amor aqui em baixo na terra, quando é verdadeiro, ajuda-nos a saborear o amor divino. E assim entrevemos o amor com que chegaremos a gozar de Deus e aquele que nos há de unir uns aos outros, lá no céu, quando o Senhor for tudo em todas as coisas. E ao começarmos a entender o que é o amor divino, seremos impelidos a mostrar-nos habitualmente mais compassivos com os outros, mais generosos, mais dedicados. (É Cristo que passa, 166)

O Senhor não se limitou a dizer-nos que nos ama: demonstrou-nos esse amor com as suas obras, com a vida inteira. - E tu?(Forja, 62)

Admira-te ante a magnanimidade de Deus: fez-se Homem para nos redimir, para que tu e eu - que não valemos nada, reconhece-o! - O tratemos com confiança. (Forja, 30)

7. Que relação têm os mandamentos da lei de Deus e a lei natural?

Os dez mandamentos pertencem à revelação de Deus. Ao mesmo tempo, ensinam-nos a verdadeira humanidade do homem. Iluminam os deveres essenciais e, portanto, indiretamente, os di­reitos humanos fundamentais, inerentes à natureza da pessoa huma­na. O Decálogo contém uma expressão privilegiada da "lei natural":

«Desde o começo, Deus enraizara no coração dos homens os preceitos da lei natural. Inicialmente Ele se contentou em lhos recordar. Foi o Decálogo» (Santo Ireneu de Lyon, Adversus haereses, 4, 15, 1). (Catecismo da Igreja Católica, 2070)

Embora acessíveis à razão, os preceitos do Decálogo foram revelados. Para chegar a um Conhecimento completo certo das exigências da lei natural, a humanidade pecador tinha necessidade desta revelação:

«Uma explicação completa dos mandamentos do Decálogos e tornou necessária no estado de pecado, por causa do obscurecimento da luz da razão e do desvio da vontade» (S. Boaventura, In quattuor libros Sententiarum, 3, 37, 1, 3).

Conhecemos os mandamentos de Deus pela Revelação divina que nos é proposta na Igreja e por meio da consciência moral. (Catecismo da Igreja Católica, 2071)

Contemplar o mistério

Se, à exceção do pecado, o mundo e tudo o que nele se contém é bom, por ser obra de Deus Nosso Senhor, o cristão, lutando continuamente por evitar as ofensas a Deus - uma luta positiva de amor -, deve dedicar-se a todas as realidades terrenas, ombro a ombro com os outros cidadãos; e defender todos os bens derivados da dignidade da pessoa.

E existe um bem que, de forma especial, deverá promover sempre: o da liberdade pessoal. Só se defender a liberdade individual dos outros, com a correspondente responsabilidade pessoal, poderá defender igualmente a sua própria, com honradez humana e cristã. Repito e repetirei sem cessar que o Senhor nos concedeu gratuitamente um grande dom sobrenatural, que é a graça divina; e outra maravilhosa dádiva humana, a liberdade pessoal, que - para não se corromper, convertendo-se em libertinagem - exige de nós integridade, empenho eficaz em desenvolver a conduta dentro da lei divina, pois onde se encontra o Espírito de Deus, lá se encontra a liberdade.

O Reino de Cristo é reino de liberdade: não existem nele outros servos além dos que livremente se deixam aprisionar, por amor a Deus. Bendita escravidão de amor, que nos torna livres! Sem liberdade, não podemos corresponder à graça; sem liberdade, não nos podemos entregar livremente ao Senhor, pelo motivo mais sobrenatural de todos: porque nos apetece. (É Cristo que passa, 184)