“Descansar tranquilo nos braços do meu Pai Deus”

Meu nome é Alexandre e gostaria de compartilhar um testemunho pessoal sobre como minha experiência com a Obra influenciou na minha vida e na minha vocação.

Sou católico de berço, mas nos últimos 6 anos, desde que comecei a viver mais a sério os ensinamentos de Cristo transmitidos através da Sua Igreja, comecei a perceber uma coisa, que até então era novidade para mim: se tivermos os olhos atentos, poderemos enxergar as ações sobrenaturais do Criador nos acontecimentos mais ordinários do cotidiano das suas criaturas.

Anteriormente, disse que nos últimos anos comecei a viver mais os ensinamentos de Cristo, disse isso porque antes eu até buscava estudar e decorar alguns pontos do Catecismo da Igreja Católica, mas tinha limites bem definidos de até onde eu concordava e até onde poria esses ensinamentos em prática. Esses limites mesquinhos, que eu impunha a Deus, me traziam tremendos malefícios, que eram a falta de unidade de vida e a dificuldade de aceitar minha filiação divina como cristão batizado, uma vez que eu achava que Deus não fazia outra coisa que não fosse ficar legislando e anotando tudo o que Ele iria me cobrar quando eu morresse. Em poucas palavras, eu tentava negociar com Deus e não encontrava paz.

Ao longo desses anos, conheci o Opus Dei, lá encontrei um sacerdote muito alegre e acolhedor e que acabou se tornando meu diretor espiritual. Também na Obra, fiz novos amigos que tinham algo em comum, todos queriam ser santos, mas santos para valer. E esse novo ambiente, muito familiar, foi me ajudando a corrigir a imagem equivocada que eu tinha de um Deus calculista e me ensinou também a levar a vida espiritual com mais leveza e esportividade, sem, contudo, deixar de lutar firmemente contra os meus pecados.

Certa vez, durante um Convívio do Opus Dei, comentei com um membro da Obra sobre essa dificuldade que eu tinha em me enxergar verdadeiramente como um filho de Deus. E eis que ele me perguntou se eu tinha um bom pai, eu respondi que sim. Então ele me pediu para que eu imaginasse Deus como um Pai mil vezes melhor. Além dessa conversa, tive outras tantas com outros amigos em momentos diferentes; também durante minhas orações tive algumas luzes sobre essa questão da minha filiação divina, tema tão caro a São Josemaria, Fundador do Opus Dei. Porém, as maiores experiências que tive ocorreram recentemente, quando minha esposa soube que estava grávida pela primeira vez e, depois de nove meses, durante o nascimento da minha primogênita.

No início deste texto, eu dizia que aprendi que, se estivermos atentos, podemos enxergar a ação extraordinária de Deus nas situações mais ordinárias. Pois bem, foi na descoberta da gravidez da minha esposa e no nascimento da minha filha que entendi perfeitamente o que Deus sente por nós, seus filhos.

Quando eu e minha esposa fizemos o primeiro exame de ultrassonografia, com umas 10 semanas de gravidez, pudemos ver aquele serzinho minúsculo, ainda sem os traços próprios de um bebê formado, mas que tinha um coração pulsando muito forte e, mais importante, era meu filho! Foi amor à primeira vista, como eu chorava de alegria olhando para aquele “pingo de gente”!

Quando voltei para casa naquele dia, olhando para a imagem do ultrassom ainda emocionado, me veio um pensamento: “Deus me ama assim. Ainda não tenho os traços perfeitos que terei um dia no Paraíso, com meu corpo glorioso, pois ainda estou em formação. Deus sabe o que irei me tornar quando nascer para a vida eterna e, por isso, me ama e cuida de mim, mesmo que eu ainda não esteja perfeito”.

A gestação foi avançando e descobrimos que era uma menina, nossa pequena Guadalupe. Então, comecei a reparar em como eu, minha esposa, parentes e amigos íamos preparando a chegada da pequena. Não pude deixar de notar que nós repetimos o que Deus faz desde toda eternidade, Ele já havia pensado em nós e nos reservou um caminho para nossa felicidade (Ef 1, 4).

Quando minha filha nasceu, passei a noite praticamente em claro, observando-a e zelando por ela enquanto estávamos no hospital. No dia seguinte, quando não conseguia deixar de ficar contemplando-a de olhinhos abertos, me veio à mente aqueles versículos do livro dos Provérbios: “Junto a ele estava eu como artífice, brincando todo o tempo diante dele, brincando sobre o globo de sua terra, achando as minhas delícias junto aos filhos dos homens” (Pr 8, 30-31). O trecho diz que a Sabedoria de Deus encontra suas delícias em estar conosco, os filhos dos homens, e agora eu podia sentir isso, pois como era bom simplesmente gastar tempo olhando para minha filha!

Conforme a semana foi passando e fui tendo novas experiências como pai, muitas outras luzes me vieram sobre o amor paternal de Deus por nós. Agora, quando releio o Catecismo da Igreja e vejo que Deus criou o homem por amor e o conserva constantemente também por amor (n° 27), tudo faz sentido e sei que posso descansar tranquilo nos braços do meu Pai Deus.

Saudações,

Alexandre