Meditações: 29 de abril, Santa Catarina de Sena

Reflexão para meditar no dia de Santa Catarina de Sena. Os temas propostos são: A serviço da caridade e da conversão dos pecadores; A verdadeira sabedoria é entrar em sintonia com o coração de Deus; Compartilhar a nossa fé com outras pessoas.

- A serviço da caridade e da conversão dos pecadores.

- A verdadeira sabedoria é entrar em sintonia com o coração de Deus.

- Compartilhar a nossa fé com outras pessoas.


NA FESTA de hoje, a liturgia da Igreja coloca em nossos lábios a seguinte oração: “Ó Deus, que inflamastes de amor santa Catarina de Sena na contemplação da paixão do Senhor e no serviço da Igreja, concedei-nos, por sua intercessão, participar do mistério de Cristo e exultar em sua glória”[1]. Essas palavras resumem a vida da santa que celebramos: um amor ardente por Jesus Cristo que a levou a dedicar-se ao trabalho pelos outros e pela Igreja.

Catarina Benincasa nasceu no ano de 1347 em Sena, no seio de uma grande família. Desde a infância cultivou uma profunda piedade que a impulsionou a dedicar sua vida ao Senhor, apesar da incompreensão da sua família. Aos dezoito anos, conseguiu ser aceita entre as mulheres da Ordem Terceira Dominicana da cidade. Continuou morando na casa dos seus país, cultivando uma intensa vida de oração, em meio da lógica agitação de uma família com muitos filhos. Aos vinte e um anos, Catarina teve uma experiência que marcaria sua vida para sempre: compreendeu que Deus a chamava a se dedicar com todas as forças a realizar obras de caridade e a trabalhar pela conversão dos pecadores. São Josemaria se sentia atraído pelo fato de que essa santa, “estava na rua e fez, dentro da sua alma, a sua cela interior, de modo que, em qualquer lugar que estivesse, não saia da sua cela”[2]. Com essa decisão, começa um período em que Catarina vai de um lado para outro da cidade de Sena para cuidar dos doentes, e ao mesmo tempo inflamava os corações de muitas pessoas no amor a Deus e ao próximo.

“Não se pode esconder uma cidade situada sobre uma montanha nem se acende uma luz para colocá-la debaixo do alqueire, mas sim para colocá-la sobre o candeeiro, a fim de que brilhe a todos os que estão em casa” (Mt 5,14-15). Catarina tinha sido iluminada pelo rosto amável de Jesus e compreendeu que a sua luz não podia ficar presa nas paredes de sua casa. Dessa forma, gerou uma revolução ao seu redor, feita de oração e obras de serviço.


TANTO NO epistolário de santa Catarina, como na sua conhecida obra O Diálogo, a harmonia entre doutrina e experiência mística chama a atenção, principalmente se considerarmos que a santa não pôde receber uma formação cultural ampla. Desde muito jovem, no entanto, frequentava a pregação dos Padres Dominicanos da sua cidade: ouvia com atenção as explicações da Escritura, os exemplos das vidas dos santos ou as catequeses sobre a fé. Com o passar do tempo, também alimentaria a sua vida interior com a orientação de um diretor espiritual do lugar.

Cumprem-se em Santa Catarina aquelas palavras que Jesus pronunciou um dia, cheio de júbilo: “Eu te louvo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequenos”. (Mt 11,25). “A verdadeira sabedoria vem inclusive do coração, não é apenas a compreensão de ideias: (...). E se você sabe muitas coisas, mas o seu coração está fechado, não é sábio. Jesus diz que o seu Pai revelou os mistérios aos “pequeninos”, àqueles que confiantemente se abrem à sua Palavra de salvação, que abrem os seus corações à Palavra de salvação, sentem a necessidade d'Ele e esperam tudo d'Ele. O coração aberto e confiante para com o Senhor”[3]. Santa Catarina acolheu as luzes que o Senhor ia lhe concedendo, e assim chegou a ter um profundo conhecimento dos mistérios de Deus. Escreve: “Ó inestimável e doce caridade, quem não se inflama diante de tão grande amor? Que coração resiste, sem morrer? Ó abismo de amor! Pareces enlouquecer pelas tuas criaturas, como se sem elas não pudesses viver. No entanto, és Deus e não precisas de nós. Nossas perfeições não te enriquecem; és imutável. Nossos males não te prejudicam; és a bondade suma e eterna. Somente o amor, não a obrigação, nem a necessidade, torna-te tão misericordioso”[4].

Levada por essa intensa contemplação, a santa de Sena comunicava o amor de Deus às pessoas que tinha à sua volta. Começou pelos que se reuniam para ouvi-la e para ser animados em sua vida espiritual. Mas esse transbordamento de sua vida interior não se limitou a isso: anos depois, dirigiria cartas a numerosas pessoas, muitas delas personagens públicos daquele tempo. Muitas vezes as suas cartas iam acompanhadas de chamados a viver de maneira coerente com o Evangelho e a procurar a vontade divina. Da sua relação íntima com Jesus tirava energia para falar de Deus com claridade e doçura.


SÃO JOSEMARIA é um dos muitos cristãos que se inspiraram na vida de Santa Catarina. Desde que era jovem teve uma especial devoção por ela. Por exemplo, costumava chamar catarinas as anotações que fazia sobre os acontecimentos da sua vida interior: “Apaixona-me a fortaleza de uma santa Catarina – confessava o fundador do Opus Dei, que diz verdades às mais altas personalidades, com um amor aceso e uma claridade diáfana”[5]. Assim, em 1964, o fundador do Opus Dei decidiu nomeá-la intercessora para um apostolado pelo qual guardava uma estima especial: o de impregnar com a caridade de Cristo o amplo campo da opinião pública.

Jesus é a verdade que ilumina todos os seres humanos e os resgata da escuridão. Oferecer esta luz aos outros – procurando, primeiramente, acendê-la em nossa vida – é uma obra de misericórdia. Levar a nossa fé aos outros “é mostrar a revelação, para que o Espírito Santo possa agir nas pessoas com o testemunho: como testemunha, com o serviço. O serviço é um modo de viver (...). Se eu digo que sou cristão e vivo como cristão, isso atrai. (...). A fé deve ser transmitida, mas não para convencer, mas para oferecer um tesouro”[6].

Santa Catarina, antes de exortar alguém a aproximar-se mais da fé, tinha passado muito tempo cuidando dos doentes da sua cidade. A mesma caridade que a levou a dedicar-se aos mais necessitados, moveu-a depois a escrever cartas nas que convidava a ser filhos fiéis da Igreja. A credibilidade da sua mensagem se apoiava numa vida em que o amor a Deus e ao próximo resplandecia. A ela e a nossa Mãe, pedimos que intercedam diante de Deus para que nos conceda uma caridade que se alimente na oração e se manifeste em obras de amor e anuncie a verdade que conduz à vida. “O ensinamento mais profundo que somos chamados a transmitir e a certeza mais verdadeira para sair da dúvida, é o amor de Deus com o qual fomos amados (cf. 1 Jo 4, 10). Um grande amor, gratuito e concedido para sempre. Deus nunca retrocede com o seu amor!”[7].


[1] Missal Romano, Oração coleta para a memória de santa Catarina de Sena.

[2] São Josemaria, Anotações de uma reunião familiar, 21/04/1973.

[3] Francisco, Ângelus, 5/07/2020.

[4] Santa Catarina de Siena, O diálogo, n. 25.

[5] São Josemaria, Cartas 35, n. 3.

[6] Francisco, Homilia em Santa Marta, 25/04/2020.

[7] Francisco, Audiência Geral, 23/11/2016.