As delicadezas do Coração do Senhor

A plenitude de Deus revela-se-nos em Cristo e é em Cristo que nos é dada: no seu amor, no seu Coração. Porque este é o Coração d'Aquele em quem habita corporalmente toda a plenitude da divindade. Por isso, se se perde de vista este alto desígnio de Deus – a corrente de amor instaurada no mundo pela Encarnação, pela Redenção e pelo Pentecostes –, não se poderão compreender as delicadezas do Coração do Senhor. (Cristo que passa, n. 163)

Consideremos toda a riqueza que se encerra nestas palavras: Sagrado Coração de Jesus.

Quando falamos de um coração humano, não nos referimos só aos sentimentos: aludimos à pessoa toda que quer, que ama, que convive com os outros. Ora, na maneira de os homens se exprimirem, que a Sagrada Escritura utiliza para nos dar a entender as coisas divinas, o coração é tido por resumo e fonte, expressão e fundo íntimo dos pensamentos, das palavras, das ações. Um homem vale o que vale o seu coração - diríamos com palavras bem humanas.

Ao coração pertence a alegria: alegre-se o meu coração com o teu auxílio!; o arrependimento: o meu coração é como cera que se derrete dentro do peito; o louvor a Deus: do meu coração brota um cântico belo; a decisão para ouvir o Senhor: está disposto o meu coração; a vigília amorosa: eu durmo, mas o meu coração vigia. E ainda a dúvida e o temor: não se perturbe o vosso coração; crede em Mim.

(Cristo que passa, n. 164)


Na festa de hoje, havemos de pedir ao Senhor que nos dê um coração bom, capaz de se compadecer das penas das criaturas, capaz de compreender que, para remediar os tormentos que acompanham e tanto angustiam as almas neste mundo, o verdadeiro bálsamo é o amor, a caridade; todas as outras consolações só servem para nos distrair por um momento e deixar depois amargura e desespero.

Se queremos ajudar os outros, temos de os amar – deixai-me insistir – com um amor que seja compreensão e entrega, afeto e humildade voluntária. Assim compreenderemos por que quis o Senhor resumir toda a Lei nesse duplo mandamento, que é afinal um mandamento só: o amor de Deus e o amor do próximo, com todo o coração.

(Cristo que passa, n. 167)

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