Viver a alegria do amor na família (IV): Filhas que crescem

Que passa pelo coração dos pais vendo os seus filhos crescerem e tornarem-se independentes? Este é o testemunho de Vito e Alba. Por ocasião do Ano da Família convocado pelo Papa Francisco, oferecemos uma série de testemunhos de famílias que vivem os desafios de cada dia a partir de uma perspetiva cristã.

Quando nasce um filho, todo o seu mundo são os pais. Esta dependência, como bem sabem Vito e Alba, casados há 30 anos e com três filhas entre os 20 e os 27 anos, está destinada a diminuir cada vez mais, até que quase desaparece.

Mas como se mantém “na órbita" dos filhos enquanto estes crescem? Alba diz: «A nossa primeira filha foi a nossa pioneira – foi muito doloroso para mim. Sempre desejei que ela fosse independente, mas depois experimentei-o por mim mesma: não vou esconder o facto de que tive de arranjar um cão para compensar!». Sofia, a mais velha das filhas de Vito e Alba, vive noutra cidade há pouco tempo, por isso os sentimentos dos pais são recentes: «É mais fácil para mim – explica o seu pai, Vito – porque Sofia trabalha na mesma profissão que eu e está a passar pelas mesmas fases que eu passei há quase 40 anos. Temos muito em comum, falamos todos frequentemente, apesar de nunca termos visto o apartamento para onde foi viver».

«Como mãe – retoma Alba – sentes que ainda é teu dever intervir, mas sabes que agora é como se já não fôssemos necessários, os nossos conselhos já não são desejados. Por um lado, sinto-me aliviada, mas, por outro lado, é constrangedor. Vito e eu temos frequentado e organizado cursos de orientação familiar* há mais de 25 anos, mas eu não estava preparada para esta experiência».

«Nos cursos de orientação familiar – explica Vito – aprendemos que como pais temos de ser o corredor em que os filhos andam: se os filhos não veem bem, vão tateando, por vezes até batendo e sofrendo. Agora vemo-los fazer exames, arranjar empregos, sair de casa, mas o que realmente têm na cabeça é quase completamente desconhecido por nós. Se vês que uma filha tem um momento de tristeza, por exemplo, por causa de um caso de amor que terminou mal, gostarias de dar a tua opinião, mas não sabes como fazer. Só se pode esperar até que eles nos procurem. Juntos rezamos por eles, confiantes de que nos procurarão quando precisarem de nós».

«Como pais de filhas crescidas, somos chamados – conclui Alba – a continuar presentes, embora permanecendo discretos, porque já não somos o seu mundo, e a sua felicidade não depende de nós».


Meditar com o Papa Francisco

Amar é também tornar-se amável, e nisto está o sentido do termo asjemonéi. Significa que o amor não age rudemente, não atua de forma inconveniente, não se mostra duro no trato. Os seus modos, as suas palavras, os seus gestos são agradáveis; não são ásperos, nem rígidos. Detesta fazer sofrer os outros. A cortesia «é uma escola de sensibilidade e altruísmo», que exige que a pessoa «cultive a sua mente e os seus sentidos, aprenda a ouvir, a falar e, em certos momentos, a calar». Ser amável não é um estilo que o cristão possa escolher ou rejeitar: faz parte das exigências irrenunciáveis do amor, por isso «todo o ser humano está obrigado a ser afável com aqueles que o rodeiam». Diariamente «entrar na vida do outro, mesmo quando faz parte da nossa existência, exige a delicadeza duma atitude não invasiva, que renova a confiança e o respeito. (...) E quanto mais íntimo e profundo for o amor, tanto mais exigirá o respeito pela liberdade e a capacidade de esperar que o outro abra a porta do seu coração».

(Amoris Laetitia, 99)


* A designação adotada mais recentemente para estes cursos é Family Enrichment. Para mais informações sobre os cursos de Family Enrichment, pode consultar www.iffd.org. Pode dirigir-se no nosso país a: iffdportugal@gmail.com.