No passado dia 28 de Junho, teve lugar no Colégio Universitário Montes Claros, em Lisboa, uma palestra da jornalista Aura Miguel, sobre os 25 anos de João Paulo II à frente da Igreja Católica.
Aura Miguel, responsável pelos assuntos religiosos e enviada especial da Rádio Renascença, acompanha o Sumo Pontífice da Igreja nas suas viagens, desde 1986, e, na conferência de encerramento deste ano lectivo, partilhou a sua experiência com os jovens universitários residentes neste colégio universitário. Montes Claros é uma iniciativa da Fundação Maria Antónia Barreiro, que confiou ao Opus Dei a formação espiritual que nessa residência se faculta.
A jornalista, que falava também para as famílias e amigos dos residentes, considerou um privilégio viajar no avião pontifício, a “barca de Pedro dos dias de hoje”, acrescentando que Karol Wojtyla, o cardeal polaco eleito Papa há 25 anos, levou para Roma o seu estilo jovial e dinâmico.
Aura Miguel referiu-se às vozes que propõem a resignação do Papa, devido ao seu estado físico, e defendeu que esta posição reflecte uma atitude generalizada no ocidente, que insiste em ver os idosos, não como portadores de uma enorme experiência humana, mas como seres inválidos e improdutivos. Apesar da polémica relativa às suas capacidades, o Santo Padre intensificou as suas viagens depois do Jubileu. Na sua viagem pastoral à Síria, país não católico, imensos muçulmanos saíram às ruas para saudar o Papa, “porque se tratava – segundo a correspondente portuguesa – de um homem santo e sábio”. No decorrer da visita, “foi recebido pelos anciãos muçulmanos de uma mesquita, que eram tão velhos e frágeis como o Papa, e, segundo os critérios ocidentais, já praticamente decrépitos, mas, para aquele povo, eram pessoas de grande sabedoria e mereciam o máximo respeito. Dei-me conta então – concluiu a jornalista – que o problema é nosso, (...) é a doença do Ocidente”.
Com o Jubileu e as comemorações dos 2000 anos do nascimento de Jesus Cristo, João Paulo II pretendeu relançar a Igreja, introduzindo-a no terceiro milénio, lembrando que a instituição eclesial é “uma realidade que tem uma dimensão fundamental, que se chama mistério”. Neste mistério radica, para Aura Miguel, o segredo dos 25 anos de pontificado do Santo Padre: “João Paulo II depende totalmente de Cristo e, por isso, arrisca tudo por amor a Cristo”.