Via Sacra com S. Josemaria

Neste tempo de preparação para a Páscoa, propomos algumas meditações de S. Josemaria, retiradas do livro “Via Sacra”, usando-as como pontos de reflexão e de pregação.

“Pensa primeiro nos outros. Assim, passarás pela terra com erros, sim - que são inevitáveis -, mas deixando um rasto de bem” (Via Sacra, 14).

Este é apenas um dos comentários às catorze estações que compõe a “Via Sacra”, obra póstuma de S. Josemaria, publicada pela primeira vez em 1981.

Recolhemos a meditação de S. Josemaria sobre a Via Sacra, que como dizia o beato Álvaro, “não é um exercício triste, porque, como nos ensinou S. Josemaria a alegria tem as suas raízes em forma de cruz”.


Opus Dei - Via Sacra com S. Josemaria

Via Sacra: meditações de S. Josemaria

1. Jesus é condenado à morte
2. Jesus toma a sua cruz
3. Jesus cai pela primeira vez
4. Jesus encontra a sua Mãe, Maria Santíssima
5. Simão Cireneu ajuda Jesus a levar a cruz
6. Uma piedosa mulher enxuga a face de Jesus
7. Jesus cai pela segunda vez
8. Jesus consola as filhas de Jerusalém
9. Jesus cai pela terceira vez
10. Jesus é despojado das suas vestes
11. Jesus é pregado na cruz
12. Jesus morre na cruz
13. Jesus é descido da Cruz e entregue à sua Mãe
14. Jesus é colocado no sepulcro


Primeira estação: Jesus é condenado à morte

Já passa das dez da manhã. O processo está a chegar ao seu termo. Não houve provas conclusivas. O juiz sabe que os Seus inimigos lhO entregaram por inveja e tenta um recurso absurdo: a escolha entre Barrabás, um malfeitor acusado de roubo com homicídio, e Jesus que se diz o Cristo. O povo escolhe Barrabás. Pilatos exclama:

- Que hei de, então, fazer de Jesus (Mt XXVII, 22)?

Respondem todos:

- Crucifica-O!

O juiz insiste:

- Mas que mal fez Ele?

E, de novo, respondem aos gritos:

- Crucifica-O! Crucifica-O!

Pilatos assusta-se ante o crescente tumulto. Manda, então, trazer água e lava as mãos à vista do povo, enquanto diz:

- Sou inocente do sangue deste justo; é lá convosco (Mt XXVII, 24).

E, depois de ter mandado flagelar Jesus, entregou-O para que O crucificassem.

Faz-se silêncio, naquelas gargantas embravecidas e possessas. Como se Deus estivesse já vencido.

Jesus está sozinho. Que longe estão aqueles dias em que a palavra do Homem-Deus punha luz e esperança nos corações, aqueles longos cortejos de doentes que eram curados, as aclamações triunfais de Jerusalém, quando o Senhor chegou montado num manso burriquinho. Se os homens tivessem querido dar outro destino ao amor de Deus! Se tu e eu tivéssemos conhecido o dia do Senhor!


Segunda estação: Jesus toma a sua cruz

Fora da cidade, a Noroeste de Jerusalém, há um pequeno cerro: em aramaico, chama-se Gólgota; em latim, locus Calvariae - lugar das Caveiras ou Calvário.

Jesus entrega-se, inerme, à execução da sentença. Não se Lhe vai poupar nada e cai sobre os Seus ombros o peso da cruz infamante. Mas a Cruz será, por obra de amor, o trono da Sua realeza.

A gente de Jerusalém e os forasteiros, vindos para a Páscoa, atropelam-se pelas ruas da cidade, para ver passar Jesus Nazareno, o Rei dos Judeus. Há um tumulto de vozes, intervalado por curtos silêncios; talvez, quando Cristo fixa o olhar em alguém:

- Se alguém quer vir após Mim,... tome a sua cruz e siga-Me (Lc IX, 23).

Com que amor se abraça Jesus ao lenho que Lhe há de dar a morte!

Não é verdade que, quando deixas de ter medo da Cruz, disso a que as pessoas chamam cruz, quando pões a tua vontade na aceitação da Vontade divina, és feliz e desaparecem todas as preocupações, os sofrimentos físicos ou morais?

É verdadeiramente suave e amável a Cruz de Jesus. Aí não contam as penas; fica só a alegria de nos sabermos corredentores com Ele.


Terceira estação: Jesus cai pela primeira vez

A Cruz fende, destroça com o seu peso os ombros do Senhor.

A turbamulta foi-se agigantando. Os legionários mal podem conter a encrespada, enfurecida multidão que, como rio fora de leito, aflui pelas ruelas de Jerusalém.

O corpo extenuado de Jesus já cambaleia sob a Cruz enorme. Do Seu Coração amorosíssimo mal chega um alento de vida aos Seus membros chagados. À direita e à esquerda, o Senhor vê essa multidão que anda como ovelhas sem pastor. Poderia chamá-los um a um, pelos seus nomes, pelos nossos nomes. Aí estão os que se alimentaram na multiplicação dos pães e dos peixes, os que foram curados das suas doenças, os que doutrinou junto do lago e na montanha e nos pórticos do Templo.

Uma dor aguda penetra na alma de Jesus e o Senhor tomba extenuado.

Tu e eu não podemos dizer nada: agora já sabemos porque pesa tanto a Cruz de Jesus. E choramos as nossas misérias e, também, a ingratidão tremenda do coração humano. Do fundo da alma nasce um ato de profunda contrição, que nos arranca da prostração do pecado. Jesus caiu para que nos levantemos: uma vez e sempre.


Quarta estação: Jesus encontra a sua Mãe, Maria Santíssima

Mal Jesus se levantou da Sua primeira queda, encontra Sua Mãe Santíssima, junto do caminho por onde Ele passa.

Com imenso amor Maria olha para Jesus, e Jesus olha para a Sua Mãe; os Seus olhares encontram-se, e cada coração verte no outro a Sua própria dor. A alma de Maria fica mergulhada em amargura, na amargura de Jesus Cristo.

- Ó vós, que passais pelo caminho: olhai e vede se há dor semelhante à minha dor (Lam I, 12)!

Mas ninguém repara, ninguém presta atenção; apenas Jesus.

Cumpriu-se a profecia de Simeão: uma espada trespassará a tua alma (Lc II, 35).

Na escura solidão da Paixão, Nossa Senhora oferece ao seu Filho um bálsamo de ternura, de união, de fidelidade; um sim à Vontade divina.

Pela mão de Maria, tu e eu queremos também consolar Jesus, aceitando sempre e em tudo a Vontade do Seu Pai, do nosso Pai.

Só assim saborearemos a doçura da Cruz de Cristo e abraçá-la-emos com a força do Amor, levando-a em triunfo por todos os caminhos da terra.


Quinta estação: Simão Cireneu ajuda Jesus a levar a cruz

Jesus está extenuado. O seu passo é cada vez mais cambaleante, e a soldadesca tem pressa de acabar; de modo que, quando saem da cidade pela porta Judiciária, intimam um homem que vinha duma granja, chamado Simão de Cirene, pai de Alexandre e de Rufo, e obrigam-no a levar a Cruz de Jesus (cf. Mc XV, 21).

No conjunto da Paixão, é bem pouco o que significa esta ajuda. Mas a Jesus basta-Lhe um sorriso, uma palavra, um gesto, um pouco de amor, para derramar copiosamente a Sua graça sobre a alma do amigo. Anos mais tarde, os filhos de Simão, já cristãos, serão conhecidos e estimados pelos seus irmãos na fé. Tudo começou por um encontro inesperado com a Cruz.

Apresentei-Me aos que não perguntavam por Mim, encontraram-Me os que não Me procuravam (Is LXV, 1).

Às vezes, a Cruz aparece sem que a procuremos: é Cristo que pergunta por nós. E se, porventura, ante essa Cruz inesperada, e talvez por isso mais obscura, o coração mostrasse repugnância... não lhe dês consolações. E, se as pedir, cheio de uma nobre compaixão, diz-lhe devagar, em confidência: coração, coração na Cruz, coração na Cruz!


Sexta estação: Uma piedosa mulher enxuga a face de Jesus

Não há n'Ele parecer, não há formosura que atraia o olhar nem beleza que agrade. Desprezado, rejeitado pelos homens, varão de dores, experimentado em todos os sofrimentos, diante de quem se volta a cara, menosprezado, considerado em nada (Is LIII, 2-3).

E é o Filho de Deus que passa, louco... louco de Amor!

Uma mulher, de nome Verónica, abre caminho entre a multidão, levando um pano branco dobrado, com o qual limpa piedosamente o rosto de Jesus. O Senhor deixa gravada a Sua Santa Face, nas três partes desse véu.

O rosto bem-amado de Jesus, que tinha sorrido às crianças e se transfigurou de glória no Tabor, está agora como que oculto pela dor. Mas esta dor é a nossa purificação; esse suor e esse sangue que mancham e deformam as Suas feições, a nossa limpeza. Senhor, que eu me decida a arrancar, mediante a penitência, a triste máscara que forjei com as minhas misérias... Então, só então, pelo caminho da contemplação e da expiação, a minha vida irá copiando fielmente os traços da Tua vida. Ir-nos-emos parecendo cada vez mais conTigo.

Seremos outros Cristos, o próprio Cristo, ipse Christus.


Sétima estação: Jesus cai pela segunda vez

Já fora da muralha, o corpo de Jesus volta a abater-se por causa da fraqueza, caindo pela segunda vez, entre a gritaria da multidão e os empurrões dos soldados.

A debilidade do corpo e a amargura da alma fizeram com que Jesus caísse novamente. Todos os pecados dos homens - os meus também - pesam sobre a Sua Humanidade Santíssima.

Foi Ele quem tomou sobre Si as nossas enfermidades e carregou com as nossas dores; e nós tivemo-Lo por castigado, ferido por Deus e humilhado. Mas foi trespassado pelas nossas iniquidades e torturado pelos nossos pecados; o castigo que nos devia trazer a paz caiu sobre Ele, e nós fomos curados nas Suas chagas (Is LIII, 4-5).

Desfalece Jesus, mas a Sua queda levanta-nos, a Sua morte ressuscita-nos.

À nossa reincidência no mal, corresponde Jesus com a Sua insistência em redimir-nos, com abundância de perdão. E, para que ninguém desespere, volta a levantar-Se fatigadamente abraçado à Cruz.

Que os tropeços e derrotas não nos afastem, nunca mais, d'Ele. Como a criança débil se lança compungida nos braços vigorosos do seu pai, tu e eu agarrar-nos-emos ao jugo de Jesus. Só essa contrição e essa humildade transformarão a nossa fraqueza humana em fortaleza divina.


Oitava estação: Jesus consola as filhas de Jerusalém

Entre as pessoas que contemplam a passagem do Senhor, há umas tantas mulheres que não podem conter a sua compaixão e desfazem-se em lágrimas, recordando porventura aquelas jornadas gloriosas de Jesus, quando todos exclamavam maravilhados: bene omnia fecit (Mc VII, 37), fez tudo bem.

Mas o Senhor quer encaminhar esse pranto para um motivo mais sobrenatural, e convida-as a chorar pelos pecados, que são a causa da Paixão e que atrairão o rigor da justiça divina:

- Filhas de Jerusalém, não choreis por Mim; chorai por vós mesmas e pelos vossos filhos... Pois, se tratam assim a madeira verde, o que acontecerá ao lenho seco (Lc XXIII, 28, 31)?

Os teus pecados, os meus, os de todos os homens põem-se de pé. Todo o mal que fizemos e o bem que deixámos de fazer. O panorama desolador dos inumeráveis delitos e infâmias sem conta, que teríamos cometido, se Ele, Jesus, não nos tivesse confortado com a luz do Seu olhar amabilíssimo.

Que pouco é uma vida para reparar!


Nona estação: Jesus cai pela terceira vez

O Senhor cai pela terceira vez, na ladeira do Calvário, quando faltam apenas quarenta ou cinquenta passos para chegar ao cume. Jesus não se aguenta em pé: faltam-Lhe as forças e jaz, esgotado, por terra.

Entregou-se porque quis; maltratado, não abriu a boca, como cordeiro levado ao matadoiro, como ovelha muda ante os tosquiadores (Is LIII, 7).

Todos contra Ele...: os da cidade e os forasteiros, e os fariseus, e os soldados, e os príncipes dos sacerdotes... Todos verdugos. Sua Mãe - minha Mãe -, Maria, chora.

Jesus cumpre a vontade de Seu Pai! Pobre: nu. Generoso: que lhe falta entregar? Dilexit me et tradidit semetipsum pro me (Gal II, 20), amou-me e entregou-Se, até à morte, por mim.

Meu Deus, que eu odeie o pecado e me una a Ti, abraçando-me à Santa Cruz, para cumprir, por meu lado, a Tua Vontade amabilíssima..., nu de todo O afeto terreno, sem outro alvo que a Tua glória... generosamente, não reservando nada para mim, oferecendo-me conTigo em perfeito holocausto.


Décima estação: Jesus é despojado das suas vestes

Ao chegar o Senhor ao Calvário, dão-Lhe de beber um pouco de vinho misturado com fel, uma espécie de narcótico que diminui um pouco a dor da crucifixão. Mas Jesus, tendo provado para agradecer esse piedoso obséquio, não quis beber (cf. Mt XXVII, 34). Entrega-se à morte com a plena liberdade do Amor.

Depois, os soldados despojam Cristo das Suas vestes.

Da planta dos pés à cabeça, não há n'Ele nada são. Feridas, inchaços, chagas apodrecidas, não curadas, nem ligadas, nem suavizadas com óleo (Is I, 6).

Os verdugos tomam as Suas vestes e dividem-nas em quatro partes. Mas a túnica é sem costura, pelo que dizem:

- Não a rasguemos; deitemos antes sortes para ver de quem será (Jo XIX, 24).

Deste modo se voltou a cumprir a Escritura: repartiram entre si as Minhas vestes e deitaram sortes sobre a Minha túnica (SI XXI, 19).

É o espólio, o despojo, a pobreza mais absoluta. Nada ficou ao Senhor a não ser um madeiro.

Para chegar a Deus, Cristo é o caminho; mas Cristo está na Cruz, e, para subir à Cruz, é preciso ter o coração livre, desprendido das coisas da terra.


Décima primeira estação: Jesus é pregado na cruz

Agora crucificam o Senhor e, junto d'Ele, dois ladrões, um à direita e outro à esquerda. Entretanto, Jesus diz:

- Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem (Lc XXIII, 34).

Foi o Amor que levou Jesus ao Calvário. E, já na Cruz, todos os Seus gestos e todas as Suas palavras são de amor, de amor sereno e forte.

Com gesto de Sacerdote Eterno, sem pai nem mãe, sem genealogia (cf. Heb VII, 3), abre os Seus braços à humanidade inteira.

Juntamente com as marteladas que pregam Jesus, ressoam as palavras proféticas da Escritura Santa: trespassaram as Minhas mãos e os Meus pés, contaram todos os Meus ossos. E eles mesmos olham para Mim e contemplam (SI XXI, 17-18).

- Ó Meu Povo! Que te fiz Eu ou em que te contristei? Responde-Me (Miq VI, 3)!

E nós, despedaçada a alma pela dor, dizemos sinceramente a Jesus: sou Teu e entrego-me a Ti e cravo-me na Cruz gostosamente, sendo, nas encruzilhadas do mundo, uma alma entregue a Ti, à Tua glória, à Redenção, à corredenção da humanidade inteira.


Décima segunda estação: Jesus morre na cruz

No cimo da Cruz, está escrita a causa da condenação: Jesus Nazareno, Rei dos Judeus (Jo XIX, 19). E todos os que passam por ali O injuriam e O escarnecem.

- Se é o rei de Israel, desça agora da Cruz (Mt XXVII, 42).

Um dos ladrões vem em Sua defesa:

- Este não fez nenhum mal (Lc XXIII, 41).

Depois, dirige a Jesus uma petição humilde, cheia de fé:

- Senhor, lembra-Te de mim, quando entrares no Teu Reino (Lc XXIII, 42).

- Em verdade te digo que, hoje mesmo, estarás comigo no Paraíso (Lc XXIII, 43).

Maria, Sua Mãe, está junto da Cruz, com outras santas mulheres. Jesus olha-a e olha, depois, para o discípulo que ama e diz a Sua Mãe:

- Mulher, aí tens o teu filho.

Depois, diz ao discípulo:

- Aí tens a tua Mãe (Jo XIX, 26-27).

Apaga-se a luminária do céu e a terra fica mergulhada em trevas. São cerca das três, quando Jesus exclama:

- Elí, Elí, lamma sabachtani?! Isto é: Meu Deus, Meu Deus, por que Me abandonaste (Mt XXVII, 46)?

Depois, sabendo que todas as coisas estão prestes a ser consumadas, para que se cumpra as Escrituras, diz:

- Tenho sede (Jo XIX, 28).

Os soldados embebem uma esponja em vinagre e, atando-a a uma cana de hissope, aproximam-Lha da boca. Jesus sorve o vinagre e exclama:

- Tudo está consumado (Jo XIX, 30).

O véu do templo rasga-se e a terra treme, quando o Senhor brada com voz forte:

- Pai, nas Tuas mãos entrego o Meu espírito (Lc XXIII, 46). E expira. Ama o sacrifício que é fonte de vida interior. Ama a Cruz que é altar do sacrifício. Ama a dor até beber, como Cristo, as fezes do cálice.


Décima terceira estação: Jesus é descido da Cruz e entregue à sua Mãe

Mergulhada na dor, Maria está junto da Cruz. E João, com Ela. Mas faz-se tarde, e os judeus insistem para que se tire o Senhor dali.

Depois de ter obtido de Pilatos a licença que a lei romana exige para sepultar os condenados, chega ao Calvário um senador chamado José, varão bom e justo, oriundo de Arimateia. Ele não tinha concordado com a condenação nem com a execução; ao contrário, era dos que esperavam o reino de Deus (Lc XXIII, 50-51). Com ele vem também Nicodemos, o mesmo que anteriormente tinha ido de noite encontrar-se com Jesus, trazendo uma mistura de mirra e aloés, de quase cem libras (Jo XIX, 39).

Não eram conhecidos, publicamente, como discípulos do Mestre; não se encontravam nos grandes milagres nem O acompanharam na Sua entrada triunfal, em Jerusalém. Agora, no momento mau, quando os outros fogem, não temem comprometer-se pelo seu Senhor.

Tomam os dois o corpo de Jesus e deixam-nO nos braços de Sua Santíssima Mãe. Renova-se a dor de Maria.

Para onde foi o teu Amado, ó mais formosa das mulheres? Para onde partiu quem tu amas, e procurá-lo-emos contigo (Cant V, 17)?

A Virgem Santíssima é nossa Mãe e não queremos, nem podemos, deixá-la sozinha.


Décima quarta estação: Jesus é colocado no sepulcro

Num horto muito perto do Calvário, José de Arimateia tinha mandado lavrar, na rocha, um sepulcro novo. E, por ser a véspera da grande Páscoa dos judeus, põem Jesus ali. Depois, José rolou uma grande pedra, para diante da boca do sepulcro, e retirou-se (Mt XXVII, 60).

Sem nada veio Jesus ao mundo e sem nada - nem sequer o lugar onde repousa - se nos foi.

A Mãe do Senhor - minha Mãe - e as mulheres que seguiram o Mestre desde a Galileia, depois de observar tudo atentamente, partem também. Cai a noite.

Agora consumou-se tudo. Cumpriu-se a obra da nossa Redenção. Já somos filhos de Deus, porque Jesus morreu por nós e a Sua morte resgatou-nos.

Empti enim estis pretio magno (I Cor VI, 20)!, tu e eu fomos comprados por alto preço.

Temos de fazer vida nossa a vida e a morte de Cristo. Morrer pela mortificação e a penitência, para que Cristo viva em nós pelo Amor. E seguir, então, as pisadas de Cristo, com ânsia de co-redimir todas as almas.

Dar a vida pelos outros. Só assim se vive a vida de Jesus e nos fazemos uma só coisa com Ele.