Um sinal de esperança

D. Javier Echevarría // Avvenire (Milão)

29 de Maio de 1998

As festas litúrgicas são muito mais do que um piedoso exercitar da memória. A Igreja, cada vez que celebra uma festa, vive de novo um acontecimento, e convida os fiéis a repetir a experiência origi-nal dos primeiros protagonistas do evento. Pois é certo que “Jesus Cristo é o mesmo ontem e hoje, e pelos séculos dos séculos”(Heb. 13, 8).

Pensemos na solenidade do Pentecostes. A cena que os Actos dos Apóstolos narram tem perene actualidade. Cada um de nós compreende na sua própria língua o anúncio da salvação. Sentimo-nos unidos a todos os cristãos, com um vínculo mais forte que qualquer possível diferença. Palpita in-tacta na Igreja a força que levou os Apóstolos a espalhar o Evangelho até aos confins da terra. Se sabemos escutar e seguir a voz do Espírito Santo, aquele vento impetuoso que sacudiu os muros do Cenáculo jamais deixará de soprar sobre o povo de Deus.

No próximo Sábado, vigília da festa de Pentecostes, o Santo Padre presidirá a um encontro que nos é proposto como sinal tangível da presença viva do Espírito Santo na Igreja. À volta do Papa, no final do seu Congresso mundial, reunir-se-ão representantes dos numerosos movimentos eclesiais suscitados ao longo destes anos pelo Espírito, como confirmação da inesgotável fecundidade da Esposa de Cristo. Estas realidades são sinal de esperança para o presente e para o futuro. Alimentam a nossa esperança a sua entrega ao trabalho de evangelização, a sua capacidade de difundir a fé nos mais variados ambientes, a coerência cristã que promovem por toda a parte, a alegria de tantos ho-mens e de tantas mulheres que redescobrem - graças ao seu testemunho - a radicalidade dos com-promissos baptismais. Tal como aconteceu em todas as etapas da vida da Igreja, logo desde o início, os movimentos são hoje em dia expressão viva da acção do Espírito Santo no mundo. A sua presen-ça redunda em benefício de todos, porque todos encontramos consolo e estímulo no bom exemplo que nos oferecem os irmãos que tomam a sério a vocação cristã.

No Sábado à tarde, na Praça de S. Pedro, a Igreja oferecerá um novo sinal da sua própria vitalidade: com o Papa, em união com os Pastores e como todos os fiéis, ficará patente o ímpeto sobrenatural d'Aquele que é Senhor e dá a vida.

A Prelatura do Opus Dei enquanto tal, pela sua estrutura, não faz parte dos movimentos; e por isso não participou no Congresso nem estará representada no encontro final. No entanto, todos os fiéis da Prelatura sentem-se, com toda a Igreja, muito próximos de todos os movimentos. Alguns desses fiéis tiveram além disso oportunidade de colaborar na organização destas jornadas; outros estarão presentes na celebração, por diversas razões; e todos rezaremos pelos seus frutos espirituais e apos-tólicos, recordando o convite do Beato Josemaría: "Pede a Deus que na Santa Igreja, nossa Mãe, os corações de todos, como na primitiva cristandade, sejam um só coração, para que até aos fins dos séculos se cumpram de verdade as palavras da Escritura: "multitudinis autem credentium

erat cor unum et anima una", a multidão dos fiéis tinha um só coração e uma só alma" (Forja, n.632). Unidade de oração, unidade de intenções, unidade de afectos: a esperança de Pentecostes.