Um centenário marcado pela solidariedade

No dia 9 de Janeiro, apresentaram-se no Centro Elis, de Roma, diversas iniciativas sociais e de serviço inauguradas em oito países para recordar o beato Josemaría Escrivá, fundador do Opus Dei, por ocasião do centenário do seu nascimento.

Marta Manzi, porta-voz das actividades do Centenário, assinalou que “estas novas iniciativas são a melhor recordação, tangível e perdurável, do aniversário que se celebra hoje.”

O sociólogo Pierpaolo Donati, Catedrático da Universidade de Bologna, comentou que “os ensinamentos de Josemaría Escrivá têm levado numerosas pessoas a tomar consciência da responsabilidade que todos temos, como membros da família humana, de promover o desenvolvimento material e moral dos mais necessitados”. No beato Escrivá, assinala Donati, “o trabalho é essencialmente lugar de encontro pessoal com Deus e modo de servir os outros”. Por este motivo, “as iniciativas promovidas sob a inspiração dos seus ensinamentos têm o trabalho como eixo e fundamento: centros de formação profissional, dirigidos por operários, engenheiros e artesãos, nos quais se formam jovens para aprender um ofício de modo a ter um trabalho e sobreviver dignamente; hospitais e centros de saúde, promovidos por médicos e enfermeiras, destinados a dar atenção sanitária em lugares onde não chegam as estruturas públicas, etc.”

Educação, Trabalho, Imigração e Sanidade

O congolês Leon Tshilolo explicou as actividades do novo dispensário médico-social “Moluka” (na R.D. Congo), dependente do Hospital Monkole, através do qual os médicos e enfermeiras oferecem cuidados sanitários a pessoas que se encontram à margem dos circuitos educativos e sanitários. Além disso, assinala Tshilolo, este centro de saúde facultará programas de higiene corporal e nutrição, salubridade da casa e do meio, saúde familiar, puericultura, alfabetização, economia, técnicas domésticas e criação de actividades produtivas. Com o novo dispensário poder-se-á atingir uma população de 30.000 pessoas.

O nigeriano Charles Osezua apresentou o “Institute of Industrial Technology”, dirigido a jovens e adultos de umas zonas da capital, Lagos, onde o índice de desemprego juvenil chega aos 60%. Aberto a pessoas de todas as religiões, raças e tribos, o IIT pretende ser “um agente de alívio da pobreza” proporcionando formação profissional e técnica a essas pessoas, para lhes facilitar o acesso ao mundo do trabalho. O instituto, inaugurado oficialmente no passado mês de Outubro “como uma prenda de aniversário ao beato Josemaría”, terá, no primeiro ano, 75 alunos, número que aumentará de ano para ano. As principais linhas de formação são a electromecânica e a automação.

Isabel Charún, promotora rural em Cañete, ilustrou as iniciativas do centro de formação para a mulher “Condoray”, uma instituição promovida por pessoas do Opus Dei a 150 Kilómetros de Lima, nas quais já se formaram umas 20.000 camponesas de uma das regiões mais pobres do Perú. 83% das mulheres entre os 19 e os 39 anos são analfabetas, enquanto que 70% das famílias são pobres e não podem cobrir as necessidades primárias. “Os ensinamentos do beato Josemaría –afirma- levaram-nos a empregar os meios para que os nossos filhos tenham uma vida melhor, e por isso muitas de nós queremos ser protagonistas do desenvolvimento dos nossos povos”. Charún é uma camponesa indígena que aprendeu a ler em Condoray, e hoje é uma das promotoras do centro.

Outras seis iniciativas que nascem por ocasião do Centenário são a Escola Agropecuária “Guatanfur” (Colômbia), a ONG “Braval” de Barcelona (Espanha) - dirigida à integração social dos imigrantes -, o centro de saúde da “Cidade dos Meninos” (em Monterrey, México), o centro de promoção da camponesa “Dworek” (Polónia), o colégio “Los Pinos” (em Montevideo, Uruguai) e outro centro de saúde em Caracas (Venezuela).

Verdadeiro tesouro do cristianismo

Mons. José Luis Illanes, Director do Instituto Histórico Josemaría Escrivá, recordou que Josemaría Escrivá, desde os inícios do seu magistério sacerdotal, “percorre barracas e hospitais repletos de doentes, com uma fé que lhe permitirá dizer que o fundamento do Opus Dei, o seu tesouro e a sua riqueza, são os pobres que nada têm e os doentes desamparados.” Com os anos, “Josemaría Escrivá impulsiona numerosos projectos: escolas de formação profissional, centros de capacitação para camponeses, universidades, colégios, hospitais e centros de saúde, etc., abertos a pessoas de todas as raças, religiões e condições sociais”. Illanes afirmou que o beato Escrivá “fez notar sempre que a virtude da pobreza vivida pessoalmente e a preocupação pelos mais necessitados são o verdadeiro tesouro do cristianismo, o fundamento da sua vocação de serviço à Igreja e à sociedade.”

Ao concluir a apresentação, o delegado do Presidente do Governo para a aplicação do plano do G-8 para África, Alberto Michelini, ressaltou o interesse de iniciativas deste tipo, porque “para transformar sociedades em dificuldade e gerar progresso, o fundamental é a capacitação profissional dos cidadãos”.

Na apresentação também se transmitiram experiências sobre iniciativas existentes desde há vários anos no Chile (Nocedal), Filipinas (DAWN), Grã-Bretanha (Baytree), Guatemala (Kinal), Itália (ELIS), Quénia (Kimlea), Portugal (Criança e Vida) e Estados Unidos (Metro).