Trabalhar a confiança (VI): Cada filho é diferente

Pequeno vídeo e guia para aprofundar na compreensão dos filhos e aceitar a evolução do seu caráter. Sexto vídeo da série “Trabalhar a confiança”. Vídeo de 5 minutos com legendas em português.

Para saber como ativar legendas em português, clique aqui.

É normal que os pais tenham uma ideia pré-concebida sobre os seus filhos, em que sobressaem os sonhos sobre quem serão e como irão desenvolver-se. No entanto, à medida que os filhos vão crescendo, muitos surpreendem-se ao constatar que cada filho é diferente e ao comprovar que a ideia que tinham sobre eles não encaixa de todo com a realidade.

Quanto mais cedo os pais se derem conta de que são eles quem tem de ajustar-se e responder, em vez de decidirem o caminho que os filhos hão-de seguir, menos dores de cabeça terão ao educá-los.

Neste sentido, é melhor aproximar-se da tarefa de pais com mente aberta; ainda que em certas ocasiões, os pais tenham de decidir o rumo, também têm de estar preparados para aprender com cada filho. Às vezes, a opção mais simples perante uma situação não é a melhor para um filho em concreto. Por isso, um aspeto importante na educação é a capacidade de responder às necessidades pessoais de cada filho, já que o que cada um requer é diferente.

A seguir, apresentam-se algumas perguntas que podem ajudar a aproveitar bem este vídeo, ao ser visto com amigos, na escola ou na paróquia.

Perguntas para o diálogo

  • Como se formam os preconceitos que os pais têm em relação aos filhos?
  • Há diálogo entre marido e mulher sobre como educar os filhos? Quais os momentos-chave na educação dos filhos em que os pais têm de aprender a escutar?
  • O sistema educativo do país promove o crescimento de cada criança como pessoa? Se não, que se pode fazer para fomentar este aspecto? Que iniciativas podem ter os pais para estimular esse desenvolvimento?
  • Pensa que é bom conhecer o tipo de personalidade de cada filho para encorajá-lo a desenvolver ao máximo as suas capacidades? Como podem os pais ajudar os filhos a crescer no conhecimento próprio e na autoestima?
  • Como alcançar o equilíbrio entre exigir e permitir a um filho escolher o que deseja?
  • Que pode ajudar os pais a serem mais amigos dos filhos e a tornarem-se modelos de conduta para eles?

Propostas para agir

  • É capaz de descrever a personalidade, os talentos, as possibilidades, os defeitos de caráter de cada um dos seus filhos?
  • Quais são os seus sonhos para cada filho? Correspondem ao que entendem como casal? De que precisa cada um para crescer e melhorar? Que podem fazer os pais por cada um dos seus filhos dentro dos limites das suas possibilidades (tempo, dinheiro, experiência, etc.)?
  • Dedicamos tempo como casal a refletir sobre como é cada filho e o modo de orientá-lo? Dedicamos tempo a estar juntos em família e também a cada um dos filhos?
  • Em que programas de desenvolvimento da família e do matrimónio podemos participar para aprender a sermos melhores pais, individualizando a educação de cada filho?

Meditar com a Sagrada Escritura e com o Catecismo da Igreja Católica

  • “E Deus disse: ‘Façamos o homem à Nossa imagem e à Nossa semelhança, para que domine sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu, sobre os animais domésticos, e sobre todos os répteis que rastejam sobre terra’. Deus criou o homem à Sua imagem, criou-o à imagem de Deus; Ele os criou homem e mulher.” (Gn 1, 26-27)
  • “Foi-me dirigida a Palavra do Senhor nestes termos: ‘Antes que fosses formado no ventre de tua mãe, Eu já te conhecia; antes que saísses do seio materno, Eu te consagrei, e te constitui profeta entre as nações’.” (Jer 1, 4-5)
  • “Aproximai-vos d’Ele, pedra viva, rejeitada pelos homens, mas escolhida e preciosa aos olhos de Deus. E vós próprios, como pedras vivas, entrai na construção de um edifício espiritual, por meio de um sacerdócio santo, cujo fim é oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo.” (1Ped 2, 4-5)
  • “É aqui que se exerce de modo privilegiado o sacerdócio batismal do pai de família, da mãe, dos filhos, de todos os membros da família, ‘na receção dos sacramentos, na oração e na ação de graças, no testemunho da santidade de vida, na abnegação e na caridade efectiva’. O lar é, assim, a primeira escola de vida cristã e ‘uma escola de enriquecimento humano’. Aqui se aprende a tenacidade e a alegria no trabalho, o amor fraterno, o perdão generoso e sempre renovado, e sobretudo o culto divino, pela oração e pelo oferecimento da própria vida.” (Catecismo da Igreja Católica, 1657)

Meditar com o Papa Francisco

  • “As crianças conhecem as nossas alegrias, as nossas dores e preocupações. Tentam compreender tudo, dão conta de tudo e, como são muito intuitivas, tiram as suas próprias conclusões e conhecimentos. Sabem quando nos enganamos e quando não. São muito espertos. Portanto, diria em primeiro lugar: cuidem delas, cuidem do seu coração, da sua alegria e da sua esperança.” (Visita pastoral a Milão, 25/03/2017)
  • “Quando os pais me dizem que perdem a paciência com os seus filhos, pergunto-lhes sempre: quantos são? – três, quatro, dizem-me. E depois faço-lhes uma segunda pergunta: brincam com eles? E não sabem o que dizer. Os pais, hoje em dia, não podem ou perderam o hábito de brincar com os filhos, de ‘perder tempo’ com os filhos. Uma vez, um pai disse-me: ‘Quando vou trabalhar ainda estão na cama, e quando volto à noite já estão na cama. Só os vejo em dias de festa’. Está muito mal; esta vida tira-nos a humanidade. Mas lembrai-vos disto: brincar com os filhos, ‘perder tempo’ com eles também é transmitir a fé. É a gratuitidade, a gratuitidade de Deus.” (Visita pastoral a Milão, 25/03/2017)
  • “Os filhos são um dom, um presente, entendeis bem? Os filhos são um dom. Cada um é único e irrepetível e ao mesmo tempo está inconfundivelmente unido às suas raízes. De facto, ser filho e filha, segundo o desígnio de Deus, significa levar em si a memória e a esperança de um amor que se realizou precisamente dando a vida a outro ser humano, original e novo. E para os pais cada filho é ele próprio, é diferente, é distinto.” (Audiência geral, 11/02/2015)
  • “Gosto muito disto de sonhos na família. Toda a mãe e todo o pai sonhou o seu filho durante nove meses, é verdade ou não? [Sim!] Sonhar como será o filho. Não é possível uma família sem sonhos. Quando numa família se perde a capacidade de sonhar, os filhos não crescem, o amor não cresce, a vida debilita-se e apaga-se. Por isso, recomendo-vos que à noite, ao fazerem o exame de consciência, façam também esta pergunta: Hoje sonhei com o futuro dos meus filhos? Hoje sonhei com o amor do meu marido, da minha mulher? Hoje sonhei com os meus pais, os meus avós que viveram antes de mim? É tão importante sonhar! Em primeiro lugar, sonhar numa família. Não percam esta capacidade de sonhar.” (Encontro com as famílias, Filipinas, 16/01/2015)

Meditar com S. Josemaria

  • “Os pais são os principais educadores dos filhos, tanto humana como sobrenaturalmente, e têm de sentir a responsabilidade dessa missão, que exige deles compreensão, prudência, saber ensinar e, sobretudo, saber amar e empenho em dar bom exemplo. Não é caminho certo para a educação a imposição autoritária e violenta. O ideal dos pais concretiza-se melhor em serem amigos dos seus filhos; amigos a quem se confiam as inquietações, com quem se abordam os problemas, de quem se espera uma ajuda eficaz e amável. É necessário que os pais tenham tempo para estar com os filhos e falar com eles. Os filhos são o que há de mais importante; são mais importantes que os negócios, que o trabalho, que o descanso. Nessas conversas, convém escutá-los com atenção, esforçar-se por compreendê-los, saber reconhecer a parte de verdade - ou a verdade inteira - que possa haver em algumas das suas rebeldias. E ao mesmo tempo ajudá-los a canalizar retamente os seus interesses e entusiasmos; ensiná-los a considerar as coisas e a raciocinar, não lhes impor determinada conduta, mas mostrar-lhes os motivos sobrenaturais e humanos que a aconselham. Numa palavra, respeitar a sua liberdade, já que não há verdadeira educação sem responsabilidade pessoal, nem responsabilidade sem liberdade. (Cristo que passa, n.º 27)
  • “Todos compreendemos também com o decorrer dos anos que os nossos pais tinham razão em muitas coisas, frutos da sua experiência e do seu carinho. Por isso, corresponde em primeiro lugar aos pais – que já passaram por esses momentos – serem compreensivos, flexíveis, terem bom humor e evitar com amor inteligente os possíveis conflitos. Aconselho sempre os pais a serem amigos dos filhos. A autoridade paterna que a educação exige pode perfeitamente harmonizar-se com a amizade, que significa colocar-se de algum modo ao mesmo nível dos filhos. Os jovens – mesmo os que parecem rebeldes e desprendidos – desejam sempre essa aproximação, essa camaradagem com os pais. É uma questão de confiança. Os pais devem educar os seus filhos num clima de amizade, de familiaridade, não dando nunca a impressão de não confiarem neles, dando-lhes liberdade e ensinando-os a geri-la com responsabilidade pessoal.” (Temas Atuais do Cristianismo, 100)
  • “Para mim não há exemplo mais claro dessa união prática entre a justiça e a caridade que o comportamento das mães. Amam com igual carinho todos os filhos, e é precisamente esse amor que as impele a tratar cada um de modo diferente, com uma justiça desigual, já que cada um é diferente dos outros. Pois bem, também com os nossos semelhantes, a caridade aperfeiçoa e completa a justiça, porque nos move a conduzirmo-nos de modo diferente com pessoas diferentes, adaptando-nos às suas circunstâncias concretas, com o fim de comunicar alegria a quem está triste, ciência a quem precisa de formação, afecto ao que se sente só… A justiça estabelece que se dê a cada um o que é seu, o que não significa dar a todos o mesmo. O igualitarismo utópico é fonte das maiores injustiças. Para agirmos sempre assim, como essas boas mães, é preciso esquecermo-nos de nós próprios, e não aspirar a outro senhorio que o de servir os outros, como Jesus Cristo pregava: ‘O Filho do Homem não veio para ser servido mas para servir’. Isso requer a fortaleza de submeter a própria vontade ao modelo divino, trabalhar para todos, lutar pela felicidade eterna e pelo bem-estar dos outros. Não conheço melhor caminho para ser justo que o de uma vida de entrega e serviço. (Amigos de Deus, n.º173)