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Guião para aproveitar o video
Educar em liberdade e no uso das tecnologias. A Internet representa um dos avanços mais transformadores do ponto de vista económico, social, científico e cultural dos últimos tempos. Vieram daí muitas vantagens. Ao mesmo tempo, a facilidade de acesso dos filhos a tanta informação, imagens, jogos, software, aplicações, redes sociais, etc., lança um desafio aos que agora são pais. A pornografia online, a violência excessiva de alguns videojogos e outras dependências podem causar danos sérios, especialmente a menores.
ENSINAR OS FILHOS A EXERCITAR A MODERAÇÃO NO USO DAS TECNOLOGIAS REQUER DETERMINADO ESFORÇO
Os pais precisam de ter uma estratégia centrada em ajudar os filhos a usar adequadamente os smartphones, tablets, videojogos e computadores pessoais. Assim, poderão desenvolver uma auto-estima sadia, aprender a ter amigos reais, a desfrutar e enriquecer-se com atividades como a leitura e o desporto.
Ensinar os filhos a exercitar a moderação no uso das tecnologias requer determinado esforço em que o casal deve compartilhar da mesma visão. Significa dar bom exemplo aos filhos, estabelecer limites em casa ao uso dos dispositivos, e construir a confiança através do diálogo, proporcionando atividades alternativas que os ajudem a crescer e a desenvolver-se: sair com amigos, fazer jogos de mesa, ajudar em casa, etc.
Propomos algumas perguntas que podem ajudar a aproveitar melhor este video, ao ser visto com amigos, na escola ou na paróquia.
Perguntas para o diálogo:
- Qual é a melhor idade para começar a usar as tecnologias? Qual seria o máximo de tempo por dia para os filhos as usarem? Alguns pais acham que uma criança está preparada para ter dispositivos pessoais quando é capaz de manter o quarto arrumado, que lhe parece?
- Qual é a melhor forma de guiar e dirigir o uso pessoal das tecnologias para garantir que será enriquecedor em vez de ser um comportamento aditivo? De que maneira se podem pôr limites aos mais novos, que tipo de limites é bom pôr, tendo em conta a idade? Alguns pais conseguem que os filhos não utilizem os dispositivos num quarto fechado; outros não os deixam usá-los perto da hora de ir dormir. Que outras estratégias pensa que resultariam?
- Quais são os melhores sites e aplicações que conhece, simultaneamente divertidos e enriquecedores e que podem ajudar os filhos no seu desenvolvimento intelectual, cultural e criativo? Como podem os pais assegurar que isso seja um esforço positivo em vez de se focarem nos aspetos negativos? Há estudos ou investigações interessantes publicadas sobre o tema que ajudem os pais?
- Como podem os pais facilitar que os filhos falem com eles sobre as imagens e sites problemáticos que vêem no telemóvel? Há recursos para ajudar a começar essas conversas? Pense nas melhores experiências que teve para fomentar a liberdade responsável e a temperança neste campo, conhece livros, artigos, blogues, sites e/ou podcasts que tenham sido úteis para isto?
- Já pensou em colocar filtros da Internet em casa? Ou no plano familiar de telemóveis? Sabe como usam o YouTube os seus filhos? Há aplicações que possam ajudar crianças e adolescentes a regular-se melhor no uso das tecnologias? Aqui podem encontrar-se algumas sugestões.
Propostas de ação
- O casal deve confirmar que os dois compartilham a mesma visão sobre quando e como ajudar cada um dos filhos a viver a temperança no uso das tecnologias. Pensem juntos sobre como utilizam as horas de um dia normal. Isto pode ajudar a planear momentos para passearem juntos, organizar excursões, ou atividades em casa (jogos de sala, pingue-pongue, etc) Costumam ser boas alturas para ter conversas com interesse com os filhos.
- Procure ter regras claras em sua casa: talvez não usar os dispositivos durante as refeições, deixar a porta aberta quando se está usando a internet, não permitir o uso de aparelhos antes de ir dormir, etc.
- Reze diariamente pelos filhos e pela temperança e responsabilidade pessoais de cada um deles. Ensine-os a rezar ao Espírito Santo para que os ilumine e ensine a utilizar bem o seu tempo. Através do exemplo e da própria luta por ser temperado neste campo, ensine-lhes que o uso excessivo da tecnologia pode dificultar a capacidade de uma pessoa para empatizar com os outros e estabelecer relações sadias. Demonstre com as suas ações a importância de cuidar dos outros para desenvolver relações interpessoais, em vez de passar muito tempo a olhar para ecrãs.
- Os filhos vão notar o esforço por viver a temperança e o auto-controlo na relação com a tecnologia. Os pais, mais do que falar, devem agir. Os filhos deviam poder encontrar sempre nos pais um olhar de amor incondicional e dar conta de que os pais desfrutam, estando com eles.
Meditar com a Sagrada Escritura e com o Catecismo da Igreja Católica
- “E se alguém ama a justiça, saiba que são frutos da Sabedoria as virtudes: ela ensina a temperança e a prudência, a justiça e a fortaleza, que são os bens mais úteis na vida” (Sabedoria, 8,7)
- “A temperança é a virtude moral que modera a atração pelos prazeres e procura o equilíbrio no uso dos bens criados. Assegura o domínio da vontade sobre os instintos e mantém os desejos dentro dos limites da honestidade...” (Catecismo da Igreja Católica, 1809)
- “O amor é paciente, é benfazejo; não é invejoso, não é presunçoso nem se incha de orgulho; não faz nada de vergonhoso, não é interesseiro, não se encoleriza, não leva em conta o mal sofrido; não se alegra com a injustiça, mas fica alegre com a verdade. Ele desculpa tudo, crê tudo, espera tudo, suporta tudo” (1 Coríntios, 13, 4-7).
- “Pois Deus não nos deu um espírito de covardia, mas de força, de amor e de moderação” (2 Timóteo, 1, 7)
Meditar com o Papa Francisco
- “Queridos jovens, não viemos ao mundo para «vegetar», para transcorrer comodamente os dias, para fazer da vida um sofá que nos adormeça; pelo contrário, viemos com outra finalidade, para deixar uma marca… Jesus é o Senhor do risco, o Senhor do sempre «mais além». Jesus não é o Senhor do conforto, da segurança e da comodidade. Para seguir a Jesus, é preciso ter uma boa dose de coragem, é preciso decidir-se a trocar o sofá por um par de sapatos que te ajudem a caminhar por estradas nunca sonhadas e nem mesmo pensadas.” (Jornada Mundial da Juventude na Polónia, 30 de julho de 2016)
- “Devo receber o Espírito que me leva à palavra com docilidade, e esta docilidade, não fazer resistência ao Espírito, levar-me-á àquele modo de viver, de agir. Receber com docilidade a palavra, conhecer a palavra e pedir ao Espírito a graça de a fazer conhecer, dar espaço para que esta semente brote e cresça naquelas atitudes de bondade, mansidão, benevolência, paz, caridade, domínio de si: tudo o que constitui o estilo cristão”.(Homilia, 9 de maio de 2017)
- “Uma família que raramente faz as refeições unida, ou na qual à mesa não se fala mas assiste-se à televisão, ou se olha para o smartphone, é uma família «pouco família». Quando os filhos à mesa continuam ligados ao computador, ao telemóvel, e não se ouvem entre si, isto não é família, é uma pensão…Hoje reflectimos sobre uma qualidade característica da vida familiar que se aprende desde os primeiros anos de vida: o convívio, isto é, a atitude a partilhar os bens da vida e a sentir-se feliz por o poder fazer. " (Audiência 11 de Novembro de 2015)
Meditar com S. Josemaria
A alteração da situação familiar em nossos dias leva, algumas vezes, a que não seja fácil o entendimento mútuo, e inclusivamente gera a incompreensão, dando-se aquilo a que se tem chamado conflito de gerações. Como se pode superar isto?
O problema é antigo, se bem que talvez agora se apresente com mais frequência ou de forma mais aguda, por causa da rápida evolução que carateriza a sociedade actual. É perfeitamente compreensível e natural que os jovens e os adultos vejam as coisas de modo diferente. Sempre assim foi. O mais surpreendente seria que um adolescente pensasse da mesma maneira que uma pessoa madura. Todos sentimos impulsos de rebeldia para com os mais velhos quando começamos a formar o nosso critério com autonomia, e todos também, com o correr dos anos, compreendemos que os nossos pais tinham razão em muitas coisas, que eram fruto da sua experiência e do amor por nós. Por isso compete em primeiro lugar aos pais - que já passaram por esse transe - facilitar o entendimento, com flexibilidade, com espírito jovial, evitando esses possíveis conflitos com amor inteligente.
Aconselho sempre os pais que procurem tornar-se amigos dos filhos. Pode-se harmonizar perfeitamente a autoridade paterna, que a própria educação requer, com um sentimento de amizade que exige pôr-se de alguma maneira ao mesmo nível dos filhos. Os jovens - mesmo os que parecem mais indóceis e desprendidos - desejam sempre essa aproximação com os pais. O segredo costuma estar na confiança. Que os pais saibam educar num clima de familiaridade, que nunca dêem a impressão de que desconfiam, que dêem liberdade e que ensinem a administrá-la com responsabilidade pessoal. É preferível que se deixem enganar alguma vez. A confiança que se põe nos filhos faz com que eles próprios se envergonhem de terem abusado, e se corrijam. Pelo contrário, se não têm liberdade, se vêem que não se confia neles, sentir-se-ão levados a enganar sempre. (Temas Atuais do Cristianismo, 100)
Textos e links para continuar a reflexão: