Experimentar um verão diferente. Repetir uma experiência já vivida. Seguir o conselho de uma amiga. Fazer alguma coisa pelos outros… Foram estes e outros os motivos que levaram mais de 70 jovens a participar nos acampamentos de trabalho social que o ICIED – Iniciativas de Capacitación (formação) Integral para Empreendimentos de Desenvolvimento) – organizou durante os meses de Janeiro e Fevereiro com o objectivo de promover o compromisso social em jovens universitárias e do ensino secundário. Este verão (NT.: no hemisfério Sul) as propostas foram: a Ilha do Cerrito, na Província de Chaco; e El Bordo, na Província de Salta.
Em tempo de colheita
O acampamento de El Bordo, como noutros anos, realiza-se na época da colheita de tabaco. É um período do ano especialmente difícil para as famílias, dado que a maioria dos homens vão muito cedo para o campo para colher as folhas que depois as mulheres se encarregam de encanar.
Assim, as crianças permanecem, a maior parte do dia, sozinhas ou acompanham os pais no trabalho. Tendo em conta esta realidade, desde o início dos acampamentos em El Bordo, há cinco anos, uma ideia fundamental foi a de trabalhar no fortalecimento familiar e colaborar na erradicação do trabalho infantil. Para isto, à volta de uma feira de venda de roupa deram-se palestras sobre família, às mães; sobre afectividade, às adolescentes e organizaram-se jogos para os rapazes.
De acordo com as pessoas do lugar, já faz parte da paisagem desta época do ano ver a praça repleta de crianças a brincar, as longas bichas de mães, umas à espera para entrar na feira e outras a participar nas palestras. “Não imaginam o bem que fazem cada vez que cá vêm”, foi o testemunho de uma mulher da povoação. “É para nós uma oportunidade de falar com alguém, de nos sentirmos ouvidas, de receber um conselho.”
Cada um dá o que recebe
Um dos objectivos dos acampamentos de trabalho social é dar às universitárias a possibilidade de “devolver” à sociedade, já nesta etapa, parte do que receberam. No Chaco, o objetivo foi largamente ultrapassado.
Ano após ano, as participantes no acampamento na Ilha do Cerrito, deparam com uma comunidade carente, não só no aspecto material, mas em iniciativas de formação e de crescimento humano. Graças ao contacto que se estabeleceu com algumas docentes do lugar, projectou-se para o próximo ano, um curso de orientação vocacional, para ampliar as expectativas dos jovens da zona.
Nesta oportunidade, a variedade de temas foi ampla e permitiu às universitárias um convívio muito intenso com as pessoas da zona. Os temas das palestras foram: gravidez, aleitamento e nutrição nos primeiros anos de vida, valores nutricionais e higiene da boa e dentes. Como noutros anos, as palestras foram também transmitidas pela rádio local.
“Quero ser como elas”
“Ao ouvir vivências cheias de sofrimento, era um dos nossos objectivos, apresentar-lhes uma visão transcendente da vida que os ajude a superar e alterar, na medida das suas possibilidades, tudo o que fosse contra a sua dignidade de filhos de Deus”, escreveu uma das participantes no acampamento em Salta.
Com esta meta diária, não é de surpreender que se ao princípio “éramos nós quem os visitávamos oferecendo-lhes a possibilidade de estar perto de Deus através dos Sacramentos, depois foram eles que nos procuravam pedindo-nos que regressemos para o ano,” escreveu outra das participantes.
Surpreendeu a reacção de uma rapariga que, ao passar em frente da Igreja de El Bordo e ao ver algumas moças do acampamento à saída da Missa a conversar animadamente com as pessoas do lugar, disse à mãe: “Quero ser como elas” e pediu para se baptizar.
“Levo imenso deste acampamento”, anotou uma das participantes em Chaco. “a alegria de transmitir Deus e de desfrutar dessa simplicidade que nos transmitiam as pessoas do lugar, fazia-nos pensar que tudo era pouco”.