Simpósio “Testemunhas do século XX, mestres do século XXI” em Sevilha

Edith Stein, João XXIII, Josemaría Escrivá, Irmã Ângela de la Cruz... são alguns dos “Testemunhos do século XX e mestres do século XXI”. As suas vidas e ensinamentos foram o centro do simpósio organizado pela Academia de Historia Eclesiástica de Sevilha no dia 8 de Abril de 2002.

O Arcebispo de Sevilha, D. Carlos Amigo Vallejo explicou o sentido do simpósio na conferência de abertura: “Escolhemos figuras próximas e representativas de sectores e momentos distintos. Todos eles nos falam, no tempo, da intemporalidade do testemunho autêntico, que não pode ser outro senão o próprio Jesus Cristo. Foram homens e mulheres do seu tempo, porque eram homens e mulheres de Deus. Estavam com a Igreja no meio do mundo. Esse mundo concreto que eram os homens que com Ele caminhavam no tempo”.

O Bispo de Palencia, D. Rafael Palmero Ramos, falou da figura do beato sevilhano Manuel González, a quem mostrou como modelo do bispo do século XXI e qualificou como “apóstolo dos sacrários, dos enfermos e dos pobres”. Destacou a importância que tiveram na sua vida o Evangelho e a Eucaristia: “O ideal da sua vida foi viver o Evangelho tão fielmente, tão evidentemente, que os outros pudessem ver, sentir e entender Jesus Sacramentado”.

Em seguida, D. Javier Echevarría, Prelado do Opus Dei, analisou a vida do beato Josemaría, tomando como ponto de referência a homilia Amar o mundo apaixonadamente que o fundador do Opus Dei pronunciou em 1967. “Amar o mundo significa amá-lo em Deus e para Deus. Nessa determinação reside a mensagem deste sacerdote santo. Mensagem antiga como o Evangelho, e como o Evangelho novo. Há muitos homens e mulheres no mundo, e nem a um só deles o Mestre deixa de chamar. Chama-os a uma vida de santidade, a uma vida eterna”.

Para quê mais santos?

Por sua parte, o Cardeal D. José Saraiva Marins, Prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, respondeu, na sua intervenção, à pergunta implícita no título da sua conferência: “Porque é que a Igreja continua a canonizar?” “O optimismo enraizado na fé leva-nos a considerar a chamada de todos à santidade como ponto de mira perante o qual se deve situar toda a actividade pastoral.” Recordou que João Paulo II beatificou recentemente e pela primeira vez na história um matrimónio. Sublinhou assim com optimismo que o matrimónio e a família constituem um caminho de santidade para a maioria dos cristãos.

A mesa redonda intitulada “Variedade de modelos na Igreja” permitiu analisar outras figuras chave do século XX. O escritor José Luis Olaizola falou do beato João XXIII, de quem ressaltou a coerência de vida e o profundo amor do ‘Papa bom’ à pobreza e à obediência. Fez referência a vários episódios da vida do beato nos quais mostrou como obedeceu ao que Deus lhe foi pedindo ao longo da sua vida.

O jornalista e escritor Nicolás Salas abordou a figura da beata Irmã Ângela de la Cruz. Com as suas reflexões mostrou que a fundadora das Irmãs da Cruz é um caso excepcional de devoção popular.

Pilar Cambra, também jornalista, dissertou sobre santa Edith Stein. Com palavras do Papa João Paulo II disse que “Teresa Benedicta da Cruz não só viveu a sua existência em diversos países da Europa mas que com a sua vida de pensadora, mística e mártir, lançou como que uma ponte entre as suas raízes judias e a sua adesão a Cristo, movendo-se com intuição segura no diálogo com o pensamento filosófico contemporâneo e, enfim, proclamando com o martírio as razões de Deus e do homem na imensa vergonha do soah”.

Em sua opinião, “declarar Edith Stein co-padroeira da Europa significa pôr no horizonte do Velho Continente uma bandeira de respeito, de tolerância e de hospitalidade que convida homens e mulheres a compreenderem-se e a aceitarem-se, para além das diferenças éticas, culturais e religiosas, para formar uma sociedade verdadeiramente fraterna”.