São Josemaría chegou a Roma há 60 anos

Faz 60 anos no dia 23 de Junho que S. Josemaria Escrivá começou a viver em Roma. A partir da Cidade Eterna, impulsionou o caminho jurídico do Opus Dei e a sua expansão por todo o mundo.

O Fundador do Opus Dei reza diante de Nossa Senhora das Mercês (Barcelona).

Em 1928, São Josemaria Escrivá recebeu a luz fundacional do Opus Dei em Madrid (Espanha). Começou a estender a mensagem da chamada universal à santidade, entre universitários e trabalhadores. Depois da guerra mundial compreendeu que tinha chegado o momento de estender essa mensagem aos cinco continentes.

Essa obra – universal e, portanto, católica – só podia empreender-se próximo do Papa, sucessor de S. Pedro. Além disso, era necessário procurar, perante a Santa Sé, um reconhecimento jurídico do Opus Dei; uma tarefa que levou Álvaro del Portillo a mudar-se para Roma uns meses antes.

Antes da deslocação para Roma, de barco, São Josemaria preparou com oração a sua viagem por mar, com destino a Itália. O Padre dirigiu a meditação aos seus filhos que naquele momento o acompanhavam.

“Começou a sua oração com uma citação do Evangelho de S. Mateus, em que se recolhem as palavras de S. Pedro depois do jovem rico se ter afastado triste, por lhe ter faltado a generosidade para corresponder à chamada de Cristo. “Vês, Senhor – disse – nós deixámos tudo e seguimos-Te. Que será de nós?” No entanto, o Padre disse algo mais naquela inolvidável oração de despedida, pediu aos seus filhos que extremassem o cuidado com a fraternidade, o carinho entre eles”.

“À primeira hora da manhã, São Josemaria foi com um de nós à Basílica das Mercês e ali, aos pés da Virgem, encomendou-se-Lhe filialmente e colocou, especialmente nas Suas mãos, o assunto tão importante que estava pendente em Roma”.

Viagem a Roma no navio J.J. Sister (de “Mis recuerdos”, de José Orlandis. Ed. Rialp)

“Mal zarparam do porto de Barcelona, começaram a sentir-se solavancos alarmantes (…). O pior que, talvez, tenham os temporais no mar é que parece que nunca mais terminam. O que sofremos, nessa viagem, deve ter durado entre quinze a dezoito horas, toda a noite e boa parte da manhã de Sábado, 22 de Junho”.

Imagem do J.J. Sister, o barco que transportou S.Josemaria até Roma.

“O Padre (São Josemaria) passou muito mal. Mas, ainda que pareça mentira, nunca perdeu nem o ânimo, nem mesmo a alegria e o bom humor; ”Padre – disse-lhe numa ocasião – não se preocupe, pois estamos no golfo de León e aqui o mar é sempre muito agitado!” “Há que ver – respondeu-me – de que maneira é que o diabo meteu o rabo no golfo de León! Está à vista que não lhe agrada nada que cheguemos a Roma!”

Nalguns momentos em que o navio balançava pela ondulação e ficava em posições inverosímeis, dizia-me em tom de graça “Pepe, parece-me que vamos regressar a Madrid transformados em pescada!”

O temporal atrasou várias horas a chegada do J.J. Sister ao porto de Génova.

A chegada a Roma

(De “O Fundador do Opus Dei, volume 3)

Em 23 de Junho de 1946 (…) Avistaram Roma. Quando o Padre divisou, recortada no horizonte à luz do crepúsculo, a cúpula de São Pedro, comoveu-se visivelmente e recitou o Credo em voz alta. O pensamento de que estava em Roma, a realidade desse momento, tão longamente acarinhado, ia calando fundo na sua mente e levantava recordações de outros tempos, mais ou menos longínquos. Nem queria acreditar!

A Primeira noite junto ao Vaticano (Discurso de Mons. Xavier Echevarría, 14-IX-2005)

Do pequeno terraço de uma casa que assoma para a Piazza Leonina, muito próxima deste lugar, o Fundador do Opus Dei passou a noite, de vela, em oração, rezando pela Igreja e pelo Romano Pontífice.

S. Josemaria diante da cúpula de S.Pedro

Cumpria-se, então, um dos grandes sonhos da sua vida, vir a Roma videre Petrum , para visitar a tumba do Apóstolo e estar perto do seu Sucessor, il dolce Cristo in terra (o doce Cristo na terra), como gostava de chamar ao Papa, pegando numa feliz expressão de Santa Catarina de Sena.

Apesar deste seu desejo, deixou passar vários dias antes de cruzar o umbral da Basílica, para oferecer ao Senhor um sacrifício pequeno mas custoso.

Oração pelo Santo Padre no seu primeiro dia romano

(De O fundador do Opus Dei, volume 3)

Uns anos mais tarde, convidará os seus filhos a dar rédea solta à imaginação, para captar o fascínio espiritual daquela noite de Junho consumida à beira do Papa: “ Pensai com quanta confiança rezei pelo Papa, naquela primeira noite romana, no terraço, contemplando os aposentos pontifícios”. (…)

A partir do terraço, com os olhos levantados para os aposentos pontifícios, do aposento do Vigário de Cristo na terra, voltava com insistência, com teimosia , ao miolo da sua oração: Ecce nos reliquimus omnia… Essa noite de oração marcava o começo da fundação em Roma.