Santo Nome de Maria

A memória litúrgica do Santo Nome de Maria celebra-se habitualmente no dia 12 de setembro.

Esta memória litúrgica celebra-se habitualmente no dia 12 de setembro, sempre que não coincida com um domingo. Na imediata sequência da festa do Nascimento de Nossa Senhora (8 de setembro), leva-nos a invocá-l'A com a certeza de que é caminho para nos aproximar do seu Filho, Jesus. Pelas descrições evangélicas, especialmente a de S. Lucas, ficamos a saber o seu nome próprio: “O nome da virgem era Maria” (Lc 1, 27). Na cultura judaica, a imposição do nome tinha importância e a Bíblia relata alguns casos de intervenção direta de Deus para essa situação, tal como nos casos de João Batista e do próprio Jesus. Não havendo dados escriturísticos de que isso tenha acontecido com Maria, ao longo da História da Igreja alguns santos compararam a força do nome de Maria ao de Jesus, pelo seu poder de intercessão.

Historicamente, começou por ser uma festa concedida pela Igreja à localidade espanhola de Cuenca, posteriormente alargada a outras zonas e por último, a toda a Espanha. Veio a tornar-se universal por motivos bélicos: foi justamente nessa data que o rei polaco e grão-duque da Lituânia, Jan III Sobieski, em 1683, deteve o avanço turco sobre a Europa Central, na batalha de Viena. O Papa Inocêncio XI, pretendendo homenagear Maria, que fora invocada pelo rei, estendeu a festa a toda a Igreja.

Em meados do século passado, deixou de figurar no calendário litúrgico, por algumas sensibilidades a considerarem como uma duplicação da festa da Natividade. Da parte dos Papas, a devoção mariana foi sempre terna e filial. João Paulo II, conhecido como profundamente mariano, com o seu lema Totus tuus e também um grande patriota, conhecedor das vicissitudes do seu país, voltou a integrá-la em setembro. A isso não foi alheio também o facto de que o início deste século fosse marcado pelo atentado às Torres Gémeas. Logo no dia 12 de setembro de 2001, o Papa ofereceu a sua Missa por essa intenção e quatro dias depois, exprimiu-se deste modo:

«A Virgem infunda conforto e esperança também a quantos sofrem por causa do trágico atentado terrorista, que nos últimos dias feriu profundamente o amado povo americano. A todos os filhos dessa grande Nação dirijo, também agora, o meu sincero pensamento de participação. Maria acolha os defuntos, console os sobreviventes, sustenha as famílias particularmente provadas e ajude todos a não ceder à tentação do ódio e da violência, mas a empenhar-se no serviço da justiça e da paz. Maria Santíssima alimente, sobretudo nos jovens, elevados ideais humanos e espirituais, bem como a constância necessária para os realizar».

Bento XVI, passados seis anos, na Áustria, no santuário de Mariazell, disse:

«“Mostra-nos Jesus!”. Com este pedido à Mãe do Senhor pusemo-nos a caminho em direção a este lugar. Este mesmo pedido acompanhar-nos-á quando voltarmos à nossa vida quotidiana. E sabemos que Maria satisfaz a nossa oração: sim, em qualquer momento, quando olhamos para Maria, ela mostra-nos Jesus. Assim podemos encontrar o caminho justo, segui-la passo a passo, cheios de confiança jubilosa de que o caminho leva à luz na alegria do Amor eterno».

O Papa Francisco destacou a fidelidade de Maria, como caminho para Jesus:

«Inclusive entre os parentes de Jesus havia alguns que, numa certa altura, não compartilhavam o seu modo de viver e de pregar, como nos diz o Evangelho (cf. Mc 3, 20-21). Mas a sua Mãe seguiu-O sempre fielmente, mantendo fixo o olhar do seu Coração em Jesus, o Filho do Altíssimo, e sobre o seu mistério. E no final, graças à fé de Maria, os familiares de Jesus começaram a fazer parte da primeira comunidade cristã (cf. At 1, 14). Peçamos a Maria que nos ajude também a nós, a manter o olhar bem fixo em Jesus e a segui-lo sempre, mesmo quando for difícil».

Já numa perspetiva devocional, encontramos em Sto. Afonso Maria de Ligório, no livro "Glórias de Maria", a proposta de uma oração para invocar o Santo Nome de Maria:

«Grande Mãe de Deus e minha Mãe, ó Maria! É verdade que não sou digno de proferir o vosso nome; mas vós, que me tendes amor e desejais a minha salvação, concedei-me, apesar da minha indignidade, a graça de invocar sempre em meu socorro o vosso amantíssimo e poderosíssimo nome, pois é ele o auxílio de quem vive e a salvação de quem morre. Puríssima e dulcíssima Virgem Maria, fazei que seja o vosso nome, de hoje em diante, o alento da minha vida. Senhora, não tardeis a socorrer-me quando vos invocar, pois, em todas as tentações que me assaltarem, em todas as necessidades que me ocorrerem, não quero deixar de vos chamar em meu socorro, sempre repetindo: Maria! Maria! Assim espero fazer durante a vida; assim espero fazer, particularmente, na hora da morte, para ir, depois, eternamente louvar no céu o vosso querido nome, ó clemente, ó piedosa, ó doce Virgem Maria!».

Na liturgia atual, este dia é proposto como memória facultativa.


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