Conheceu o Opus Dei através de um familiar seu, primeiro participando em classes de catequese à noite e, mais tarde, em recoleções. Qual o seu interesse nas atividades do Opus Dei?
Achei que podiam ser valiosas.
O que tinham de valioso?
Aprofundei os meus conhecimentos sobre a fé católica e a formação teve um conteúdo muito rico, como eu nunca tinha encontrado antes.
Em criança, nunca aprendi a confessar-me, nem o verdadeiro significado dos sacramentos. Através da formação que recebi, o meu conhecimento cresceu, deixei de os considerar apenas como qualquer coisa de cultural e passei a uma realidade mais profunda e vivida que abracei a nível pessoal.
De que maneira o Opus Dei o ajudou?
Em primeiro lugar, deu-me oportunidade de recorrer à confissão. Esse é o sacramento para o perdão dos pecados e permitiu-me crescer, confrontar-me com os meus pecados e saber lidar com isso. E descobri um nível mais profundo na minha vida de oração. As meditações conduzem-nos e inspiram-nos sobre como rezar.
Diria que se tornou num tipo diferente de cristão?
Sim, mudei de “cristão cultural” para cristão praticante, alguém que vive a sua fé todos os dias.
Há seis anos que participa, todos os meses, nas recoleções ao fim do dia
Sim, a primeira recoleção a que fui foi em Utreque. Fez-me muito bem ficar sentado diante do sacrário e render-me ao silêncio, permitindo deixar-me ir em silêncio. Isso é uma coisa que nunca consigo fazer em casa e, talvez, nem mesmo durante a Missa, porque há sempre tantos estímulos vindos de outras pessoas e da música. Em silêncio, diante do Tabernáculo, posso rezar de forma diferente e ter uma conversa com Cristo.

Porque dedica tempo a refletir?
Porque preciso de dar um passo atrás e rezar. E também preciso de me confessar com frequência. Além disso, há uma palestra proferida por um leigo, onde se adquire um conhecimento sobre a fé que, de outro modo, não se teria. Há sempre tópicos especiais que me ajudam no meu dia a dia. Durante a palestra, aprendemos a identificar áreas em que podemos crescer. Claro que com algum esforço. E também o espírito de equipa: há outros, não se está nesta viagem sozinho. Estarmos ali juntos e sermos fiéis fortalece-nos a todos. É encorajante saber que há outros homens com a mesma paixão.
Que foi difícil para si?
Há uns anos, começámos com um grupo de jovens adultos, e eu soube, por outros, que eles, de início, acharam a duração difícil. Não é muito interativo. Por vezes, não se apanha tudo o que o sacerdote diz durante a meditação, mas não faz mal, porque também podemos rezar à nossa maneira, em silêncio, durante a meditação. Na maioria das vezes, compreendemos os pontos-chave que interessam.
Se tivesse de convidar alguém, que diria?
A falta de estímulos pode ser desafiante e não faz mal sentir esse desconforto. O tempo parece abrandar. Para mim, é muito importante ter qualquer coisa que me faça simplesmente dar um passo atrás. Em casa, pode ser difícil rezar em paz. Por isso, para mim a altura da recoleção é um presente que me ajuda a construir uma vida de oração melhor e a crescer como pessoa.
Como se sente quando vai para casa?
Muitas vezes pensamos: sinto-me recarregado. Mas, ao chegar a casa, rapidamente se regressa à realidade. Houve aquele momento de reflexão, mas, em casa, a disposição pode ser totalmente diferente.
Mesmo assim vale a pena?
Sim, acho que sim.
Também participou num retiro que é como uma recoleção alargada de cerca de três dias. Como foi?
O retiro foi semelhante a uma recoleção, mas mais intenso. Trouxe maior profundidade à minha vida de fé. Gostei especialmente das conversas com o sacerdote e achei as meditações inspiradoras. A certa altura, reparei que a quantidade de material se tornou esmagadora. Foi aí que tive de fazer um intervalo para fazer exercício físico, e então fiquei pronto para continuar.
Que diferença faz isso no seu dia a dia?
Passei a ver o meu trabalho de forma diferente. O trabalho assume uma dimensão mais profunda e podemos oferecê-lo, tomando consciência de que é também sacrifício.
E a vida familiar?
Também é isso, uma coisa que podemos oferecer a Deus. Tudo se pode oferecer a Deus. É o que Opus Dei quer dizer, a Obra de Deus.
Que deseja no futuro?
Quero que a minha família seja mais ativa e que irradie amor. Para os meus filhos, gostava muito que não fossem só meus filhos, mas também meus amigos. Quero estar totalmente presente para a minha mulher e filhos, partilhar 'hobbies' e criarmos belos momentos juntos.
Que significa para si o Opus Dei?
Que se pode oferecer o dia inteiro e que se pode levar Deus connosco para o trabalho e para os eventos diários, como amigo. Quando assim se faz, tudo se transforma em algo positivo, mesmo as coisas difíceis, porque são um presente para o Senhor.

