Que é o Triságio Angélico? Como se reza?

O Triságio Angélico é uma oração milenar da Igreja, que visa reproduzir a oração que os Anjos tributam a Deus Uno e Trino.

Link para a oração do Triságio Angélico

É uma oração milenar da Igreja, que visa reproduzir a oração que os Anjos tributam a Deus Uno e Trino. A designação Triságio deriva do grego Tris-agion, três vezes Santo, começando com o louvor “Santo Deus, Santo Forte, Santo Imortal”. No Antigo Testamento, o profeta Isaías, ao referir-se à sua vocação, transcreve a visão que teve de um grupo de serafins que clamam: «Santo, santo, santo, o Senhor do universo! Toda a terra está cheia da sua glória!» (Is 6, 3).

Com o aprofundamento doutrinal dos primeiros séculos do cristianismo, a doutrina sobre a Santíssima Trindade, apoiada nos textos bíblicos, foi ganhando forma com os contributos de grandes Padres da Igreja. Passando dos livros e das definições à piedade, a partir do Concílio de Calcedónia, em 451, muitos cristãos passaram a rezar esta oração de louvor, como preparação para a festa da Santíssima Trindade: na sexta-feira e sábado anteriores ao Santíssima Trindade e no próprio domingo. Inicialmente concebida para recorrer a Deus em tempos difíceis, veio a ser posteriormente enriquecida com indulgências anexas à sua recitação e sucessivamente incluída em muitos devocionários ou reimpressa isoladamente. Foi o Papa João XII que em 1134 fixou esta festa no calendário litúrgico de todo o Ocidente cristão, para ser celebrada no domingo que se segue ao Pentecostes.

S. Josemaria, na homilia Rumo à santidade, propõe-nos um modo vivo de nos aproximarmos deste mistério central da nossa fé: «O coração sente então a necessidade de distinguir e adorar cada uma das pessoas divinas. De certo modo, é uma descoberta que a alma faz na vida sobrenatural, como as de uma criancinha que vai abrindo os olhos à existência. E entretém-se amorosamente com o Pai e com o Filho e com o Espírito Santo; e submete-se facilmente à atividade do Paráclito vivificador, que se nos entrega sem o merecermos: os dons e as virtudes sobrenaturais!».

E o seu segundo sucessor à frente do Opus Dei, D. Javier Echevarría, referia num contexto em que conferia a ordenação sacerdotal a um bom grupo de membros da Obra, em 2009: «Há na Igreja muitas orações de louvor à Santíssima Trindade. Uma delas, mais conhecida por Triságio Angélico, repete umas palavras praticamente com períodos contínuos, que dizem: “Tibi laus, tibi gloria, tibi gratiarum actio in saecula sempiterna, oh Beata Trinitas”. A Ti, Trindade Beatíssima, todo o louvor, toda a glória, toda a ação de graças. Façamos sempre, e hoje de modo especial, este modo de nos dirigirmos à Trindade Beatíssima porque nos auxilia constantemente com a Sua providência corrente e extraordinária. Vivemos, respiramos, temos capacidade para trabalhar, capacidade para amar, precisamente por essa assistência, por essa proximidade de Deus Pai, de Deus Filho e de Deus Espírito Santo, Deus Uno e Trino. Um mistério para nós inabordável, mas que ao mesmo tempo, nos enche de tanto consolo porque nos sentimos filhas e filhos de Deus, irmãos de Jesus Cristo e seguidos pela ação santificadora do Espírito Santo».

Esta oração pode ser rezada ou cantada, por uma pessoa só ou, melhor ainda, em forma dialogada. Pode fazer parte de algum ato litúrgico, por exemplo, ser incluída numa Bênção com o Santíssimo Sacramento.