Nunca pensei que poderia amar incondicionalmente um homem. Acreditava no amor incondicional... mas apenas na forma como Deus ama a Humanidade.
O casamento sempre me pareceu distante. No entanto, em janeiro de 2016, durante o 51º Congresso Eucarístico Internacional, em Cebu, o testemunho de uma família toucou-me tão profundamente que abriu o meu coração para a possibilidade do casamento. Nesse dia, consagrei o meu futuro marido à Eucaristia, entregando todos os meus desejos a Deus. Confiei n’Ele a capacidade de me moldar na mulher que Ele quisesse. Em momentos de saudade e dúvida, encontrava a paz na adoração ao Santíssimo Sacramento.
Oito anos de espera prepararam-me para reconhecer e valorizar Evrard, quando finalmente chegou. Se tivesse aparecido antes, talvez não tivesse alcançado a profundidade dessa bênção.
O local de um sonho
Em agosto de 2016, sonhei que me casava numa igreja de estilo espanhol. Senti-o como uma mensagem de esperança, como o anjo que apareceu, em sonhos, a São José. Dois meses depois, visitei o Santuário de Santa Teresa de Ávila em Talisay, Cebu. O sítio que vi no meu sonho! Algo naquela igreja me fez voltar, uma e outra vez. Senti que era parte da minha história.
Anos mais tarde, quando Evrard e eu começámos a namorar, partilhei esta memória com ele. Sem hesitar, escolheu essa mesma igreja para o nosso casamento. O gesto foi discreto, mas profundo, confirmando que Deus conhecia verdadeiramente o meu coração.
A família primeiro: uma nova missão
Houve um tempo em que julguei que a minha carreira empresarial me realizava. Mas, mesmo quando me encontrava no topo, sentia que algo me faltava. O meu coração ansiava por mais – por família, fé, um propósito mais profundo.
Identifiquei uma nova missão: ajudar a nossa família a aproximar-se. Por circunstâncias da vida, os meus pais tinham vivido em sítios diferentes, desde 2008, embora continuassem a amar-se e fiéis ao seu compromisso. Percebi que era essencial a minha presença física, e não apenas o meu apoio financeiro. Deus estava a guiar-me no sentido de me afastar das minhas ambições profissionais e em direção a algo maior.
No início de 2022, recebi uma bolsa de estudo para um Mestrado em Casamento e Família, no Instituto João Paulo II, em Bacolod. Por volta dessa altura, o laço entre os meus pais ficou mais profundo, uma graça inesperada. O plano de Deus era muito mais bonito do que o que poderia alguma vez imaginar.
Em fevereiro de 2023, a nossa família estava novamente reunida em Bacolod. Até organizámos uma renovação dos votos para os nossos pais, um sonho antigo da minha mãe.
A mão de Nossa Senhora
No dia do meu 33.º aniversário, em Iloilo, um taxista sugeriu que pedisse um desejo a Nossa Senhora da Luz, cuja imagem ficava à entrada da Catedral. Rezei por um marido.
Três meses depois, em julho de 2023, conheci o Evrard.
Estava no Aeroporto Internacional Ninoy Aquino, em Manila, à espera do meu voo para o Dubai, na esplanada de um restaurante cheio de gente, a escrever no meu diário. Era um momento especial, estava a preparar-me para ser voluntária na Jornada Mundial da Juventude, em Lisboa.
Um homem alto e bem vestido, de rosto simpático e com um comportamento amável, chamou a minha atenção. Tinha acabado de sair do elevador e parecia estar a perguntar às pessoas à sua volta onde poderia almoçar. Continuei a escrever no meu diário.
Passado um tempo, perguntou se podia sentar-se à minha mesa. A forma como se aproximou e olhou para mim convenceu-me de que podia confiar nele. Evrard, descendente de congoleses de origem francesa, com nacionalidade britânica, a viver em Londres há mais de 20 anos, estava nas Filipinas a convite de um amigo.
Estou habituada a falar com estranhos e acabámos por ficar a conversar... durante seis horas.
Só mais tarde me dei conta de que até o café onde nos encontrámos (Mary Grace) era um discreto aceno do céu. Tinha o nome da Nossa Senhora de Guadalupe.

Tempo de Deus, graça de Deus.
Partilhávamos do amor pela missão. Ajudo na Arquidiocese de Cebu desde 2012, Evrard, supranumerário do Opus Dei, havia passado mais de uma década a dar formação a jovens.
Quando fui assaltada por um de um carteirista, em Espanha, na viagem a seguir à Jornada Mundial da Juventude, o apoio generoso de Evrard, à distância, mostrou-me a força do seu carácter. Esse incidente, mais do que quaisquer palavras que me disse, fez-me confiar profundamente nele. Acompanhou-me na minha jornada como voluntária. Foi uma forma bonita de começarmos a nossa amizade.
À medida que o casamento se aproximava, tive momentos de dúvida. Sentia que não merecia tamanho dom. Mas Deus lembrou-me da Sua fidelidade. O amor de Evrard trouxe-me paz, clareza e confiança, exatamente do que precisava para dizer o “sim”.
Um novo começo com o Opus Dei
O casamento foi o início de um novo capítulo.
Em 2024, terminámos o nosso Curso de Preparação para o Matrimónio e voltámos à Nossa Senhora da Luz, em Iloilo, para agradecer.
A 3 de dezembro, fui à minha primeira recoleção do Opus Dei, na Capela do bloco central de Ayala, onde, anos antes, tinha ajudado a lançar um grupo para jovens profissionais.
Antes do casamento, fui confessar-me, recebendo direção espiritual num centro do Opus Dei, em Cebu. A 24 de dezembro, tomei a decisão de me tornar cooperadora do Opus Dei. Foi o meu presente de aniversário para Jesus, às vésperas do Ano Jubilar.

A missão do casamento
A princípio, achei que casar com o Evrard fosse o destino. Mas apercebi-me de que é apenas o início.
O casamento não é apenas uma vocação pessoal. É uma missão partilhada. Sou chamada a amar e a servir através do meu marido e, juntos, somos chamados a trazer Cristo ao mundo.
A nossa história é o testemunho do tempo perfeito de Deus. A espera foi longa, mas cada passo foi necessário para nos trazer até aqui. Pela rendição, pela fé e pela graça, Deus juntou-nos... a Seu tempo, no Seu espaço, para a Sua missão.

