Desde miúda que praticava qualquer desporto que me propusessem. Divertia-me muito, corria para todos os lados, fazia de tudo, não podia estar quieta. Foi assim que comecei a jogar hóquei num clube. Era um entretenimento, uma brincadeira, divertia-me. Ia passar um bom bocado com as minhas amigas. Mas quando me dava a preguiça… não ia. Jogar hóquei num clube implica ter dois treinos por semana e um jogo aos sábados. Quando era pequena, não dava grande importância aos treinos. Ia com uma certa preguiça, não havia um compromisso.
Mas… à medida que se vai crescendo num desporto, vamo-nos entusiasmando mais e assim, sem querer, vamo-nos também comprometendo mais. É necessário um maior esforço para fazer as coisas. Por isso, o treino passa a ser a chave para os jogos: se não treinamos, não temos bom rendimento e não melhoramos.
Esta experiência vivi-a também na minha vida de convívio com Deus. Ao princípio, não me tinha ocorrido pensar: “Bom, posso aplicar o mesmo método para melhorar interiormente”. Mas, pessoalmente, vejo que aconteceu algo muito parecido. E que uma coisa ajudou a outra indirectamente, sem me aperceber.
Mudei de escola aos 14 anos, comecei o nono ano na nova escola. Fiz boas muito amigas, que me convidaram para ir a uns acampamentos solidários. A minha mãe também me animou a ir. Fui a dois; era uma brincadeira pegada. Divertia-me muito com as minhas amigas, ajudava quem necessitava, aprendia muitas coisas da vida cristã. Mas ficava-me por aí.
No primeiro acampamento a Clara, numerária do Opus Dei, convidou-me para ir a Montes Grandes, um centro para raparigas em Santo Isidro. Disse-lhe que não podia porque ficava longe de casa. Voltou a insistir no segundo acampamento e disse-lhe mais ou menos a mesma coisa. Um ano depois, a Agus, uma muito boa amiga da escola, sugeriu-me que fosse a “Montes” para ver o que achava e, vá-se lá saber porquê, dessa vez acedi.
Claro que gostei imenso, divertia-me muito com as minhas amigas e, de passagem (assim mesmo de passagem), formava-me. Mas claro, nessa altura não dava importância à formação, ia era para passar um bom bocado com as minhas amigas. Pouco a pouco, passou a ser a minha segunda casa...
Mas o que é que aconteceu? Fui crescendo e fui-me dando conta da importância da formação cristã e humana, de quão importante era para a minha vida e da importância de a pôr em prática. Isso é uma das coisas mais importantes que recebia e recebo de “Montes”: pôr em prática, fazer vida, a formação que recebo. Fui verificando que não é simplesmente teoria, mas o que ouço é para procurar vivê-lo.
Em conclusão, necessitava de “treino espiritual” para a vida interior. Da mesma forma que no hóquei me fui responsabilizando em fazer a sério o meu treino, em comprometer-me com a minha equipa para que no sábado jogue cada vez melhor; assim me aconteceu na vida interior, sem me aperceber, tanto na minha vida com no desporto. Em “Montes” descobri o sacramento da Confissão, a importância de fazer um tempo de oração todos os dias, de ir à Missa, de estudar mais a sério... Percebi que são estes os meios para poder viver a vida cristã que cada dia escolho viver.