Papa: "Cada um de nós é chamado à santidade, a uma santidade única e irrepetível"

O Papa Francisco canonizou dez novos santos durante a missa celebrada na manhã deste domingo (15/05), na Praça São Pedro.

Ver também: Exortação Apostólica "Alegrai-vos e exultai" do Papa Francisco

Dentre os novos santos estão o carmelita Tito Brandsma, Maria Rivier e Charles de Foucauld.

«Assim como Eu vos amei, amai-vos também vós uns aos outros». Com estas palavras Jesus diz aos seus discípulos o que significa ser cristão. «Este é o testamento que Cristo nos deixou, o critério fundamental para discernir se somos verdadeiramente seus discípulos ou não: o mandamento do amor», disse o Papa na sua homilia.

No centro está o amor incondicional e gratuito de Deus

A seguir, Francisco refletiu sobres os dois elementos essenciais deste mandamento: o amor de Jesus por nós, "assim como Eu vos amei", e o amor que Ele nos pede para viver, "amai-vos também vós uns aos outros".

Primeiro ponto: "Assim como Eu vos amei". «E como nos amou Jesus? – perguntou o Papa –. Até ao fim, até ao dom total de si mesmo», respondeu o Pontífice. Segundo o Papa, «causa impressão vê-l'O pronunciar estas palavras numa noite tenebrosa, enquanto se respira no Cenáculo um ambiente denso de comoção e turbamento: comoção, porque o Mestre está prestes a despedir-se dos seus discípulos; turbamento, porque anuncia que será precisamente um deles a traí-l'O». 

«Podemos imaginar a tristeza que havia no íntimo de Jesus, a escuridão que se adensava no coração dos apóstolos, a amargura vivida ao ver que Judas, depois de receber o bocado de pão ensopado para ele pelo Mestre, saía da sala para adentrar-se na noite da traição. É justamente na hora da traição que Jesus confirma o amor pelos seus. Com efeito, nas trevas e tempestades da vida, o essencial é isto: Deus nos ama», sublinhou Francisco.

"Não fomos nós que amamos a Deus, mas foi Ele mesmo que nos amou". Que este anúncio «seja sempre central na profissão da nossa fé e nas suas expressões», disse Francisco, acrescentando: «Nunca nos esqueçamos disto! No centro, não está a nossa capacidade nem os nossos méritos, mas o amor incondicional e gratuito de Deus, que não merecemos. No início do nosso ser cristão, não estão as doutrinas e as obras, mas a maravilha de descobrir que se é amado, antes de qualquer resposta nossa».

«Amar significa isto: servir e dar a vida. Servir, isto é, não colocar os próprios interesses em primeiro lugar; desintoxicar-se dos venenos da ganância e da preeminência; combater o cancro da indiferença e o caruncho da autorreferencialidade, partilhar os carismas e os dons que Deus nos concedeu».

Perguntando-nos o que fazemos de concreto pelos outros, vivamos as tarefas de cada dia em espírito de serviço, com amor e sem alarde, sem nada reivindicar.

«Primeiro servir, depois dar a vida – sublinhou o Papa –. Aqui não se trata só de oferecer aos outros qualquer coisa, alguns bens próprios, mas dar-se a si mesmo».

«Eu gosto de perguntar às pessoas que me pedem conselhos: "Diga-me, você dá esmola?" – "Sim, Padre, eu dou esmola aos pobres". "E quando você dá esmola, você toca na mão da pessoa, ou você atira a esmola? E ficam vermelhos: "Não, eu não toco." "Quando você dá esmola, você olha nos olhos da pessoa que você ajuda, ou você olha para o outro lado?" "Eu não olho". Tocar e olhar, tocar e olhar a carne de Cristo que sofre nos nossos irmãos e irmãs. Isso é muito importante. Dar a vida é isso. A santidade não se faz de alguns gestos heroicos, mas de muito amor diário».

O caminho da santidade não está fechado

Somos chamados a «servir o Evangelho e os irmãos», a oferecer a nossa vida «sem retribuição, sem buscar nenhuma glória mundana, mas escondido humildemente como Jesus».

«Os nossos companheiros de viagem, canonizados hoje, viveram assim a santidade: abraçando com entusiasmo a sua vocação, de sacerdote, de consagrada, de leigo, gastaram-se pelo Evangelho, descobriram uma alegria que não tem comparação e tornaram-se reflexos luminosos do Senhor na história. Este é um santo ou uma santa: um reflexo luminoso do Senhor na história».

«O caminho da santidade não está fechado. É universal, é um chamamento a todos nós. Começa com o Batismo, não está fechado. Tentemos fazê-lo também nós, porque cada um de nós é chamado à santidade, a uma santidade única e irrepetível. A santidade é sempre original, como dizia o Beato Carlos Acutis: Não existe santidade de fotocópia, a santidade é original, é a minha e a sua, de cada um de nós. É única e irrepetível. Sim, o Senhor tem um projeto de amor para cada um, tem um sonho para a sua vida, para a minha vida, para a vida de cada um de nós. O que você quer que eu lhe diga? Realiza-o com alegria».


Fonte: VaticanNews