Cardeal Parolin: «Ser pastor é assumir o estilo de vida de Jesus»

O Cardeal Pietro Parolin, Secretário de Estado da Santa Sé, ordenou na manhã de sábado, dia 5, 29 sacerdotes da prelatura do Opus Dei, na basílica de Santo Eugénio. Foi lida uma carta enviada pelo Papa Francisco.

Vídeo completo da cerimónia

No início da liturgia, foi lida uma carta do Santo Padre ao cardeal Parolin a felicitar os 29 sacerdotes e famílias, “de modo especial, os que, devido à emergência sanitária, não podem estar presentes na ordenação".

PAPA FRANCISCO: “LEVEM TODOS A CRISTO SOFREDOR E MISERICORDIOSO”

Na carta do Papa lê-se: "Peço aos novos sacerdotes que considerem, juntamente com a grandeza do dom do sacerdócio, o significado de recebê-lo precisamente nestes momentos de tanta dor no mundo, em que se torna especialmente palpável a presença de Cristo sofredor e misericordioso; uma presença que o Senhor quer que se realize através do seu ministério. Tal como os discípulos, experimentaremos que, com Ele a bordo, não se naufraga. Porque esta é a força de Deus: transformar em algo de bom tudo o que nos sucede, mesmo o que é mau”. O Santo Padre conclui pedindo aos novos sacerdotes que "pela sua união ao Papa tornem sempre realidade aquela aspiração de S. Josemaria: ‘Todos, com Pedro, a Jesus por Maria’".

O Papa Francisco envia também a “afetuosa felicitação ao querido Monsenhor Fernando Ocáriz, prelado do Opus Dei, com o meu desejo de que o Senhor continue a ajudá-lo a cumprir o seu serviço fiel e alegre à Prelatura e a toda a Igreja, de modo especial neste ano de preparação para o seu jubileu sacerdotal”.

CARD. PIETRO PAROLIN: “A IGREJA ACOMPANHA-VOS E AGRADECE O VOSSO SIM”

Ao longo da homilia, o cardeal Pietro Parolin foi glosando a figura do bom pastor, que inspira cada sacerdote a ser “fonte de vida, de misericórdia, de simplicidade”.

Lembrou que “ser pastor não consiste numa série de tarefas, mas sim em assumir um estilo de vida”. O pastor, por exemplo, “não vive onde gosta, mas onde é melhor para o rebanho”. O pastor “não é tanto quem guia los outros, mas sim quem compartilha a sua vida com as ovelhas”. A ideia do pastor “não se refere ao governo, mas à vida, e por isso Jesus caracteriza o bom pastor como aquele que dá a vida pelas ovelhas”.

“O ministério que assumis, queridos ordinandos, é uma questão de vida, não o esqueçais nunca”, disse o cardeal. Não sois chamados “a fazer coisas, mas a dar e a compartilhar a vida e assim podereis realizar plenamente a chamada a atuar ‘na pessoa de Cristo’”. Assim “podereis encarnar o ‘estilo de Jesus’. Porque, como escreve S. Josemaria Escrivá, o sacerdote —seja quem for— é sempre outro Cristo”.

Ser pastores hoje “significa ser testemunhos de misericórdia”. “Sei quanta importância dais na vossa vida ao sacramento da reconciliação e não posso senão exortar-vos a continuar a fazê-lo, para serdes dispensadores da graça e do perdão do Senhor: o mundo de hoje tem grande necessidade”. “Que as palavras da vossa pregação sejam palavras de vida (...): mais do que exortar, proclamai sempre a beleza da salvação; esta beleza atrai-nos para viver depois uma vida moral à altura da chamada”.

Outra característica do pastor -prosseguiu o cardeal-é a simplicidade, de que nos fala a santa que hoje se celebra no calendário litúrgico (Santa Teresa de Calcutá) que se consegue, entre outras coisas, “no silêncio da oração”. A simplicidade nasce da transparência da oração e manifesta-se em opções concretas como “levar uma vida ordenada, sem se deixar envolver em mil coisas, que poderiam pôr em risco a simplicidade de um coração dedicado plenamente ao Senhor”.

Por último, o cardeal referiu-se à necessidade de ter presente a missão de “levar a todos a voz do bom pastor, para que se sintam amados por Cristo”. Isto requer “não ser introvertidos , mas extrovertidos; não ansiosos de ter relevância, mas dar a conhecer Jesus”. Além disso, “requer conjugar caridade pastoral e uma sadia criatividade, fidelidade e flexibilidade, fé e coração disponível; ir à procura dos outros mais do que esperá-los; acolher e não rejeitar as interrogações mais complexas de hoje, especialmente as dos jovens”.

“A Igreja acompanha-vos, todos vos acompanhamos com a nossa oração; e a Igreja agradece o vosso sim, o oferecimento de toda a vossa vida”, acrescentou o cardeal Parolin.

MONS. FERNANDO OCÁRIZ, AOS PAIS: “OBRIGADO POR TERDES COLABORADO COM DEUS”

Ao concluir a cerimónia, o prelado do Opus Dei agradeceu a presença do cardeal Parolin, que justamente no dia anterior estivera no Líbano a transmitir a proximidade e solicitude do Papa: “A sua presença leva imediatamente à do Santo Padre Francisco, que envia a Bênção Apostólica aos novos sacerdotes, às suas famílias e a todos os presentes nesta celebração. Continuemos a apoiar o Papa e os seus colaboradores com a nossa oração”.

“Desejo transmitir, especialmente aos pais dos novos sacerdotes, umas palavras de agradecimento - acrescentou o Prelado-: obrigado por terdes colaborado com Deus para fazer germinar nos vossos filhos a vocação para o sacerdócio. Que Deus, também pela vossa oração, encha de fruto o ministério sacerdotal que os vossos filhos vão desempenhar de agora em diante, com a mediação materna de Santa Maria”.