O Papa lembra a sua viagem à Baviera

No seu discurso das Quartas-feiras, Bento XVI recordou a sua recente viagem à Alemanha. Tantas recordações do passado alentaram-no a olhar "para o futuro". Renovou também o seu desejo de fomentar o diálogo entre as religiões.

Como tinha anunciado no Angelus do Domingo anterior, Bento XVI dedicou a audiência geral de hoje a comentar a sua recente viagem à Baviera. A audiência teve lugar na Praça de São Pedro com uma assistência de mais de 40.000 pessoas.

O Papa afirmou que a viagem à sua terra natal representou não somente "um regresso ao passado, mas também uma ocasião providencial para olhar com esperança para o futuro" e recordou que o lema da sua visita apostólica "Quem crê nunca está só", queria ser "um convite para reflectir sobre a pertença de cada um dos baptizados à única Igreja de Cristo, dentro da qual não se está nunca só, mas em comunhão constante com Deus e com todos os irmãos".

Depois de recordar a etapa em Munique, em que foi arcebispo e a estadia no santuário mariano de Altötting, o Santo Padre referiu-se ao encontro com os estudantes e professores da Universidade de Ratisbona.

"Queria convidar ao diálogo da fé cristã com o mundo moderno e ao diálogo de todas as culturas e religiões".

"Elegi como tema – disse – a questão da relação entre fé e razão.  Para que o auditório compreendesse o carácter dramático e actual do argumento; citei algumas palavras de um diálogo cristão-islâmico do século XIV, onde o interlocutor cristão, o imperador bizantino Manuel II Paleólogo apresentava ao interlocutor islâmico, de forma incompreensivelmente brusca para nós, o problema da relação entre religião e violência".

"Lamentavelmente, esta citação deu lugar a um mal-entendido. De uma leitura atenta do meu texto, fica claro que não queria de forma alguma fazer minhas as palavras negativas pronunciadas pelo imperador medieval neste diálogo e que o seu conteúdo polémico nãoexpressa a minha convicção pessoal. A minha intenção era muito diferente:  partindo do que Manuel II afirma depois de forma muito positiva,  com palavras muito bonitas, acerca da racionalidade na transmissão da fé, queria explicar que a religião não vai unida à violência, mas à razão".

"O tema da minha conferência – explicou – (...) foi portanto, a relação entre fé e razão: queria convidar ao diálogo da fé cristã com o mundo moderno e ao diálogo de todas as culturas e religiões. Espero que em diversas ocasiões da minha visita, como por exemplo em Munique, onde sublinhei a importância de respeitar o que outros consideram sagrado, tenha deixado claro o meu respeito profundo pelas grandes religiões e em particular pelos muçulmanos, que "adoram um único Deus" e juntamente com os quais estamos comprometidos em defender e promover, para todos os seres humanos, a justiça social, os valores morais, a paz e a liberdade".

"Portanto, confio em que, depois das reacções do primeiro momento, as minhas palavras na Universidade de Ratisbona representem um impulso e um alento para um diálogo positivo, inclusivamente autocrítico, tanto entre as religiões, como entre a razão moderna e a fé dos cristãos".

Vatican Information Service (VIS)