Em Espanha: ser o pastor, a lavadeira ou a ovelha
Penso que o Natal é uma festa especial para a família, porque tenho sempre a impressão de que todos – o meu marido, os meus filhos e eu – nos aproximamos juntos do Senhor.
Como sempre, os filhos encarregam-se de fazer o presépio junto da árvore de Natal. Uma vez mais, discutem um pouco sobre o sítio onde devem colocar a estrela, ou se este pastor tem que estar deste ou daquele lado do rio, mas depressa cada figura ocupa o seu posto.
Depois imaginamos que estamos em Belém. Dizem-me que eu sou a estalajadeira e o meu marido é um soldado romano. A mais velha escolhe a figura da lavadeira; o rapaz, a do pastor e as mais pequenas, coitadas, convertem-nas em ovelhas.
Contei-lhes outra vez que naquela noite fazia frio, mas que a Virgem apertava muito o Menino contra o seu peito, enquanto são José fazia uma fogueira. E que a lavadeira tinha trazido roupa limpa para envolver Jesus e o pastor, um pouco de queijo para o faminto José. E que o soldado romano, naquela noite, era bom e a estalajadeira estava mais alegre que nunca. E que as ovelhas, pequenas e muito branquinhas, metiam o seu focinho no berço e a Virgem deixava-os fazer...
É assim que rezo com os meus filhos diante do presépio, seguindo, sem me aperceber, o conselho de S. Josemaria de nos fazermos uma personagem mais do Evangelho. Não importa se como estalajadeira, soldado romano, lavadeira, pastor ou ovelha, o que é preciso é acabar bem metido na gruta de Belém.
Elisa Guillén Pascual
Jaén (Espanha)
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No Cazaquistão: na Estepe, a estrela de Jesus
Cada Natal em Almaty (Cazaquistão) é um presente de Deus. Trabalha-se no dia 25 de Dezembro, mas praticamente todos os kazaquis sabem que nesse dia os católicos e protestantes celebram o nascimento de Jesus. Os amigos e conhecidos não católicos felicitam-nos e desejam que tenhamos um dia de alegria e de paz.
Na noite de 24 celebra-se solenemente a Missa do Galo na Catedral católica, a que preside o Bispo. Antes costuma haver uma representação do Natal. Já nalgum ano chegou mesmo a estar presente um camelo, meio de locomoção dos reis magos e que com frequência vemos nas estepes do nosso país. Recordo uma noite de Natal em que fazia tanto frio que o bafo que saía do nariz do camelo nos dificultava a visão de boa parte da Gruta.
Este ano, no Centro do Opus Dei de Almaty, vários amigos nossos muçulmanos ajudaram-nos a fazer o Presépio. Começámos há algum tempo, porque queremos que seja um Presépio de categoria. Um deles comentava: “Que sorte a vossa terem tradições tão bonitas”.
Fazemos com eles um tempo de oração a Deus. Também é habitual que alguns pais de amigos nossos e outras pessoas que não conhecem quase nada do catolicismo, nesse dia, venham connosco à Missa do Galo e saiam comovidos. No regresso, cantamos canções de Natal e comemos alguns pratos típicos.
É bonito comprovar que nestas pequenas povoações, em pleno coração da Ásia, onde apenas vivem umas dezenas de pessoas, também se celebra com esta Missa o Nascimento de Jesus. Assim mo dizia um sacerdote, no regresso da sua Missa do Galo: “Quem diria aqui há uns anos, que em lugares tão remotos como esta pequena aldeia, até há pouco sob o jugo comunista, no dia 25 de Dezembro ia brilhar a estrela de Jesus”.
Carlos Lahoz
Almaty (Kazaquistão)
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Na Índia: Canções de Natal em malayalam
Em Nova Deli, nestas festividades não há decorações de Natal nas ruas. Também não há presentes especiais, nem prendas de Natal nas lojas. Neste imenso país com mais e de mil milhões de habitantes, os cristãos são uma pequena minoria, apenas 3% da população.
No entanto, o dia 25 de Dezembro é um dia festivo em todo o país. As igrejas enchem-se para as missas e, além disso, inclusivamente muitas pessoas de outras religiões juntam-se a nós para ver os presépios e cantar canções de Natal nalguma das muitas línguas que se falam na Índia. É emocionante ouvir como as pessoas louvam o Menino e a Sua Mãe em hindu, malayalam, tamil, konkani, inglês, etc.
“Cada Natal há-de ser para nós um novo encontro especial com Deus, deixando que a Sua luz e a Sua graça entrem até ao mais fundo da nossa alma”. Estas palavras do fundador do Opus Dei ressoam no meu interior nestas festividade e procuro pô-las em prática nestes dias quando me encontro com as minhas amigas, ou quando estou em casa ou na paróquia.
Priya T. Xalxo
(Nova Deli)
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No Chile: Missa do Galo emfamília e dançascom os avós
“O Chile é um país com profundas raízes cristãs e o Natal torna-se presente em mil e um detalhes, desde os adornos das ruas, até ao presépio que cada família monta no seu lar. De facto a tradição do presépio, está cada vez mais viva e hoje é frequente encontrá-los em tamanho natural, em espaços públicos e em edifícios corporativos. Nalguns coloca-se o Menino logo no princípio, noutros, o Menino chega na Noite de Natal.
O Gregório – meu marido – e eu estamos casados há 16 anos, temos 8 filhos e estamos à espera do nono. Na nossa casa não pode faltar o presépio, que armamos em família, pedindo a cada filho uma tarefa concreta para tornar presente o espírito de Natal no lar.
Este ano, o cenário no interior da lareira, esteve a cargo do Júlio, com 12 anos. As figuras do Presépio foram um presente da minha mãe, que elegeu e pintou cada figura. Todos os natais, os filhos fazem bolachas, que depois cada um oferece aos padrinhos. Os mais pequenos colaboram emprestando como “molde” as suas mãozitas.
Celebramos o Natal na noite de 24, vamos à Santa Missa e depois encontramo-nos com os avós em casa, onde os miúdos fazem uma representação do Natal que inclui danças e canções. A directora artística do evento é a Florência, com 11 anos e os mais velhos tocam instrumentos de percussão e piano para celebrar o nascimento do Menino Jesus”.
Catalina Rasmussen
Santiago (Chile)